Fomos avisados que o jantar seria servido em alguns minutos, a cozinheira tinha deixado queimar a Bouillabaisse então demoraria para refazer. Olho para os de mais na mesa, uma mulher com corpo robusto mas ainda bela, sentada ao lado da senhora Monique, os cabelos loiros que contornavam seu rosto eram a coisa mais marcante nela, ao seu lado havia um menino que parecia triste e entediado, usava óculos que enquadravam seus olhos azuis, era o único que não parecia estar em uma das cadeiras da mesa, sua cadeira tinha rodas. os empregados chegavam com bandejas douradas, para a entrada os Fournier ofereciam uma Quiche recheada com peixe e legumes, seu sabor apesar de saboroso incomodava no paladar por suas especiarias, o silêncio tornava o jantar constrangedor, esperava uma apresentação dos de mais que integravam a mesa, ao fim da entrada, Jordan passa enchendo as taças com vinho, seria esse meu primeiro contato com tal bebida, em minhas traquinagens de criança teria bebido um gole de licor as escondidas, coloquei o vinho em minha boca no mesmo instante sinto um gosto forte descendo por minha garganta, uma experiência não agradável, disfarço o desgosto pela bebida
-Que vinho formidável, de onde vem?- Pergunto tentando parecer curioso, senhora Monique me olha
-É da vinícola Côte d'Or, que produz os mais nobres vinhos da França, imaginei que um "Dumont" já tenha degustado essa bebida . A mulher loira olha para Monique com reprovação
-Parece que perdeu as boas maneiras na mesa minha mãe, peço desculpas por seu comportamento senhor Dumont, como vão as coisas por Remise? – Pergunta com interesse
-As revoltas tomam cada dia mais força nas classes mais baixas, algumas famílias já perderam seus negócios para os ataques, a situação cada vez se tornando mais caótica, mas nosso negócio têxtil segui em bom estado- Falo cabisbaixo em lembrar da situação, Alison acena com a cabeça
-Nunca poderia pensar que as coisas em Remise estavam desta forma, esses tipos de ideias ainda não chegaram em Pêcheur, mas quando chegarem não teremos esses problemas mantemos uma boa relação com nossos empregados –Alison diz com orgulho em seu olhar, da ponta da mesa escutavam-se gargalhadas vindo de Monique
-Não me faça rir Alison! Empregados são apenas serventes, mais ridículo que isso é um Dumont fugindo de um povo tão baixo- Joseph que me servia, com a fala de Monique derruba vinho sobre meu colo
-Me desculpe senhor Dumont- Diz Joseph pegando um dos guardanapos sobre a mesa para tentar contornar seu erro, mesmo com esforço, o úmido em minhas vestes estampavam incômodo em meu rosto
O prato principal era colocado sobre a mesa porém o desgosto de Monique havia me feito perder o apetite, com palavras tão insensíveis poderiam ser faladas com tanta facilidade, com ofensas entaladas em minha garganta decido me retirar da mesa
-Agradeço pela refeição, esta uma delícia, mas irei trocar as roupas- falo me levantando e saindo da sala de jantar.
