-"Olha,eu sinto muito,mas teremos que manter a calma, ok?!"-
Diz minha mãe enclinando-se para frente e olhando ao redor da entrada,como se escondessem algum segredo."E ATÉ QUANDO EU VOU TER QUE AGUENTAR?? ATÉ QUANDO EU AGUENTO, HEIMM?!"- diz a figura que quase grita-"ACHA QUE VOU DEIXAR DE LADO?EU NECESSITO DE QUEM TENHO DIREITO E VOU PEGAR POR BEM, OU JÁ SABEM!
Estremeço. Isso ainda é muito a digerir
"Sr. Smith...- agora quem fala é meu pai,com um tom de voz como de quem não está nada bem- eu sei que agora você quer liberdade, mas depois de todos esses anos...- "O quê??"- cochicho. Preciso assistir e escutar essa conversa de perto...enquanto tento lidar com meus pensamentos...
Sr.Jozé(tom de sarcasmo) murmura lá fora:-"Quer saber??melhor discutirmos isso, em outro lugar...finja que é nosso convidado, e nos acompanhe por favor."- penso em segui-los mas não sei como.
Ah sim! Meu esconderijo, que usei mais cedo, é o atalho perfeito, só terei que descobrir onde se encontrarão. -Huumm...Interessante - em meio aos meus rápidos pensamentos me recordei de um cômodo da casa.
O mais vivo e florido, em que agora as flores que haviam existido lá uma vez, estão tristes e ainda resistem por amor...-A última coisa que meus avós maternos desejaram:
"Lembrem-se todos os que amo, eu irei logo e não podia estar mais feliz, pois,carrego em minha alma, minhas lembranças, levo através do caixão o AMOR, um lindo sentimento, que é forte o bastante e não é falho nem à morte."
Essas são as minhas últimas lembranças de meu avô.... "Coloquem uma música sempre que o amor não for bem-vindo, ou quando de mim sentirem falta, fico feliz por saber que não vou estar aqui para ver minhas queridas plantinhas partirem"...essa é da minha avó.
Ambos faziam a diferença lá em casa, eles eram... Continuam, sendo divertidos e inspiradores, além de sábios. Emocionalmente falando é irônica a minha vontade de entrar em um lugar como este... cuja minha avó sempre me encantava com sua cantoria perto de suas flores, perto da janela antiga e enferrugada, um canto que sempre trazia vida e boniteza, mas agora é só uma lembrança.
Depois do falecimento de meus avós, a casa, o clima, as flores, a música... todos estão quase descipados.
Já era de se esperar a partida deles,minha avó tinha uma doença um tanto rara, Embolia pulmonar, mas o que era mais raro ainda era sua situação, a sua coagulação no sangue era em todos os seus membros, além do pulmão. Meu avô, se matou no mesmo momento da partida dela, como em Romeu e Julieta. E eu não estava preparada... não estava preparada para nada disso.
Abro a porta da biblioteca com o livro debaixo do braço, agarrando com delicadeza e firmeza... tentando não fazer muito barulho. Piso com o pé direito, no carpete, para ver se o caminho está livre. Ou simplesmente para dar sorte.
"Barra limpa"
Me rastejo um pouco adiante da porta tentando entrar no corredor que leva a sala, mas escuto o batuque da sandália da minha mãe se aproximar e me escondo no canto da parede ali perto onde fica a entrada da biblioteca, lá é escuro e tem tantos quadros que ninguém me viria.
Acompanho-nos, depois de terem passado sombriamente pela minha frente. Rastejando colada nas paredes, com dificuldade e atenção tento me aproximar, Consegui!- A Ratchie está sendo muito bem cuidada, temos fundos o bastante para sustentá-la e...- meu pai é interrompido por uma "fungada" da minha mãe, que começa a chorar com a mão no coração.
"Estou com ainda mais medo!!"- Ela é minha (engole o choro)...ela é minha filha (aumenta a voz)...e nenhum homem vai me tirar de perto dela...eu, eu te amo e te entendo, mas também amo minha filha, então por favor, eu vou se quiser, mas deixe ela e esqueça o nosso passado - minha mãe ajoelha desequilíbrada e vai ao chão, enquanto o homem de capuz e meu pai agem preocupados, eu já estou paralisada a uns 2 minutos com o ouvido colado na janelinha transparente, minha única visão.
Meu livro cai e assusta ambos os escondidos...-EU JÁ ESQUECI de NÓS MAS, AGIREI LOGO, POIS PERCEBI QUE NEM PRIVACIDADE VOCÊS TÊM AQUI- diz rapidamente o homem de preto e alto.
"E é agora que a loucura começa"
Ao mesmo tempo em que o homem diz suas últimas palavras antes de se retirar da sala, minha mãe piora e geme com dor por ajuda, enquanto meu pai a envolve em seus braços a pegando no colo
-Minha Alícia, calma, está tudo bem...
"parece uma das crises da vovó!"
FALTA UM SEGUNDO PARA O HOMEM DESCONHECIDO ABRIR PUXAR A MAÇANETA DA PORTA AONDE EU ESTAVA ESPIONANDO...(na verdade eu senti somente medo, do passado, do presente, e do futuro) E ALGUÉM ME SEGURA PELO BRAÇO...
VOCÊ ESTÁ LENDO
E No Meio De Tudo: Você
Romansa"Desde meu 16° aniversário, eu não sou a mesma e nada é como deveria ser" Ratchie é uma menina um tanto madura,digamos que seu passado tem muito mais a ser desvendando. Aos 16 anos no 1° ano do Ensino médio,ela se depara com uma das maiores...