Aquario.

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De fato, Day parecia interessada em se aproximar da mesma forma que eu estava, enquanto comíamos nossa comida, conversávamos livremente sobre nossos sonhos, ora outra desviávamos para os nossos amigos, estilo de musica e as culturas diferentes, mas ao mesmo tempo semelhantes em vários aspectos, principalmente nas leis e a maior parte estava perdidamente enamorado com aquelas palavras simples, porém sabias ao meu ver.

— Infelizmente não há um pais "Eles não se importam com a cor da minha pele, meu gênero, estilo ou o que carrego no bolso", todos criaram uma visão estereotipada disso e daquilo, ainda continuam ansiando por tomar tudo pra eles..

— Woah... — sussurrei batendo palmas

— Eu falei muito, não foi? — perguntou-me envergonhada — Meus amigos tem razão, devo parar de "militar" por tudo.

— Não! Tá tudo bem! Faz um bom tempo desde o meu ultimo debate sobre isso... Talvez tenha sido no colégio... — parei por um minuto, mas logo dei de ombros — Muito obrigado pelas palavras e comida, agora é minha vez de lhe explicar como a minha mente funciona.

— Mau posso esperar!

Day abriu um sorriso enorme me arrancando outro suspiro bobo e se levantou da mesa seguindo em direção ao caixa para pagar a comida. Havia insistido até o último momento para pagar por me soava o correto, contudo ela cortou minha fala dizendo que assim garantíamos um outro encontro.
Como nenhum possuía carteira, precisamos optar pelo transporte mais barato, o "buzão" — gíria brasileira que a própria havia me ensinado. Sentamos em nos últimos bancos, ela próximo a janela e eu logo ao seu lado, assim podíamos apontas os defeitos da cidade. Claudia estava morando na Coreia por quatro anos e o único lugar que conhecia bem era o centro de Seul, me sentia no dever de apresenta-la cada lugar do pais, principalmente as nossas praias incríveis, inclusive, aquele momento foi perfeito para convida-la para o "encontrinho" de adolescentes no Rio Han de domingo e a segunda parte da baladinha daquela noite, ela havia aceitado o convite e mencionou sobre os seus amigos que haviam me aprovado para um possível namorado. Ao saber isso, meu nariz cresceu fazendo-me sentir pressionado para surpreende-la até ser contratado no cargo.
Chegando no aquário, segurei em sua mão com a desculpa de que lá dentro era escuro e poderíamos nos perder, Day não pareceu se importar com ela e apenas entrelaçou nossos dedos. Caminhamos lado a lado por aqueles corredores gelados assistindo os animais marítimos nadando de um lado para o outro no aquário, escutando as crianças gritarem surpresas e os adolescentes/adultos tirando fotos.

— Eu sou contra a ideia de animais presos, mas é tão lindo poder sentir que estamos no mar — a cacheada abriu os seus braços caminhando a minha frente.

— Aqui eles não são obrigados a fazerem truques ou proibidos de seguir os seus instintos animais — comentei assistindo-a com um sorriso mínimo estampado — Não apoio esse tipo de maus tratos.

— Você é incrível! — parou os seus giros olhando-me expondo todos os seus dentes — Me deixe tirar uma foto sua.

Tirou o seu celular às pressas do bolso da calça, empurrou-me para mais próximo do vidro e apontou a câmera em minha direção. Envergonhado para pousar, apenas fiz 'V' com os dedos próximos a minha bochecha, ela ainda tinha um sorriso enorme e ria enquanto mudava de ângulo para tirar as fotos. Depois de trezentos cliques, aproximou-se de mim agora com a câmera frontal apontando para ambos, ficou nas pontas dos pés devido a nossa pequena diferença de altura. Ainda estava envergonhado, tendo a sua companhia a maçã do rosto esquentou, porem graças a má iluminação do ambiente era impercebível. Tomei um pouco de coragem e passei o meu braço ao redor dos ombros curtos alheios, encolhi os joelhos para que a cacheada não tivesse tanto trabalho em me alcançar e aproximei mais os nossos rostos, nossas bochechas ficaram a um fio distantes, podia sentir a sua fragrância única, não era frutífero adocicado de cereja e nem um amadeirado baunilha, mas uma mistura estranha de torradas com rosas vermelhas, eu não sei, só sentindo pessoalmente para ter uma descrição exata.

— Vamos, preciso te mostrar o segredo de eu gostar tanto desse lugar que as vezes fujo pra cá — sussurrei próximo ao seu ouvido largando os ombros e segurando as mãos pequenas de da cacheada.

— Não me conte sobre se sentir como um tubarão...? — perguntou-me em um tom zombado.

— Eles chegam a ser parentes, mas elas são fascinantes quanto eles — respondi puxando-a pelo braço — Eu considero as arraias inofensivas, do tipo que só atacam quando se sentem ameaçadas, preguiçosas e espertas por evitar lugares agitados e que podem se adaptar-se facilmente.

— Elas também possuem um gosto ótimo! — essa foi a conclusão dela enquanto ria divertida — Mas não se preocupe bebê manta! Não irei te comer, só irei prejudicar aqueles que podem te afetar — assim que paramos, Day tocou os meus fios de cabelo fazendo uma breve acaricia após a fala assustadora e a qual me arrancou um riso divertido.

— Olha pra frente, idiota — apontei para o vidro sorrindo ao ver a primeira arraia do dia nadando e nos cumprimentando alegremente.

— Idiota? Ya!!

Quando ela estava a ponto de desferir um soco bem dado em meu rosto, segurei em seus ombros fazendo-a virar em direção ao aquário, soltou um "Woah" vendo-os nadar enquanto mais apareciam próximo ao vidro junto a outros peixinhos. Na minha cabeça, eles sabiam quando chegava e resolviam ir me cumprimentar e, naquele dia, pareciam mais animados ao me ver ao lado de uma garota que além do sorriso enorme exposto, os olhinhos brilhavam impressionada com os belos nados sincronizados.
Peguei os AirPods no bolso traseiro da calça e conectei ao bluetooth colocando para tocar as três horas do som do mar, com cuidado, ajeitei os cachos da garota com cuidado para trás e ajeitei os fones em sua orelha. Parado a sua frente, olhei os seus lábios que tinham um pequeno sorriso enquanto a minha boca salivava de vontade para beija-los naquele momento, meu coração estava acelerado, mas o coração não havia dominado tudo ao ponto de dar um impulso para tal ato, o cérebro racional fez me voltar aos sentidos e esquecer dessa proeza. Engoli seco respirando fundo e frustrado, foquei apenas nos bebês nadando pelo aquário.

— Obrigada por estar dividindo isso comigo... — Day disse em um tom baixo abraçando o meu braço e deitando sua cabeça sobre o mesmo ouvindo.

Passamos um bom tempo de pé encarando-os nadar, com sabe-se lá em nossas cabeças, apenas de ter a companhia um do outro compensava qualquer conversa fútil.
O sol estava em seus últimos segundos quando resolvemos ir embora, se tornava uma noite de sábado quente e intensa, a noite que não saiu de minha mente até o momento de transferi-la para o papel. Posso não recordar dos cheiros, numero das placas, o gosto da sopa, contudo, saber que tive alguém como Daya ao meu lado era o suficiente para fazer dela uma noite inesquecível.



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