Capítulo II

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Ainda era noite. Uma estranha criatura uivava com a luz da lua. Muitas pessoas acreditavam que aquilo era presságio de que alguma coisa muito ruim aconteceria.

Muito perto dalí estava a taverna do último desejo. Homens e algumas poucas prostitutas ficavam naquele estabelecimento.

Lá dentro não entrava luz, sempre parecia noite e mesmo que fosse dia velas decoravam aquele lugar que sempre parecia sujo.

O dono, Jack Caolho, estava em um diálogo interessante enquanto enxugava as enormes canecas de cerveja.

E é alí, naquele balcão sujo de madeira, que o nosso capítulo começa.

— Afinal, por que ele não mostra o rosto? — Manaf Gasimov, um homem grande, de pele repleta de cicatrizes além de um peculiar gosto por homens parrudos e machões, questiona sorridente como sempre. Ele dá mais um gole na sua bebida preferida e volta a encarar aqueles homens ao seu lado no balcão.

Queria intimida-los, mas sabia que não fazia nem metade do que sua cabeça insana acreditava.

— Dizem que ele perdeu parte do queixo quando matou uma bruxa velha perto do rio leste e para esconder o defeito usa aquele lenço. — um homem barbudo ao lado de Manaf murmura, como se aquilo fosse o segredo dos segredos.

Sua barriga estufada de tanto tomar cerveja estrapolava as roupas; ele soltou um arroto logo antes de cair de cabeça no balcão, ninguém se importou com aquele gesto.

— Eu ouvi histórias de que o homem nasceu com uma anomalia no rosto e que a mãe ficou tão assustada que morreu quando olhou pra cara feia dele e que quando tira o lenço qualquer um que olhar morre na hora. — dessa vez, o comentário de Jack faz todos que estavam ouvindo rirem.

Mas aquele gesto irritante não durou muito quando na porta da taverna aparece Hug do lenço, que não tinha um dos melhores olhares naquele momento.

E sim, aquele olhar parecia matar.

Todos se calaram no momento em que aquele indivíduo pequeno começou a caminhar pelo estabelecimento. As solas do sapato fizeram barulho quando os pés se chocavam contra aquele piso velho.

— Perderam alguma coisa? — a voz abafada, na sua tentativa de intonação aguda, soava no mínimo estranha. Mas ninguém prestava mais atenção naquilo. Não quando a lenda estava no estabelecimento, não quando as histórias pareciam verdadeiras demais para serem questionadas.

Ela olha em volta, curiosa, todos voltam a fazer o que estavam fazendo... Menos os homens no balcão.

A garota disfarçada joga uma moeda de ouro em direção a Jack caolho que já sabia o que fazer. Trouxe-lhe bons pedaços de carneiro assado cortados em pequenos cubos do jeito que sua freguês gostava.

Para muitos, aquele prato seria uma chacota total. Carne cortada? Para que dentes então?

Mas aquela discussão já estava encerrada a muito tempo.

— Hug do lenço! — alguém gruta. Os olhos buscando por alguém que siquer tinha um retrato falado.

Rapunzel não vira a cabeça para saber quem era, sabia que era alguém que acabara de entrar. Ele a chama mais algumas vezes e mais uma vez todos estavam calados.

— Por favor, meu senhor. Onde poderia encontrar um cara... Quer dizer, um cavaleiro chamado Hug? O chamam de Hug do lenço. Deve ser um homem forte, parrudo e de expressões severas, conhece alguém assim?

— Está encarando meu tapa olho? — a voz aguda retruca.

— Não... Quer dizer, estou. Está mostrando um pouco essa cicatriz estranha, mas isso pode ser resolvido em um segundo... Se me permite. — Rapunzel se vira no momento exato em que um grandioso homem puxa o indivíduo falante contra a parede.

— Ninguém toca no meu tapa olho! — o homem retruca o rapaz magricela, que dessa vez quase engasga com aquelas mãos contra seu pescoço.