Chegando em meus aposentos tiro minhas roupas manchadas pelo vinho e coloco em um cesto que ficava ao lado da porta, sentado em frente a penteadeira não paro de pensar na fala de Monique, em meu interior sabia que tinham um fundo de verdade
Depois de passar a noite apenas pensando no que havia acontecido na mesa, começo a me ajeitar para descansar. Minha cabeça estava uma grande bagunça, em meus sonhos me afogava no lago, cada vez mais fundo, no meu último suspiro me acordo em agonia, minha testa pingava em suor e minha garganta implorava por água, saio para ir pegar um copo d'água na cozinha. A escuridão da noite não me permitia enxergar nenhum palmo a minha frente, vou com minha mão pro lado onde sabia que tinha um lampião e fósforo, acendido o lampião me direciono a cozinha. A mansão a noite dava arrepios, desço mais uma vez aquelas escadas apenas com a luz do lampião que iluminava um pouco mais a frente, ao pisar no salão me encontro perdido em meu caminho, acho o caminho ao ver a luz do lampião refletir nas panelas penduradas . Não conseguia me localizar muito bem na cozinha, levanto o lampião para ter melhor visão, com muito esforço consegui ver um balcão, ali tinha um jarro de vidro cheio de água e ao lado um copo simples, encho o copo e sacio minha sede. Voltando para minha cama, vejo subindo as escadas um feixe de luz saindo da porta ao lado do meu quarto. Curioso vou até lá pra dar uma espiada, já apagando o lampião, sei que qualquer coisa volto para trás e já estou em meu quarto. Ao espiar pela fresta da porta, me choca ver Joseph sentado a os pés da cama apenas com suas roupas de baixo, Monique estava em pé ao seu lado acendendo um cigarro
-Não entendo porque ele te irrita tanto? Apenas pare de implicar com Lohan- Monique abriu um sorriso chegando bem perto de Joseph e assoprando a fumaça em seu rosto
-Por que se importa? Ele não merece sua empatia- Monique beija Joseph, saindo do meu campo de visão
-Se seguir falando bobagens não volte para cama.
Coro na hora e vou indo pra trás, na primeira porta que encontro abro e entro, fechando a porta com delicadeza para que faça o menor barulho possível, mas aquela porta parecia que rangia cada vez mais, consigo fecha-la com certa dificuldade. Vou palpando para achar a mesinha de cabeceira, não iria dormir com o lampião em mãos, não a encontro e coloco no chão. Vou apalpando a cama, sinto algo diferente, subo minha mão de repente sinto um cabelo, é tão macio e pouco volumoso. Algo se movimenta rapidamente, vira na cama, sinto uma mão em meu rosto, acende o lampião, Alison fecha um pouco os olhos por causa da luz, mas se esforça pra abrir
-O que está fazendo aqui Lohan?-Pergunta numa feição de confuso com um pouco de raiva. Meu corpo não respondia muito bem aos movimentos que queria fazer, desajeitado tentando sair da cama eu caio, Alison se levanta , seu lampião iluminava todo o quarto , Alison vestia apenas uma peça íntima, deixando quase todo seu corpo a mostra, ele estende a mão para me ajudar a levantar, recuso levantando sozinho e bem desajeitado, meu coração parecia que iria sair de meu peito, minhas mãos começam a soar, sinto as bochechas esquentarem
-Desculpa eu errei de quarto! Falo baixo para que só ele escute e tento controlar meus batimentos cardíacos. Ele sorri
-Será que realmente errou de quarto?- Ele diz ao pé do meu ouvido em forma de deboche para que só eu escute. Meu corpo paralisa inteiro e arrepio da ponta dos pés até atrás da nuca. Na hora meu rosto lembrava uma lareira de tão quente que estava.
-Já falei que foi um engano! Enquanto saia pela porta do quarto Alison me segura pelo braço e me puxa para perto.
-Talvez não seja o melhor momento mas gostaria de me desculpar por minha mãe, ela não tá passando por uma fase boa, ultimamente ela tem tido algumas recaídas, por causa da morte de meu pai-Fala baixo mas com sinceridade
Naquele momento esqueci de tudo o que havia acontecido, aqueles olhos bicolores me deixavam desconsertado, não consigo manter contato visual por muito tempo, desvio o olhar para baixo onde seus músculos marcados tomavam meu campo de visão, volto meu olhar para ele quase que imediatamente.
-Tudo bem!- Falo apressado e já me afastando
Saindo do quarto me despejo na minha cama e fico pensando no que foi aquilo, estou muito confuso, florescia borboletas em meu estomago. Não entendo, parece errado, não permitirei que aconteça novamente.
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Blooming Flower
RomanceCom os ideias revolucionárias ganhando força na França, Lohan herdeiro único da família Dumont é obrigado a ir para uma vila ao leste de Remise e lá viver com a família Fournier, parceira de negócios de sua família, em sua estadia conhecerá segredos...