Capítulo 1

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O destino é um parente elegante do acaso.

-SOMBRA DO VENTO

Sexta-Feira, dia 29 de Maio de 2019

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Sexta-Feira, dia 29 de Maio de 2019

Havia poucas coisas que eu podia ser grata nessa vida, mas ter comprado aquele carro não era uma delas. A lata velha estava enguiçada no meio da rua, e se recusava a dar algum sinal de vida, a única coisa que consegui fazer foi estacioná-lo em uma vaga na calçada. Frustrada, bati a porta velha com força, me amaldiçoando mil vezes por não ter acordado mais cedo. O relógio marcava oito e meia da manhã, apenas vinte minutos antes da minha aula de administração na faculdade, e eu sabia que iria me atrasar mais uma vez.

Olhei para o Chevrolet 1990 com a pintura, que antes costumava ser branca, mas que agora estava mais para a cor de ferrugem e as janelas estavam em sua maioria emperradas enquanto o trancava.

Isso que dá acordar atrasada, falei para mim mesma enquanto sentia o calor do sol em minha cabeça e me afastava da armadilha mortal e me coloquei a correr em direção ao campus da universidade, rezando para que desse tempo de chegar na sala de aula. O suor escorria pela minha testa quando corria pelo campus da universidade em que eu estudava, que coincidentemente era uma das mais aclamadas de São Paulo.

Lutando contra o relógio, passei pelos portões antigos do instituto as pessoas que me olhavam curiosas enquanto passava por elas. Sabia que parecia uma louca desesperada, com o cabelo possivelmente todo bagunçado e as roupas amarrotadas, já que não tive tempo para escolher nada mais arrumado.

Eu decididamente deveria comprar um despertador melhor, pensei.

Só mais alguns metros... — Sussurrei como se fosse um mantra, tentando ignorar as pernas e os pulmões, que ansiavam por um minuto de descanso. Não podia me dar o luxo de parar para descansar, já que se eu me atrasasse de novo na aula do Sr. Romanov estaria reprovada e teria que tirar do meu bolso, que no caso estava vazio, para pagar a matéria no próximo semestre.

Só de pensar na ideia de ter que pedir mais dinheiro aos meus pais fazia meu estômago se revirar. Não é que eles não podiam pagar, mas é que eu não gostava de pedir. Sempre em toda a minha vida eles deram coisas para mim, e eu estava farta disso, eu já era uma adulta e podia arcar com minhas despesas! bem... podia, já que meu escritório fechou a dois meses atrás e agora estava sem emprego algum, vivendo do que sobrou de algumas economias que tinha feito, que já não eram muitas. 

Tentando colocar de lado esses pensamentos, notei que o prédio laranja escuro, onde eu tinha minhas aulas de administração, estava a apenas alguns passos de distância. 

— Glória a Deus — Falei estampando um sorriso no rosto. Parece que dessa vez vou chegar na hora pra variar. Mas o destino não estava do meu lado naquele dia, porque logo quando me encontrava na entrada do prédio, cai literalmente em cima de alguém. 

Querido DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora