Capítulo I

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Todo aquele clima bonito enjova. Por mais que tentasse, Rapunzel não conseguiu disfarçar seu tédio mesmo na presença daquela mulher de tranças desengonçadas e grisalhas.

- Ora querida, não faça esse biquinho.

- Infelizmente já nasci com ele. - diz a moça ranzinza ao revirar os olhos.

- Não estou gostando do seu tom, mocinha.

- Eu também não gosto de passar a vida inteira nessa maldita torre.  - ela sente o suor escorrer por seu pescoço com todo aquele cabelo. Seria mais eficiente usá-lo como uma cortina e não demoraria muito para isso acontecer se a sua paciência continuasse tão curta nos próximos minutos.

Rapunzel acaba por se sentar no batente da única janela e mesmo que a altura fosse quase gigantesca não sentiu um pingo de medo. Dalí, esperou o pequeno passarinho azul polsar em seu indicador estendido. Suspirou enquanto encarava aquele pequeno voador desejando ter asas naquele momento. Trocaria facilmente sua vida chata e entendiantemente longa por uma curta e divertida vida sobre asas.

- Está em perigo, minha querida... Existe um grande mal que a persegue. O seu cabelo, você sabe. As pessoas não entenderiam. Quando você completar 18 anos vai perceber porque ficou aqui por tanto tempo. - Diz a velha senhora. O passarinho voa e ela segura o rosto da jovem entre as mãos enrrugadas. - Vamos esperar mais alguns dias, sim? Não poderei chegar no dia do seu aniversário, mas na manha seguinte voltarei com uma surpresa.

A garota de olhos azuis sorri sem vontade, mas acaba aceitando. A mulher não demora muito para lhe dar um beijo na testa e se despedir com sua cesta nas mãos enquanto descia sob aqueles longos cabelos.

"Caramba, você precisa emagrecer" pensou Rapunzel fazendo careta ao sentir todo aquele peso sob a cabeça.

Mal sabia a velha senhora que tudo o que aquela garota queria era que fosse embora o quanto antes... E não voltasse tão cedo.

E quando foi embora, tamanho é o alívio que sente. Ela mesma pegou todo aquele cabelo e em um supapo o cortou o máximo que pôde. Sua raiva lhe permitiu um corte curto. Modéstia parte era uma ótima cabeleleira mesmo em momentos como Aquele. Só precisou de mais alguns repiques e o penteado estava perfeito.

Dá próxima, faria um moicano se estivesse inspirada.

E mesmo sem perceber, um sorriso travesso surge lentamente, fazendo com que os pés de galinha próximo aos olhos ganhassem forma e uma covinha modesta aparecesse em sua rosada bochecha.

- Hug do Lenço vai cuidar de sua Rapunzel, mamãe, não se preocupe.

Ela jogou o cabelo cortado de qualquer forma no baú quando o retirou debaixo da cama e puxou para fora as roupas masculinas escondidas. Quando a veste, coloca sua marca registrada que não se passava de um singelo lenço negro que cobria o nariz e a boca enquanto o capuz do trage deixava uma parte do curto cabelo amostra, evidenciando seus congelantes olhos azuis que modéstia parte eram assustadores.

O passarinho azul pousa no batente da janela quando Rapunzel... Ou melhor, Hug do Lenço, pega duas adagas escondidas no travesseiro o que lhe ajuda a escalar a torre de tijolos velhos quando os últimos raios de sol começaram a se despedir poucas horas depois daquela mulher ir embora.

Antes que descesse a torre, Rapunzel ainda observa o passarinho azul que parecia lhe encarar, curiosamente.

Ela o olha, sorri antes de soltar uma piscadela para aquele animalzinho confuso.

- Você deveria estar dormindo. - murmura enquanto no horizonte a tímida lua começa a aparecer.

Aquela seria uma longa, longa noite.

Eae pessoar! Bem, se você gostou desse primeiro capítulo não se esqueça da estrelinha. A história está apenas começando. Prometo que fortes emoções virão.

O Segredo de RapunzelOnde histórias criam vida. Descubra agora