A Morte de Dante

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O clarão se intensificava aos poucos, os sons foram tomando forma e Dante descobriu que estava preso sobre uma maca. Havia uma música tocando ao fundo, era ópera, melancólica e dramática. Pessoas falavam ao seu redor, três, talvez quatro.

Sua visão se ajusta a ao ambiente pouco iluminado. Um homem observava papéis, raios-X, parecia estar confuso ou desapontado. Dante viu Nilly encostada em uma parede. A única porta da sala se abriu, um homem de jaleco se aproximou a passos largos e agressivos, pegou os papéis que estavam com o outro homem quase a força.

O que ele viu nos papéis, seja lá o que fosse, não o deixou contente, seu olhar foi direcionado a Dante, ele franziu o cenho e seus lábios cerraram fechados.

– Alguém pode me dizer se esse é o cara certo? – O homem com os papéis nas mãos disse dando uma volta entre a sala.

– Impossível que não seja ele. – Disse Nilly se desencostando da parede – Seis meses investigando esse cara, além do mais, o exame de sangue bate com o banco de dados. 100% de certeza que é ele.

ENTÃO POR QUE ELE PARECE UMA PESSOA NORMAL? – O homem gritou fazendo os sentidos de Dante voltar.

Dante percebeu então, que sua medíocre vida estava aos poucos, entrando em declínio. Naquele instante o seu cérebro liberou uma quantidade estupenda de adrenalina.

– Olhe só pra você... respiração ofegante, músculos tencionados, pupilas dilatadas... isso é sua amígdala e seu hipotálamo entrando em ação, se chama reação de luta ou fuga. – O homem falou se aproximando de Dante – Sua amígdala, ela simplesmente recebe impulsos neurais, que por seguida, manda o hipotálamo iniciar a reação de luta ou fuga, isso é surpreendente... porém, há um problema... Essa reação libera diversas substâncias, fazendo com que você perca o foco, perde tempo de reação, seu sistema imunológico falha... mas trabalharemos nisso.

– Não... não, não, não, não... vocês pegaram o cara errado... Eu... Eu não sou ninguém, por favor... não tenho dinheiro, não me matem. – Disse Dante com a voz alterada e chorando. – se eu... se eu morrer aqui... não tenho ninguém lá fora... que vai... procurar – Nesse instante, Dante parou de movimentar a cabeça e olhou fixamente para o teto. – Ninguém vai procurar por mim.

– Dante O'Neill, vinte e três anos, há um ano rompeu um noivado sem motivos, trabalha numa porcaria de escritório na Stockbridge... Pais mortos, criado com o amigo de infância desde o acidente até chegar a vida adulta... Esse é você, não é?

Dante soltou um ar que tremeluzia de dentro de seus pulmões, ficou em silêncio, sua pele arrepiava-se.

– Você não vai morrer, bem, não é essa a nossa intenção... Mas há um problema aqui, seus genes não são compatíveis com o que falaram para mim, porém, chegamos muito longe para desistir de tudo.

– Como assim? O que está acontecendo?

– Te darei uma nova vida, depois daqui, tudo se resumirá no quanto você estará decidido em mudar o mundo. Serei bem sincero, esperávamos outra pessoa, alguém mais... poderoso, levando o poder de seu pai e mãe em conta, decidimos ir atrás de você primeiro, mas agora que está aqui, vejo que duo infeliz nessa decisão -- aquele homem tornou a olhar para Nilly -- devíamos ter pego a garota, agora o que temos é só um pedaço de carne mal aproveitável. Mas não se preocupe, você está na presença do melhor neurocirurgião do planeta.

– Por favor... Por favor, só me solte daqui, eu juro que fico calado...

– Caramba, que cara frouxo! – Disse Nilly que estava fora da visão de Dante.

Saga Nômade Vl.1: CriaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora