Enjaulada

51 13 38
                                    

Usando o saco de pancadas, Neji tentava ignorar Lee, que não parava de reclamar.

ー Vamos logo, me dê essa droga de chave!

ー Eu já disse que não! ー Respondeu, perdendo a paciência ー Você pode usar a biblioteca e os meus contatos nessa busca pela cura, mas ela continuará trancada.

ー Não pode deixá-la enjaulada como se fosse um animal!

ー Pois então observe. ー Retrucou, passando pelo amigo e saindo do dojô.

Mas não era exatamente aquilo que ela era? Um animal? Quanto mais cedo Lee enxergasse aquilo, mais cedo aquele circo acabaria.

Não existe uma cura.

Ambos sabiam disso. Lee só precisava aceitar de uma vez.

Passando pela sala, a caminho do seu quarto, um retrato de seu pai estava pendurado sobre a lareira.

Olhar para o rosto do pai, lembrar da noite em que o viu morrer... Ter TenTen sob aquele teto era como desrespeitar a memória dele.

Mas, ainda assim, era melhor tê-la ali do que a solta, podendo machucar alguém. Ao menos ali ele teria milhões de formas de neutralizar a ameaça.

Chegando no quarto, não muito diferente daquele em que sua nova “hóspede” estava, ele se sentou na escrivaninha e ligou notebook. Uma TenTen inquieta apareceu na tela.

Neji não confiava nela. Ficaria tento a todo e qualquer movimento dela.

E ficaria atento aos movimentos de Lee também.

Não conhecia a natureza da relação entre o amigo e aquela... Garota, mas o conhecia bem o bastante para saber que ele não descansaria até libertá-la.

(...)

Seria errado da parte dela dizer que estava contente por estar trancada naquele quarto?

Ao menos ali, não poderia machucar ninguém.

Claro, não ter nada a fazer além de olhar o próprio reflexo era entediante e, sendo tão hiperativa quanto era, acabara ficando um pouco inquieta. Mas não era nada com o que não pudesse lidar.

Imaginava que Lee estivesse movendo céus e terra para tirá-la de lá. Mas ela não queria sair. E também, Neji não permitiria. E ela era grata por isso.

Só esperava que aquilo não gerasse nenhum atrito entre eles. A última coisa que queria era ser a causa de uma briga entre caçadores.

Decidiu se deitar um pouco. Quem sabe ter alguns segundos de descanso.

Mas TenTen já devia saber, dormir nunca lhe traria descanso. Muito pelo contrário.

(...)

Neji só desviou os olhos da tela quando ouviu um som estranho vindo de si. Era seu estômago roncando. Por quanto tempo ficara ali? Bem, não sabia dizer. Mas sabia que estava com fome.

Deixando o cômodo, cruzou o corredor para chegar a escada, mas não antes de conferir se a porta do quarto de sua hóspede permanecia trancada. Neji sabia muito bem que existem mais de uma maneira de se abrir uma porta — e que seu determinado amigo conhecia cada uma delas.

Chegando na cozinha, viu que Lee já estava terminando de colocar a mesa.

Depois da noite que tiveram ー antes do incidente com TenTen, claro ー, olhar para a comida congelada e rāmen era, bem, desanimador.

ー Se TenTen não fosse uma prisioneira, teríamos algo decente para comer. ー O amigo alfinetou, como se soubesse exatamente o que ele estava pensando.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 23, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Blood MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora