Diferente.

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Ser um garoto que pulou o ensino médio devido ao suas dificuldades de interagir e que resolveu finalizar as coisas com o supletivo para não ter um histórico tão sujo, mas que no final das contas ainda era sustentado por pessoas ricas, era fácil. Ou melhor, ter pais famosos ricos e fazer o típico "filho estranho, fora dos padrões os mais velhos desejam" é a definição perfeita. Não dava trabalhos infligindo leis ou aproveitando da minha hierarquia, sempre foi carregando o nome deles na minhas costas, pisando nas pontas dos pés e que apenas de pisar em uma folha seca iriam ter notícias sensacionalistas prejudicando a imagem endeusada dos santos no pais.
Me chamo Vincentius Bremgartner Lee, meus amigos dizem que esse nome parece um feitiço por não ser comum e carregar apenas o sobrenome coreano, prefiro ser chamado de Vincent. Não acho necessário citar os problemas que sofro pois quero evitar comentários sobre ser um adolescente com tudo nas mãos e que não há motivos para sofrer de ansiedade ou depressão, aliás, não é só sobre mim que quero conta-los sobre, mas para finalizar com o resumo dessa biografia, sou filho único de Hyunbin Lee, criador de jogos virtuais e admirado pelo país por seu carisma e a mulher incrível que tem, Chloé Bremgartner Son, dona de uma empresa de cosméticos a qual trouxe as qualidades da Suíça e dona da personalidade cativante para programas de variedades e beleza.
As coisas começaram a andar — ou desandar — no dia em que iria viajar para Seul e passar a Sexta até a Segunda do meu aniversario juntos dos meus amigos, era o básico e que adolescente e adultos não brigassem, bebida das mais simples como cerveja para algo mais sofisticado como Whisky, drogas e camisinha porque pior que morrer de overdose, seria ter algum tipo de DST ou até mesmo um filho.

— Vou passar o fim de semana em Seul, mas volto pra comemorarmos juntos o meu aniversário — comentei abrindo a porta do escritório dos meus pais segurando minha mala.

— Vai ficar com quem durante esse tempo? — perguntou meu pai sem tirar o olho do computador.

— O Wonjae tá organizando uma festinha, e pro--

— Já não disse pra se afastar desse garoto? — minha mãe cortou minha fala virando sua cadeira começando com a ladainha— A áurea que ele traz não é boa..

— E provavelmente, Haon, KangSeok e eu vamos dividir o quarto de hotel. Ficaremos uma boa parte do tempo juntos.

— Ah, então tudo bem, gosto dos dois. — esboçou seu sorriso falso e interesseiro, seus braços abertos me chamando — Vem aqui, me da um beijo de despedida e se cuida, não exagere muito na bebida só porque está se tornando maior de idade, hm? — mal sabia ela o quanto enchi o meu cu de álcool nas saídas com os meninos.

Depois de me despedir dos meus pais, peguei a minha mochila preta com meus pertences necessários para os três dias distantes, substitui as pantufas casuais por meu par de vans pretos desgastados e pedi para que os motoristas me levassem até a estação de metrô da cidade vizinha, Bucheon onde os meninos estavam me esperando. Por mais classe media alta que éramos, precisávamos atuar como "filhos rebeldes que sabem se virar sozinho, mas tudo com o cartão dos pais", nós alto titulávamos como 'a decepção', nenhum dos três estavam afim de seguir com a porra dos negócios dos adultos, porem sabíamos como cuidar do próprio nariz. Os pais do Haon começaram com um barzinho e depois de anos conquistaram a rede alimentícia e abriram uma empresa em Mokpo e que estava expandindo pelo país, enquanto Kangseok era filho de um ator com grandes filmes e seriados registrados.

— Cadê o violão? — perguntou Haon assim que me aproximei deles — Porra cara, não aguento mais. Como pretende conquistar as garotas na festa sem a merda do violão?

— E por um acaso vamos parar o DJ no meio da balada e falar: "Moço, é meu aniversário, então eu gostaria de cantar um acústico para vocês"? Para de ser estupido. — Respondi fazendo caretas.

— Não seja estupido. Vamos ficar plantados do seu lado no domingo de tarde até meia noite. — Kangseok interrompeu empurrando a gente em direção a linha.

— O que?

— Hoje nós vamos 'baladar', sábado vamos 'baladar' e domingo vamos virar ao seu lado por que vamos estar de ressaca. Wonjae não te contou essa parte do plano? — Haon se virou outra vez em minha direção com sua expressão de cachorrinho surpreso e colocou as mãos sobre a própria boca — Era surpresa. Fodemos com tudo.

