Sexo

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X


Mary




Eu estava ali acordada de tudo aquilo, com mais lembranças do que eu deveria ter, com mais coisas que eu deveria saber. De fato eu sabia que tudo era complicado, mas o que eu deveria fazer? Pular de uma ponte e continuar morta? Eu acordei ali, com uma filha que me amava, e conhecia Emma e ela estava bem, estava feliz, tinha duas garotinhas, eu não tinha direito de tirar isso dela, e isso para que? Voltar a ser uma lembrança? Eu nem sabia ao certo como tudo aconteceu. As últimas lembranças que eu tinha eram de Eny tentando não chorar em meu peito no quarto daquele hospital.

-Certeza que não sabe? - Ouvi a voz dela atrás de mim, e meu peito gelou, meu coração parou de bater. Eu reconheceria a voz de Cora em qualquer dimensão, em qualquer época.  E a dor de quando ela me deixou era outra coisa que nada seria capaz de apagar. Ninguém apagaria Cora da minha vida, infelizmente é real a história do amor da nossa vida, da tal alma gêmea, so havera uma na vida, mas nem sempre a gente fica com o amor da nossa vida, muitas vezes também o amor da nossa vida não é recíproco e ai vamos vivendo, guardamos aquele amor mal resolvido em um lugar escuro do peito e tentamos seguir nos apaixonando e nos jogando em altos saltos sem paraquedas.

-Que coragem você tem de vir aqui? - Perguntei sem nem me virar. - Ela não se lembra quem você é?

-Ela sabe exatamente quem sou, mas antes disso, ela percebeu que eu nunca fui completamente dela, e quando ficamos só eu e ela isso foi ficando cada vez mais nítido ate que eu sumi abandonei minhas filhas e fugi, porque eu não conseguia mais viver com tanta merda dentro de mim. Com tanta magoa e arrependimento. Eu fui uma idiota que encontrou o amor mais vezes na vida do que qualquer pessoa e desperdiçou. - Dei risada.

-Jura que apos todos esses anos, agora que estou viva novamente é para ouvir você falar dela?

-Eu amava Elsa, amava a companhia dela, mas de fato nos não nos conhecíamos o suficiente, e quando ficamos anos e anos juntas foi ficando claro muita coisa. Os meus pesadelos, meus sonhos, as noites em que eu dormindo falei sei nome. Elsa morria de ciúmes da memoria de alguém que já não existia há muitos séculos, você já havia deixado a terra a pelo menos um século, e eu não conseguia te esquecer, e mais ainda não conseguia esquecer que fui até aquele maldito hospital, e não me despedi de você, sua mulher não me deixou passar, não me deixou me despedir, e eu apenas dei as costas e fui embora. Com ela me dizendo que você nunca superou o que eu fiz com você, que eu fui seu maior desamor, aquilo me quebrou, e eu apenas disse a ela, que você foi meu maior amor, e que eu só queria que soubesse disso, e que te deixei para proteger você de quem eu era. - Eny sempre soube de tudo, sempre soube de Cora e do quanto eu amei aquele mulher, e do quanto perder ela me devastou, foram anos da amizade de Eny que me fizeram ter forças para ficar de pé.

-Me proteger, me proteger. - Dei risada ainda de costas para ela. - Sua proteção e amor me soam como ilusões. Não sei o que você tomou para vir até aqui me falar de amor ou qualquer sentimento Cora. Deveria ter me deixado enterrada, em suas memórias .

-Eu estou acordada nessa maldição, minha filha quis um recomeço e teve ele, tudo mudou, pessoas mortas voltaram, todos estão tendo suas segundas chances, eu acordei ao lado de Elsa, mas tanto eu quanto ela sabemos que não temos futuro juntas, ela assim como eu sabe que nos amamos, mas não o suficiente para dar certo. Sabemos que eu nunca vou amar nenhuma outra mulher como eu te amo, então eu pensei em te procurar, e desde que acordei tento te encontrar, e quando fui ao cemitério de Boston e não encontrei sua lapide, eu... - Me levantei e me virei e a interrompi.

-Teve a audácia de vir até aqui, na minha casa, sem saber que vida eu levo, e qual foi minha maldita segunda chance achando que você vai falar meia duzia de palavras bonitas, e que eu vou me derreter como a idiota que se derreteu por suas promessas de amor no passado, a idiota que largou o marido e fugiu com uma filha pequena nos bracos acreditando que você seria o porto seguro dela, que teriam uma vida feliz e longa e que você ajudaria ela com a garotinha e teriam um maldito final feliz? - bufei. - Achou que ao te ver eu ia reconsiderar toda magoa e dor que me causou?

