Meu primo, Billy.

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- Beverly, está aí sozinha ou com metade dos caras da escola, sua vagabunda? - A voz estridente de Greta ecoou pelo banheiro feminino, semelhante ao sino que marca o fim das aulas. Greta, acompanhada por Sally Muller e Marcia Fadden, procurava por Beverly desde o início do dia e, finalmente, a encontraram quase ao fim das aulas. Agora, a encurralavam em trio, como verdadeiras covardes.

Greta chutou a porta da cabine onde Beverly se escondia, enquanto Sally arrastava um cesto de lixo para perto da pia.

- Sei que você está aí dentro, sua merdinha. Dá para sentir o seu cheiro daqui. - Marcia bateu na lateral da cabine, com um sorriso cruel no rosto. Entrei no banheiro no exato momento em que Sally subia no vaso de uma das cabines, arrastando um saco preto de lixo.

- É por isso que você não tem amigos. - Greta me lançou um olhar penetrante, como se pudesse ver a minha alma.

- O que foi, Greta? Sou uma vagabunda ou uma merdinha? Decida-se logo. - A voz de Beverly soou afrontosa de dentro da cabine, e tive que sufocar um sorriso.

- Você é um lixo, e estamos aqui só para te lembrar disso. - Sally, rápida como um raio, despejou o conteúdo do saco de lixo, encharcado de água suja, sobre a cabine. Tudo aconteceu em menos de trinta segundos. Greta saiu sem dizer mais nada, seguida pelas outras duas.

Aproximei-me da cabine, sentindo o cheiro nauseante que emanava do lixo, mesmo com a porta ainda fechada. Perguntei se Beverly estava bem, e ela respondeu vagamente:

- Estou fedendo.

- Posso pegar algo para você. Tenho uma saia no meu armário. - Não houve resposta imediata, talvez por medo de abrir a boca e o cheiro entrar, ou por receio de vomitar. Andei apressadamente até meu armário e peguei uma saia manchada de tinta que tinha usado na aula de artes, guardada para emergências. Voltei ao banheiro e passei a saia por baixo da porta da cabine, junto com meu casaco.

Quando Beverly abriu a porta, o cheiro estava menos insuportável, mas as roupas sujas ainda estavam ali, sobre a tampa do vaso.

- Melhor colocarmos isso em uma sacola. - Entreguei a ela uma sacola plástica enquanto tampava o nariz. Ela riu, mas seus olhos denunciavam vergonha e tristeza. Ela franziu as sobrancelhas ao me olhar de cima a baixo.

- Que blusa engraçada. Parece um uniforme de salva-vidas. - Ela foi até a pia e começou a lavar o que podia: braços e coxas.

- É um uniforme. - Sorri e parei ao seu lado, procurando um perfume na minha bolsa. - Vou fazer trabalho voluntário esse fim de semana em uma piscina pública. - Encontrei o frasco azul e entreguei a ela. - Pega, esse é o mais cheiroso da coleção.

- Ah, tinha esquecido que seu avô é boticário. Ele poderia fazer um perfume exclusivo para mim, não? - Ela riu, e por um breve momento, a tristeza pareceu desaparecer.

- Talvez eu te dê um no seu aniversário. - Estávamos saindo do banheiro quando ela perguntou:

- Mas por que veio com o uniforme?

- Vou direto para o trabalho assim que as aulas terminarem. - Paramos em frente ao banheiro masculino.

A porta se abriu, e um rapaz de óculos fundo de garrafa e cabelos desgrenhados saiu. Beverly o chamou de Richie, ou Richie Tozier para os professores, conhecido como "boca de lixo" pelos demais alunos.

Ele cumprimentou Beverly e sorriu para mim. Embora não fizesse parte do Clube dos Otários, que Beverly sempre me convidava a integrar, eu sabia os nomes dos membros.

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