seis

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    Aquele poderia ter sido só mais um dia mas não havia sido, talvez tivesse sido o dia que mudou a minha vida completamente, o dia em que me meti na maior roubada de toda a minha vida.

Era um dia agitado, muita coisa para fazer e vários clientes para atender. Mas de repente tudo se acalmou, eu até mesmo me dei o luxo de parar em um canto e ficar olhando para o nada, esperando alguma alma viva aparecer.

E foi então que a alma viva apareceu, acompanhada de uma garota.

Ele ainda era o mesmo, bonito e cheiroso como sempre foi e era claro que eu ficava nervosa. Hesitando em ir até lá oferecer a minha ajuda, enquanto ele encarava os tonalizantes coloridos.

    Ele ficou lá por um tempo e então saiu, sem levar nada. Meu coração ficava meio apertado quando ele ia embora, eu não sabia dizer o motivo. Talvez eu gostasse muito dele mas eu me sentia insuficiente, ele e Gabrielle eram lindos e populares, níveis altos demais para mim.

— Elisa, preciso que vá pagar esses boletos, é para a chefe.

— É claro. — Sorri, eu adorava ter motivos para dar uma voltinha, quem não gosta?

    A casa onde fazíamos os pagamentos ficava há poucos metros de distância, eu precisava apenas atravessar a rua mas ainda assim eu ficava feliz, já dava para respirar um pouquinho.

    Assim que coloquei meus pés para fora, percebi que Noah estava parado na esquina, não tive tempo para reparar no que ele estava fazendo, apenas segui o meu rumo.

    Não demorou muito para que eu tivesse os comprovantes em mãos, agradeci a mulher simpática que me atendeu e então saí para fora outra vez.

    Senti aquele frio na barriga assim que o vi, do lado de fora, parado, esperando por...mim?

— Ah, oi Elisa. Eu ia falar com você ali na farmácia mas fiquei com um pouco de vergonha.

    Okay, preciso de um tempinho para processar. Ele estava mesmo tímido por causa da minha presença? Não fazia sentido.

— Você está solteira?

— Uh, sim, totalmente solteira. — Sorri sem graça, o que estava acontecendo?

— Você pode me passar seu número? Aí a gente pode conversar e sei lá, se você quiser...

— É claro, eu passo.

    Senti minhas pernas tremerem enquanto ele anotava o meu número no celular. Eu ainda estava assustada, tentando processar a informação.

— Eu te chamo. — Ele sorriu, aquele sorriso complemente alinhado e perfeito, que me destruía de diversas formas.

— Preciso ir, eu espero sua mensagem.

    Sorri e então segui o meu caminho. Não era possível, aquilo definitivamente NÃO havia acontecido.



ai gente se eu soubesse eu tinha mentido que estava sem celular, só isso.

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