Nova presidente

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Ohana Lefundes point of view.

O transito no Rio nunca foi fácil.
Tinha a sensação que aquele lugar tinha mais carros do que habitantes.
Estávamos atrás de uma enorme fileira de carros onde pessoas estressadas buzinavam sem parar. Tínhamos exato 15 minutos para chegar ao escritório, hoje por algum motivo foi pedido para que chegássemos mais cedo.
Pelos últimos murmúrios ouvidos, uma nova gerência seria apresentada, eu dei graças a Deus por isso.
Ter que aguentar aquele velho babão como chefe era no mínimo insuportável.
É claro que não fazíamos ideia de quem ocuparia o lugar dele, mas não acreditava que poderia ser pior.

Nanda olhava atenta para qualquer vaga onde poderíamos avançar. Virgínia apenas lia seus relatórios no banco de trás.

- Que inferno que está isso aqui hoje – ouvi a voz de Nanda um tanto brava.

- Nanda, não fala esse nome, por favor – Virgínia a repreendeu me fazendo reprimir um riso pela cara que Nanda fez.

Conhecemos a Virgínia assim que passamos a trabalhar nas Indústrias Lopes.
Ela já ocupava um cargo de assistente no setor de publicidade.
Nos demos bem desde o primeiro dia, tanto que depois de alguns meses resolvemos alugar juntas um apartamento no Recreio.

Virgínia era uma garota do interior, extremamente religiosa, mas era um ser tão doce e compreensivo. Era como o juízo de nossa vidas. Ela sabia a segunda vida que eu levava, mas nunca falou nada, pelo contrário, ela sempre nos apoiou.

Depois de dez minutos paradas, conseguimos avançar alguns quarteirões graças à bela habilidade de Nanda no volante. Nos apressamos para entrar no prédio antes que alguém notasse nosso atraso. Todos estavam eufóricos e agoniados, a revelação da nova presidência era no mínimo polêmica.

- Impressão minha ou todo mundo está inquieto? – Virginia falou colocando suas coisas em cima de sua mesa.

- Não é impressão, Vi, todo mundo tá nervoso.

- Não sei porquê, quem vai aguentar a nova fera todos os dias vou ser eu – falei um tanto incomodada.

- É, Ohaninha... você foi a escolhida – Virgínia falou sorrindo. - Ouvi dizer que era uma mulher, um tanto quanto arrogante.

- Deus queira que não! Já basta ter aturado por anos esse velho babão.

- Céus, ele realmente é nojento! - Virgínia murmurou arrumando seu óculos de grau no rosto.

Conversamos por mais alguns instantes quando Bruno bateu no vidro da sala nos avisando.

- Meninas, está na hora! Vamos conhecer nossa nova mestre – ele falou rindo.

- Eu orei muito para que fosse alguém bom, Ohana – Virgínia falou com um sorriso tímido.
- Espero que Deus tenha te ouvido, Vi!

Caminhamos até a sala de reunião, onde o setor administrativo estava em peso. Todos cochichavam uns para com os outros. Aquilo era irritante. Trabalhar naquele lugar era como frequentar a selva todos os dias, já que as pessoas se engoliam e matavam, como animais, pelo poder.
Obviamente no sentido figurado da coisa.

- Odeio ficar junto com essas pessoas... o setor financeiro é insuportável... – Nanda revirou os olhos

- Ei! Eu sou do setor financeiro! – Bruno resmungou.

- Menos você, Bruno!– Falei sorrindo

Bruno Paiva era supervisor do setor financeiro do escritório. Desde o primeiro dia que entrei, recebo suas insistentes investidas, que por sinal, não são retribuídas. Eu nunca o tratei mal, pois ele não se atreveu a passar dos limites comigo, mas era no mínimo incomodo ter que despachá-lo tantas vezes.
Ele parecia não se importar, eu poderia até considerar a possibilidade de lhe dar uma chance quando eu achasse estar pronta para um envolvimento com alguém.

The Stripper - Ohanitta VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora