intro

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Manhattan, New York

4 de abril de 2020

- Chegou uma carta pra você Juliet. - Cassandra disse sorrindo assim que pus os pés no bar-lanchonete do Jack.

Achei estranho entregarem uma carta onde eu trabalho, fazia pouco tempo que eu havia sido contratada, mas, não disse nada. Meu sorriso murchou ao ouvir as palavras de Cass, pois boa coisa eu tinha certeza que não era. Fui em direção ao balcão em que ela estava escorada com a mão em meu peito e o coração acelerado e peguei a correspondência de suas mãos.

Analisei o envelope branco em minha frente com a mão trêmula e a respiração pesada.

Para Juliet Grey.

De: Ian Armstrong

Eu fiquei paralisada raciocinando o que estava acontecendo. Meu coração parecia que iria sair pela boca e meus dedos formigavam, mas, eu não podia a abrir a carta ali, na frente de todo mundo. Eu não tinha coragem.

Eu não podia deixar que a minha pior versão transparecesse. Que a minha versão triste tomasse conta de mim na frente de qualquer pessoa que me visse todos os dias e que não fossem minhas amigas. Eu tinha de ser forte ou pelo menos fingir ser.

Encarei novamente o papel e eu tive a certeza que não seria uma surpresa romântica de meu namorado, ele não respondia minhas mensagens e ligações faziam dias. Eu não sabia o que havia acontecido, ele não era de se abrir muito mas sumir do nada...

Milhões de coisas se passaram em minha cabeça, então fechei meus olhos, respirei fundo e encarei meus colegas de trabalho em minha volta.

- Juliet, está tudo bem? - Cassandra perguntou.

- Está, eu só preciso de um minuto. - Respondi e saí porta afora.

Andei pela rua sem rumo. Pensando em como iria criar coragem de abrir aquela carta. Em como eu desejava que fosse apenas um par de ingressos para um Show ou para um jogo de baseball. Ian adorava ir a jogos, mas, não seria isso.

Perguntei aos pais de Ian o motivo dele não responder minhas ligações e deixar cair na caixa postal e eram sempre as mesmas respostas. Ele havia tirado um tempo para si. Eu não sabia o que pensar.

Um tempo para sí por minha causa? Eu estava envolvida nisso? Eu só desejava respostas. Motivos.

Meus pés faziam barulho na calçada molhada conforme eu andava e a cada passo parecia que eu me afundava mais em meus pensamentos. Eu não conseguia olhar para frente pois a minha visão ficava toda embaraçada e eu mal podia enxergar.

Meu estômago se embrulhava e fazia minha boca encher-se d'água que parecia que eu ia me afogar com a minha própria saliva. Eu estava sufocada e sem ar, eu precisava de ar.

Levei um susto ao ouvir uma buzina alta demais há alguns poucos metros longe de mim, eu estava no meio da rua e quase fui atropelada por um carro.

- Maluca! - Ouvi um homem de dentro do carro gritar.

Sim.

Eu só podia estar maluca e a realidade ser uma mentira. Na verdade, tudo deveria realmente ser uma mentira.

O vento gelado tocava em minha pele enquanto garoava me fazendo arrepiar. Esfreguei-me com uma de minhas mãos tentando me aquecer enquanto eu andava em direção ao Central Park.

enchanted • ashton irwinOnde histórias criam vida. Descubra agora