Brincadeira

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Capítulo 2

França, Paris, Sweet Amoris, 2017

Acordar com batidas na sua porta não é legal.

Como se já não bastassem às dores de cabeça do dia anterior, adicionemos mais essa para a lista. Levantei resmungando e coloquei um pouco de água para Blanche e só depois abri a porta, dando de cara com um Nevra de mau-humor tanto quanto eu.

— Ele me fez dormir no sofá. – Praguejou algumas coisas em Russo que, se eu soubesse falar, aposto que seriam nada amigáveis – Sabe como eu preciso do meu sono da beleza?

— E eu preciso de férias. – Respirei fundo – Vamos mandar ele pra um hotel, sim? Ele já acordou e se preparou pra ir?

— Ele está dormindo feito um rinoceronte! – Gritou, explodindo – Sério, eu taquei um balde água nele. De água gelada. E ele não acordou!

Respirei fundo e entrei no apartamento do moreno, indo até o quarto e vendo o ruivo com a cara toda molhada, mas com o corpo jogado pela cama e parecendo estar no sono mais profundo de toda sua vida. Quanto tempo eu não durmo tão bem assim? Revirei os olhos com a cena e dei um soco na sua barriga, o que o fez abrir os olhos e tossir, me xingando de todos os palavrões existentes na terra.

— Não pode me acordar com beijinhos não?

— Não pode calar a boca e se arrumar não?

Castiel bufou e se levantou com a maior carranca do mundo. Ele estava irritado?! Não era ele quem levava uma empresa nas costas. Tudo que ele precisava fazer era entrar na maldita moto ou carro e sair correndo. Nossa, que complicado hein? Revirei os olhos e saí do apartamento, voltando para o meu e me preparando para o dia longo.

Cheguei à empresa uma hora depois, querendo tacar tudo pro ar e sair cantando como em um musical, feliz porque iria ter férias. Só em sonhos mesmo. Tudo que eu conseguiria eram olheiras maiores das que eu já estava. Talvez meu mau-humor elevado tenha vindo do sonho de ontem, eu sempre ficava assim quando tinha sonhos com o Proulx.

Pedi que Melody fosse ao ensaio fotográfico de Castiel, me avisasse qualquer coisa que desse errado e dirigi-me para a primeira reunião do dia, com os acionistas do Brasil. Comércios com a América do Sul geralmente era proveitosos e eu ficaria feliz se conseguisse fechar este.

Depois de duas horas sentado e conversando, saí para respirar um pouco. Entrei no elevador e encostei-me em uma de suas paredes, olhando para meu rosto no espelho. Eu estava acabado. As olheiras das noites mal dormidas somadas com o estresse definitivamente não estavam me fazendo bem.

Cheguei no andar do ensaio fotográfico e perguntei a mim mesmo o que eu estava fazendo lá. Falta do que fazer não era. Forma de relaxar? Nem pensar. Somente segui meus instintos e sentei numa cadeira ao lado do editor, que recebia as fotos e já começava a produção para retocar as imagens.

Olhei os fotógrafos afoitos para tirarem as fotos do corpo definido do ruivo. Confesso que ele estava mais bonito que antes. Os músculos definidos estavam lindos como sempre, e agora no corpo de um adulto... Respirei fundo e tentei desviar minha atenção, mas como sempre eu não consegui. Castiel fez uma tatuagem em seu braço esquerdo, a de um dragão segurando uma rosa com a boca.

As pétalas da rosa eram as únicas com cores em meio à tatuagem preta. Eram pétalas vermelhas e vibrantes, que davam um contraste surreal ao corpo daquele homem. Abaixei a cabeça torcendo para não ser uma referência ao meu nome. Eu não queria que fosse.

— Tragam o casaco de couro e a moto. – Ouvi um figurinista dizer – Vamos deixar ele com mais cara de bad boy. Vai ficar legal.

Bad boy. Lembro-me do estilo dele no ensino médio e confesso que não estava tão diferente de antes, tirando que agora ele tinha um piercing no lábio inferior e outros na orelha. Ele estava bonito. Lindo. Mas eu nunca falaria aquilo em voz alta para inflar o ego daquele traste.

The Rose and The DragonWhere stories live. Discover now