chapter four

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Manhattan, New York
Sexta-feira — 14 de agosto

Cinco aulas. Cinco aulas me sentindo desconfortável. Cinco aulas na semana com o mesmo pensamento. Cinco aulas dividindo a sala com Ashton Irwin.

A última vez que eu vi o loiro na semana, eu já estava aliviada. Já havia acostumado com a presença dele e era ainda mais fácil por ele se sentar do outro lado da parede. A única coisa que eu me perguntava era o motivo dele estar ali e não na Universidade de Nova York.

Ainda eram três horas da tarde, muitos na faculdade já haviam ido embora. Coloquei meus fones para refletir. Minha playlist "para chorar" tocava no ultimo volume. Acreditava que era o suficiente para por minha cabeça no lugar e começar a pensar nos propostas e trabalhos da próxima semana.

Luke e eu tínhamos projetos de estruturas para terça feira e eu precisava aprofundar minha pesquisa. Talvez se eu lesse algum livro relacionado á matéria eu podia ter uma ideia tão revolucionária quanto Frank Lloyd Wright.

Wright desenvolveu um papel essencial na Arquitetura dos Estados Unidos no século XX com a formação de sua sensibilidade. Uma de suas principais obras, a Casa da Cascata, como o próprio nome diz, foi construída em cima de uma pequena queda d'água com matérias experimentais e a natureza ao seu favor para constituir a composição arquitetônica. Ele era com certeza, uma de minhas maiores inspirações.

Passei na biblioteca e peguei três livros de projeção estrutural. Assinei uma ficha com a bibliotecária e saí dali. Estava decidida em ficar até o início de meu expediente estudando.

Elizabeth havia me mandando alguns vídeos do tiktok e eu não pude deixar de ver. Acabei ficando tão intertida que esbarrei em algumas pessoas. Pedi desculpas rápidas e segui meu caminho em direção as escadas.

Não sei como, meu celular voou de minha mão. Ele deu tantas voltas pelos degraus que seria impossível ele estar funcionando quando parou no penúltimo degrau. Devia ser a vida me pregando alguma lição para olhar direito por onde eu ando. Parei no meio da escada e olhei para cima torcendo para que meu celular ainda funcionasse.

Quando olhei para baixo novamente Ashton Irwin estava se agachando para pegar meu telefone. Naquela hora eu soube que sim, a vida estava de brincadeira com a minha cara. Eu não devo ter demonstrado reação alguma pois eu estava totalmente fora do ar. Nem Hermione Granger conseguia me despetrificar.

Eu estava totalmente paralisada. Não sabia o que dizer ou o que fazer. Acho que se eu abrisse a boca talvez eu me enrolasse tanto para dizer um obrigado que saisse totalmente igual ao Taz de Looney Tunes. Minha imaginação, novamente voou longe.

Eu podia pegar meu telefone e sair correndo. Talvez na segunda feira todos dessem risada de minha cara mas estaria tudo bem, pois teria me livrado dessa. Eu podia apenas sorrir, pegar meu celular e ir embora, sem dizer nada. Ou até mesmo deixar meu celular com o rapaz em minha frente e correr, afinal o telefone devia estar em pedaços.

— É seu? — Ashton disse como uma chave abrindo uma porta que despertou minha mente. Meu celular estava em sua mão apontado para mim.

Só consegui assentir. Sério Juliet? Isso é o melhor que você pode fazer? Repeti em minha mente tão rápido quanto a velocidade da luz.

Desci o resto dos degraus que faltavam e fiquei de frente para Irwin. Minha mão encostou na sua quando peguei meu celular. Suspirei e terminei de descer as escadas. Escutei Ashton subir e olhei para trás.

— Muito obrigada. — Falei finalmente, levantei o objeto em minhas mãos na altura do meu rosto.

Ele parou no patamar da escada segurando no corrimão, olhou em minha direção e sorriu. Eu senti minha alma sair de meu corpo e voltar. Ele sumiu de meu campo de visão e eu saí dali querendo me enterrar viva.

enchanted • ashton irwinOnde histórias criam vida. Descubra agora