Fechei a jaqueta assim que o vento frio me atingiu. Sequei todas as lágrimas e tentei manter os olhos abertos, eu estava sonolenta por causa dos calmantes. Eu estava disposta a acabar com tudo mas antes disso, iria ouvir o que ele tinha para dizer.
Ele estava sentado na calçada, cabelo bagunçado e um moletom cinza, parecia envergonhado pelo que havia feito e eu me sentei ao lado dele, encarando um ponto fixo para não ter que olhar em seus olhos.
— Elisa. — Ficamos um tempinho em silêncio, eu estava disposta a não dizer nada, até que a situação me irritou.
— Não vai dizer nada? O seu tempo está quase acabando.
— Certo, me desculpa, eu poderia magoar qualquer pessoa nesse mundo, menos você. Eu sei que eu fui um babaca e que provavelmente você me odeia agora mas saiba que não foi a minha intenção, eu faria de tudo para ficar com você.
— Não parece.
— Eu sei! Eu acabo sendo um babaca e não sei como demonstrar as coisas mas eu sei o que eu sinto, eu gosto muito de você.
— Realmente, deu para perceber mesmo.
— Para de ser debochada. — Ele deu uma risadinha. — E eu amei o seu chinelo.
Olhei para os meus pés, uma meia aleatória e um par de chinelos temáticos de Star Wars. Virei o rosto para evitar o sorrisinho que apareceu em meu rosto, ele era um idiota mas por que eu não conseguia simplesmente expulsa-lo?
— Como achou a minha casa?
— Eu me lembrava que você comentou sobre essa rua e então olhei as suas fotos do facebook, fiquei procurando alguma casa que tivesse um muro igual a esse da sua foto e então achei. Foi difícil, eu bati em algumas casas erradas até te achar.
— E por que? — Senti meus olhos marejarem, eu não entendia o porquê.
— Porque eu nunca deixaria que algo ruim acontecesse com você, Elisa. Mesmo que eu tivesse que correr o mundo, eu iria tentar.
E foi naquele momento que meus sentimentos mudaram, foi naquele maldito momento em que eu me apaixonei por ele. Péssima ideia.
Deitei minha cabeça em seu ombro, eu precisava do toque dele, precisava saber que ele realmente gostava de mim. Nos abraçamos e então, ficamos ali calados por alguns segundos enquanto eu tentava segurar as minhas lágrimas e aquele sorriso idiota que insistia em aparecer no meu rosto.
Como se a situação não fosse incrível o suficiente, "i love you baby" começou a tocar em alguma casa vizinha. Só podia ser brincadeira, minha vida era um clichê do caralho.
Só então reparei que os garotos ainda estavam ali e o chamaram para um canto. Ele voltou depois de alguns segundos, com uma expressão completamente preocupada.
— Eu tenho que ir, a Gabrielle está indo na casa de todos os meus amigos atrás de mim, ela é louca.
— Você vai tirá-la da sua vida, não vai?
— Eu vou, eu juro. — Ele sorriu, deixando um beijinho em minha testa. — Fica bem, por favor.
Sempre doía vê-lo partir mas naquele momento, doeu muito mais. Eu não gostava dele, eu o amava e a partir dali, eu seria contra o mundo para ficar ao lado dele.
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pois é gente, pelo menos vou poder contar para os meus filhos que eu vivi um clichezinho mas ao mesmo tempo eu to passando por uma merda gigante, toda vez que eu olho pela janela, parece q eu vejo ele sentado ali na calçada, bolsonaro pfv me mate
obs: esse foi o último dia que eu vi ele.
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pharmacy
Fanfiction" e você é a garota que sempre me ajuda na farmácia, certo? " baseado em fatos reais.