— M-minha nossa, o senhor tem um hálito dos infernos. — falou com dificuldade.

A taverna inteira cai em risada, até o tapa olho ri antes de se aproximar mais um pouco sobre o jovem cavaleiro.

"Ele está querendo se matar ou o quê?" - pensa Rapunzel observando toda aquela cena.

— Obrigado, demorei muito para que ficasse do jeito que eu queria. — o tapa olho se gaba. — E a mocinha com hálito de rosas vai morrer agora mesmo.

O rapaz de cabelos castanhos esbugalha os olhos mais uma vez. Pede desculpas ao ocorrido, mas já era tarde demais quando o tapa olho puxa uma adaga dos trages.

Rapunzel soltou um suspiro e revirou os olhos. Estava curiosa demais para saber porque aquele medroso estava a sua procura. Não podia deixa-lo morrer.

E antes que o homem do tapa olho pudesse cravar o objeto cortante na jugular do magricelo, Rapunzel já tinha o derrubado para o outro lado da taverna enquanto o rapaz que estava prensado segundos atrás escorrega contra a parede.

Todos sabiam que lutar contra Hug do Lenço era tolice. Por isso, ninguém fez nada. Não tinha ninguém naquele reino que pudesse combater a rapidez e a agilidade daquela garota pequena que todo mundo achava que era homem..

— O que quer comigo? — a voz abafada, nem tão masculina assim, observa o homem por mais que se parecesse desnorteado e fraco naquela taverna fedorenta.

Ele olha para Rapunzel confuso enquanto juntava as sobrancelhas. Faz uma careta semelhante a de antes.

— Perdoe-me, mas eu estava esperando que você fosse maior e mais.... Forte? — ele encarou os olhos congelantes dela e ficou com medo.

Um "oooooh" ecoa na taverna.

A sinceridade daquele homem o mataria se continuasse a falar coisas parecidas com aquilo.

Ela não podia perder a reputação por algo tão fútil. Por isso, enquanto o perfurava com os olhos pensava nas possibilidades, milhares delas percorrem sua cabeça e só uma faria aquela dezena de brutamontes acreditar: a força.

Então pegou aquele rapaz pela gola da camisa e o puxou em direção a saída da taverna. Os olhos de todos seguiam aquele movimento, mas antes que pudesse sair se vira em direção aquela pequena multidão.

— Acho bom ninguém sair daqui se não quiserem o mesmo fim que terá esse homem. — ninguém fala nada. As histórias que percorrem em torno de Hug do lenço protegem Rapunzel como um verdadeiro escudo.

Ela puxa o rapaz sem paciência enquanto ele suplicava dezenas de pedidos de misericórdia. Nunca tinha visto alguém tão covarde.

— Por favor. Eu só tô nesse trabalho a dois dias, eu não posso morrer antes de afogar o ganso! E também se... — o homem exita.

— Cale a boca antes que eu arranque a sua língua! — já estavam no meio da floresta, por isso, Rapunzel o joga no chão sem um pingo de misericórdia. Não entendia nada o que ele estava falando. A paciência dela estava a beira de um colapso. — Não sei por que ainda estou mantendo-o vivo.

Um barulho. Pisadas quase leves sobre as folhas secas fazem Rapunzel perceber que algo estava errado. Ela anda em direção ao rapaz tagarela e o coloca a sua frente, tomando cuidado para que ele não percebesse o quase inexistente volume de seus seios enquanto puxava do trage um pequeno punhal.

— Eu sabia que um estagiário seria perfeito pra essa missão.  — Uma voz diz.

Rapunzel procurou com os olhos o dono da voz e então o encontrou. Não soube muito bem o que fazer pelos segundos que se seguiram, mas ouve um estranho zunido e uma picada no pescoço.

E depois, tudo ficou negro.

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EAE meu povo amadoh? O que acharam desse capítulo? Se gostou não se esqueça da estrelinha.
Beijos e até o próximo capítulo ❤️❤️❤️

O Segredo de RapunzelOnde histórias criam vida. Descubra agora