-Eu sinto muito por toda a dor que te causei Mary. - Me aproximei dela e dei o tapa que eu esperei anos para dar.-Eu mereço isso.

-O que você merece nem eu mesma sei, mas eu não estou disposta a te ouvir nem mais um segundo, eu não quero isso pra minha vida outra vez, ouvir alguém dizer que me ama mais que tudo, e depois ela se esquecer dessa merda de amor e sumir. Não vou aguentar outra vez, ouvir que sou especial, que no mundo jamais teria outra igual, para depois em um estalar de dedos, ficar sozinha, destroçada.

-Eu poderia dizer que ela tem um talento em sumir. - Uma voz ao meu lado e me virei, era uma jovem loira, linda, absolutamente linda.

-Quem é você?

-O que importa é que, eu estava ouvindo toda essa conversa, e sabe ela sumiu, e me deixou e eu não tenho raiva dela, achei que talvez ela tivesse encontrado uma solução para a insonia dela, ou para não secar mais nenhum copo de whisky de madrugada escondida olhando a foto de uma mulher que eu não fazia ideia de quem era, até virar a foto. Mary Margaret Swan.

-Swan? - Cora questionou meu sobrenome. - Como eu não percebi, eu sou idiota.

-Mundo pequeno de fato, mas enfim, Cora nunca esqueceu você, chamava seu nome quando conseguia dormir, chorava feito uma criança em seus pesadelos, e quando ficava acordada bebia olhando sua foto, noite a pos noite, ate o dia em que perguntei quem você era, e ela sumiu, e hoje eu ouvi quem você é, mas eu ja sabia  quem você foi, pelas lembramcas de outra pessoa.

-Outra pessoa? - Perguntei sem. Entender.

-Sua filha, Emma, cruzou nossas vidas, salvou a minha para ser mais exata, se casou com a filha da Cora, teve dois filhos, e quando os perdeu Cora não estava lá e eu sustentei Emma, e vi Regina quase se matar ao ver a mulher amada sumindo, e foi onde aconteceu a ideia da segunda chance. E hoje ouvindo o que eu ouvi, entendi meu lugar no mundo, e eu só quero garantir que a segunda chance de todos seja real, eu nasci para estar aqui exatamente nesse momento, então sei que a Cora é uma idiota, mais ela te amou por cem anos, e sei que ela seria capaz de amar  por quantos anos o mundo ainda dor mundo. - A loira falou e sumiu. E Cora permanecia ali em pé, parada após o tapa, calada. Ela me encarava e eu tinha a certeza de que jamais ela revidaria. Eu me aproximei e ela me encarava, seus olhos completamente marejados e perdidos, sua pele, seu rosto.

-Você não envelheceu um só ano. - Falei olhando ela tentando conter minhas lágrimas. - É exatamente igual ao dia que te encontrei naquele lago. - ela tirou algo do bolso, uma pequena faca.

-Mas agora eu vou envelhecer, todos tiveram o que desejaram para sua segunda chance. - Ela cortou sua mão, e o sangue vermelho rapidamente pingou no chão, e ela gemeu de dor. - Sou totalmente humana agora. - Segurei sua mão, peguei um pequeno pano que havia ali e enrolei em sua mão.

-Cora, por favor quando eu acordar só promete que ainda vai estar aqui, e que não vai sumir outra vez. - Segurava sua mão firme, eu queria apenas checar que tudo aquilo não era um sonho.  Ela sorriu e me fez um carinho no rosto.

-Eu vou estar aqui com você, só que assim que eu te beijar, não vamos lembrar da Emma, ou de Regina, vamos lembrar da Elsa, da Eny, que terminamos, e voltamos mas não que eu era uma vampira e que aconteceu uma maldição. - Eu sabia que estava sujeita a tudo aquilo. - Sua ultima lembrança, vai ser de uma ex que apareceu em sua porta na noite passada e que voltaram.

-É suficiente para mim. - Beijei ela.
Me mexi na cama, uma forte dor de cabeça, eu acho que havia bebido demais com Cora, só me lembrava dela ter aparecido na porta, de termos conversado, bebidos e transado até apagar, tatiei a cama em busca do corpo dela e a abracei e voltei a dormir.



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