— Que surpresa meia boca — disse seco prestando atenção nos metros que passavam nos trilhos a nossa frente.

— Repita as mesmas palavras na frente dele. Ele estava todo bobo no telefone explicando o plano. Seu ingrato! — o loiro levantou sua mão para me dar um tapa e como um ato de comedia, o impedi com um highfive.

— Chegou! — Kangseok entrou entre nós dois empurrando-nos outra vez para dentro do vagão.

Como éramos em três e os trens costumam ter apenas dois assentos, comprávamos as passagens próximas e sorteávamos quem iria sentar ao lado de um estranho. Naquele dia o sortudo era Kang, sentou ao lado de uma senhorinha simpática que conversou com ele durante uma boa parte da viagem, dividiu do seu ovo cozido e tirou fotos nossas, tremidas, mas estávamos tão encantado com a personalidade que chegamos a chorar de saudades das nossas.
Quando chegamos na cidade de Seul, seguimos direto para o hotel qual Wonjae reservou exclusivamente para nós três, apenas jogamos nossas mochilas lá e saímos para o centro da cidade aproveitar um pouco do seu ar poluído com uma pitadinha de capitalismo até a hora que de festejar. A tarde passa voando quando estamos acompanhados dos amigos, estávamos tão alegres pela cidade, aproveitando sem a preocupação dos nossos pais por perto, haviam aqueles que nos reconheciam e fotos tiradas por stalkers nossos estavam espalhadas pela internet, mas já era de noite quando paramos para olhar a respeito, saber se não havia nada sensacionalista com "três garotos andando pela cidade pegando bichos de pelúcias de maquinas de roupa suja de molho em um aquário", e como queríamos ajuda-los, publicamos algumas de durante o rolê.

"Omo¹, Haon-oppa² é tão fofo!" — lia alguns comentários com a voz fina debochando dos comentários da foto — "... Kangseok-oppa, casa comigo?" Como posso explicar para essas garotas que vocês namoram comigo?

— Não fique com ciúmes meu amor? Só tenho olhos para você — um Haon apenas de toalha se aproxima e me rouba um selinho rindo, coisa de amigos, tem que ser muito descontruído para essas coisas.

— Sem essas coisas na minha frente ou eu vou ficar com ciúmes... — Kang se aproximou de nos rindo e deu um tapa na bunda do loiro grudado em mim — Vão se arrumar logo, quando mais cedo chegarmos, as melhores musicas dançamos.

Quando chegamos no endereço da balada, a primeira pessoa que vimos era Wonjae e seu casaco de couro fumando seu cigarro, quando nos avistou, abriu um sorriso jogando a bituca no chão aproximando-se de mim e abriu os braços ao qual corri rodeando os meus pelo o seu corpo, fechei os meus olhos aproveitando a sensação de estar nos braços de um irmão mais velho, que estava dando o seu máximo para me agradar. Não contei muito sobre ele, porem Woo Wonjae também foi um dos personagens principais da minha vida, sempre está me fazendo experimentar coisas novas, a viver de um jeito diferente e não desistir por não ter descoberto qual o meu real objetivo, ele sempre repetia que mesmo morto ficaria ao meu lado até o meu ultimo suspiro. Pra mim, poder sentir novamente aquele abraço de irmão urso, o cheiro de cigarro e perfume barato, escutar aquela voz grave me acalmava das crises. Mamãe julgou-o a primeira vista pelas tatuagens e cara séria, porem nunca chegou a dar uma chance real a ele, ainda mais porque Woo não era de uma família de classe media e muito menos alta, era um cara simples e que podia aproveitar o prazer sem se preocupar com as notícias.

Aquela cena melosa não passou da porta, logo estávamos os quatros junto de outros amigos misturados com desconhecidos e gringos, virando o copo, brincando e dançando no palco. A minha visão estava começando a ficar turva, a luz psicodélica não me ajudava de nada e não iria parar por ai, a meta para a primeira noite era de desmaiar no chão e acordar em algum lugar, de preferencia com os meus rins, mas o meu plano começou a dar errado quando avistei uma garota em especifico, a qual o holofote mais brilhante da balada foi reservada apenas a ela, tudo nela era incrível, desde aqueles cachos armados, o brilho de sua melanina que disputava com a iluminação ao soco no rosto de um homem desconhecido... Calma, soco??


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