4ª parte - Mark

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   Já ouvi a pergunta "desde quando vocês se conhecem?" inúmeras vezes. A resposta é a mesma todas as vezes: desde sempre. Desde que consigo me lembrar, Mark sempre esteve comigo. Acho que ficam espantados por eu ser introvertida e ter um amigo tão rodeado de gente quanto Mark. Agora, ficam ainda mais espantados quando descobrem que temos algo a mais, além de só amizade. Chegamos num acordo de ter uma amizade colorida, já que ele não queria namorar. Eu concordei, mas não me impedia de sonhar, certo? É difícil ignorar os sentimentos que tenho por ele, mas consigo esconder quando estamos em público.
   Hoje não foi um bom dia, fiz uma prova que não caiu nem metade do que estudei, vi o Mark perto daquela menina de novo, fui ao dentista e ele me disse que ainda tenho que usar mais um mês de aparelho (mesmo tendo me prometendo que tiraria hoje) e, pra melhorar, tropecei e ralei o joelho. Definitivamente, não foi o meu dia. Pelo menos amanhã é sábado.
   Tinha acabado de fazer brigadeiro, gosto de comer quente, e coloquei a Where We Are Tour na televisão pra melhorar um pouco meu humor. Ouço o portão do prédio fazer um barulho esquisito, mas ignoro. Minha mãe já estava dormindo e meu cachorro também, por isso o volume da tv não podia estar muito alto. Também tenho que controlar a voz pra não acordar ninguém, mas, de repente, algo é lançado na minha janela e me assusta. Era tudo o que eu precisava agora, ser assaltada. Ou sequestrada.
   De novo, um barulho na janela e alguém chama meu nome baixinho. Ah pronto. Jesus me proteja. Me tremendo da cabeça aos pés ando até a janela e a abro, mas não coloco a cabeça pra fora.
   - Quem é?
   - Sou eu.
   - Qual é seu nome?
   - Sério? Não reconhece minha voz?
   - Responde a pergunta.
   - Mark.
   Suspiro aliviada por dois segundos antes de começar a sentir raiva.
   - Qual é o seu problema? Olha que horas são! Podia ter me ligado ao invés de quase ter me matado do coração.
   - Como você acha que as pessoas se falavam antes do telefone? Pela janela de casa!
   - Às uma da manhã?
   - Pode descer um instante?
   - Não.
   - Por favor, preciso conversar com você.
   - Tá, espera um pouco, vou botar o roupão.
   - Não precisa não. Quanto menos melhor.
   - Me respeita, rapaz.
   Vou até a porta do meu quarto e pego meu roupão, lá fora deve estar frio, mesmo que quando estou perto dele não sinta nenhum frio. Abro e fecho a porta fazendo o mínimo de barulho possível, desço as escadas e lá está ele.
   - Cheguei.
   - Podemos sentar ali?
   Ele aponta para o banco que tem no meu prédio e nos sentamos virados um para o outro.
   - O que não podia esperar até amanhã pra me dizer?
   - Vamos direito ao ponto então? Ok. Acho que hoje você me viu perto da...
   - Não diz o nome dela, obrigada. -digo, o interrompendo e o fazendo rir.
   - Sei que não gosta muito dela.
   - E continua ficando com ela, olha sinceramente.
   - Então, é sobre isso. 
  Ele fica em silêncio por alguns instantes. 
   - Você tá pra me matar hoje né? Fala de uma vez.
   - Eu to tentando achar as palavras certas, me dá um minuto.
   - São uma da manhã, aqui tá frio, fala o que vier na sua cabeça.
   - Tudo bem. Você me viu com ela hoje porque eu fui dizer pra ela que não ia mais rolar nada entre a gente.
   - A gente quem?
   - Eu e ela.
   - Que susto. Tudo bem, continua.
   - Sabe o porquê disso?
   - Não?
   - Você não reparou em nada ultimamente? Em relação a mim?
   - Você cortou o cabelo? Trocou de mochila? Comprou um casaco novo?
   - Não, não. Acho que não deixei claro o suficiente.
   Mark chega mais perto e segura uma das minhas mãos.
   - Você sabe que eu não sou bom em falar dessas coisas de sentimento, não sabe?
   - Sei...
   - Então eu só vou deixar sair.
   Ele parece tão fofo agora, tão nervoso.  Acho que devia estar preocupada com o que vai vir a seguir, mas só consigo prestar atenção na boca dele se mexendo.
   - Eu sei que a gente combinou de não sentir nada, só seguir e ver onde dava, mas eu não quero mais.
   Meu coração para de bater, sinto meu sangue ficar frio e meu rosto empalidecer. Não posso começar a chorar agora, então engulo a seco e continuo encarando seus olhos.
   - A gente não ia ter nada pra não estragar a amizade, mas eu não consigo mais fazer isso.
   Sinto as lágrimas se formando no canto dos meus olhos, então pisco mais rápido para não deixar nenhuma cair.
   - Eu... eu... eu quero mais.
   Minha expressão metade confusa e metade muito confusa o faz soltar um riso.
   - Mesmo se estragar nossa amizade, eu quero tentar com você, porque eu percebi que você sempre esteve comigo quando eu precisei. Toda a minha família te conhece e te ama. E eu não sou diferente. O que você diz?
   - Não entendi direito. O que...
   - Você quer tentar dar um passo a mais comigo? Se der errado a gente para e vê o que faz. Eu não sou muito de rotular as coisas, mas esse título eu quero. Me daria a honra de ser chamado de seu namorado?
   - Você tá brincando comigo? É uma pegadinha? Você escondeu câmera aqui? Ela tá por trás disso também?
   - Não, é sério. Eu tenho tentado te falar isso tem um tempo, mas nunca tive coragem.
   - Aí hoje de madrugada a coragem apareceu?
   - É.
   - Fala sério. Demorou bastante pra você se tocar que a Taylor escrever You Belong With Me em minha homenagem.
   - Isso é um sim?
   - É claro que é um sim! Mas você podia ter me ligado antes.
   - Não teria graça.
   Em questão de horas meu dia saiu do péssimo pro excelente. Só ele consegue fazer isso comigo.
  

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⏰ Última atualização: Aug 05, 2020 ⏰

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