A água do chuveiro tem um efeito entorpecente em meu corpo, todas as lembranças parecem ter voltado nos meus pesadelos hoje a noite, o frio da madrugada entrando na janela não ajudou em nada quanto ao meu corpo queimando sobre a cama clamando por ajuda e para que os meus pesadelos parassem de me perturbar.
Cinco anos após a revolução, o Distrito 12 conseguiu se reerguer parcialmente. Casas e hospitais foram construídos, as pessoas começaram a voltar para os seus lares, alegando que não conseguiriam viver em lugar algum se não fosse o 12, a sua casa, a sua origem.
No início eu não entendia muito bem, eu vivia em uma eterna arena na minha própria casa, mas dessa vez, sozinha e sem aliados.
Os pesadelos começaram a ser confusos, eu enxergava pessoas anônimas que gritavam por socorro e gritavam o meu nome. Pesadelos desconexos e lembranças fantasiosas começaram a fazer parte da minha rotina até ele aparecer.
Peeta sempre me representou esperança, com ele eu pude renascer várias vezes, e os pesadelos desconexos começaram a desaparecer, raramente voltando. É com ele que eu compartilho meus fantasmas e inseguranças, que eu compartilho o pão toda manhã, o mesmo pão que uma vez me trouxe esperança e salvou a minha vida, e é com ele que eu compartilho a minha cama, nas minhas piores noites de tormenta, é em Peeta em que eu me agarro e repito toda a minha vida, e seus lábios sempre estão lá para me fazer voltar a realidade, me puxando de volta para os seus braços que sempre me pertenceram.
Acordo dos meus pensamentos quando sinto seus braços gentilmente me abraçando por trás, sorrio me virando e encontrando seus olhos cansados, mas que sempre tinham aquele brilho que eu só encontrava nos olhos dele.
- Bom dia, meu amor - Toda vez que ele me chamava assim, parecia a primeira vez. Eu nunca me cansaria de ter o amor de Peeta.
- Bom dia amor, dormiu bem?
- Eu dormi, mas você pelo visto não... - Ele sempre percebia. Abaixo o olhar com o intuito de apenas não lhe contar nada, Peeta apesar de ter apresentado uma melhora nos últimos anos, sua mente ainda lhe prega peças, mesmo que raramente. Então, há momentos que eu prefiro guardar os meus pesadelos pra mim mesma, assim eu permito me esquecer mais rápido.
Ele levanta minha cabeça, plantando um beijo casto em meus lábios.
- É ela de novo?
- Não... dessa vez não, é aquela mulher desconhecida de novo, eu não sei exatamente o porque ela aparecer nos meus sonhos, como se fosse um fantasma vagando pelas minhas memórias - Peeta assente enquanto pega um shampoo e me vira pra passar em meus fios, fecho os olhos apreciando suas mãos tão delicadas em meu coro, ele me conta sobre a padaria e as novas receitas que ele tem preparado pra servir o 12, já virou rotina tomarmos banho juntos toda manhã enquanto ele me conta sobre sua rotina na padaria e eu na floresta.
O cheiro do shampoo de ervas e coco é inebriante, eu poderia viver assim até o resto da minha vida, com esse cheiro e o carinho de Peeta.
- Vai a floresta hoje?
- O dia parece estar bom pra caçar, pode ser que acho algo para o jantar
- Estava pensando em chamar Haymitch pra jantar conosco, faz um tempo que ele não aparece aqui e espero não o encontrar bêbado morrendo de fome, me sentirei culpado
- Você sabe que não pode ficar cuidando pra sempre daquele velho bêbado, ele sabe se cuidar - Peeta revira os olhos rindo, eu e Haymitch nos damos melhor do que antes, mas sempre que ele sumia Peeta parecia ser o seu pai e corria atrás do mesmo tentando fazer ele não morrer.
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The Ballad of Mockingjays
General FictionKatniss Everdeen e Lucy Gray Baird, vitoriosas que dividiram o mesmo sabor da manipulação e sentiram de perto o cheiro de rosas e o abuso de poder de Coriolanus Snow. Após anos depois da revolução, Katniss acredita estar com a sua vida entrando nos...