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As férias de verão foram sorteadas à Europa. Os alunos do último ano da Escola de Heróis não protestaram quando Todoroki Shoto, Midoriya Izuku e Uraraka Ochako opinaram dizendo que talvez a Yaoyorozu devesse estar sob a responsabilidade de organizar as últimas férias coletivas da turma 1-A, agora a atual 3-A. Bem, quando nem Katsuki Bakugou protestou, Momo quase ganhou um prêmio diplomático.

Acompanhados - por ora e tempo hiperflexível - por Aizawa, os formandos da U.A. desembarcam às portas do Hotel Raio de Sol, os pés de chinelos e sandálias quase que afofados dentro da areia fina e quente da praia.

─ Raio de Sol? ─ Bakugou cospe, irritado. ─ Que merda de nome é esse?

Kirishima ri do comentário maldoso e logo o loiro xinga, empurrando Iida que cai por cima de si, empurrado por Kaminari, que vinha aos soquinhos com Ojiro.

─ Vocês não podem se comportar pelo menos nos primeiros dez minutos? ─ Kyoka rola os olhos, empurrando Aoyama que estava parado com dores de barriga.

─ Você falou com ela? ─ Ashido ri da voz trêmula de Midoriya, mesmo que ela não devesse estar ouvindo as conversas alheias. ─ Sabe por que está de mal comigo? ─ o esverdeado pergunta para Shoto que suspira, ajeitando a mochila no próprio ombro ao balançar a cabeça negativamente, bem devagar.

─ Você pisou na bola, dá um tempo ─ Todoroki ia dizendo a respeito de Ochako, e nenhum deles lembrou de fazer silêncio enquanto Aizawa falava com o dono e aparentemente recepcionista do hotel à beira-mar.

A chegada à Itália era barulhenta, tumultuosa. Eles riam, conversavam, xingavam, empurravam, só se calaram - e não completamente -, quando o homem de nome Tito os saudou:

─ Bem-vindos, alunos da U.A ─ bradou empolgado, arrancando um suspiro tedioso de Shouta.

─ É uma honra recebê-los, vocês não imaginam minha animação ao saber que o próprio Reaser alugou todos os quartos do meu estabelecimento de uma só vez ─ diz, quase dando pulinhos e logo chama, em tom alto de voz: ─ Filha, filha! Venha cumprimentá-los! ─ encostado perto da janela, ao lado de Kirishima, Bakugou e o RedRait olham em direção à garota, apenas para vê-la ignorá-los.

─ Ai, ai, desculpe, desculpe ─ o homem balança as mãos rente ao tronco, rindo. ─ Esses jovens com fones de ouvido...

Alessa erguia um balde do fundo do poço d'água e segundo a percepção atiçada de Katsuki, ela tinha sim, escutado o homem. Ignorar com o fone de ouvido é algo que ele conhece muito bem.

A garota não tinha nada que chamasse atenção. Tinha uma pele bronzeada, o que, pra quem olhava, não significava nada. Cabelos desgrenhados e presos num rabo-de-cavalo, calças largas, regata justa e completamente suja, além de tênis desamarrados. Parecia dócil e gentil, apesar do visual, quase infantil demais pra Katsuki. Por isso ele rola os olhos, seguindo para o segundo andar atrás de Aizawa.

─ Cala boca, caralho ─ xinga, empurrando impaciente ao seguir para as escadas.

No andar de cima do hotel, Bakugou passa os olhos pelo corredor largo. Cheio de portas, mais de vinte, dos dois lados, uma de frente para a outra. A única exigência que os alunos fizeram foi que o quarto de Mineta devia ser o mais afastando possível das portas onde começariam os quartos das garotas. Então o garoto ficou com a segunda porta, cercado por Aizawa e Todoroki. Na última, antes de começarem os dormitórios femininos - em zigue-zague -, colocaram Bakugou, como um último obstáculo caso Mineta conseguisse burlar a ordem e passar por Shoto, Deku e os outros.

─ Eu vou ficar aqui, bem na sua frente ─ Kirishima ri, abrindo a porta do quarto em frente a do seu melhor amigo.

─ Tá.

Bakugou abre a porta e a tranca rapidamente, sem paciência para o tumulto do corredor. Só deu tempo de ele ir até a janela, abri-la, deixar o Sol escaldante iluminar o quarto para bufar com seus colegas batendo na porta.

─ O que foi, merda?

Kirishima não ligava pro mal-humor diário de seu amigo. Ele só faz rir.

─ Vamos buscar as malas?! ─ Bakugou achava a animação dele inconveniente demais, odiava ser arrastado como estava sendo, mas não chega a xingar Kirishima, apenas... O empurra.

─ Ahn? ─ ergue a sobrancelha, desvencilhando-se do toque. ─ Por que eu iria?

─ Bem... Momo e Ochako pediram...

─ Foda-se? ─ pergunta, voltando para seu quarto.

─ Bakugou! ─ o loiro não demora para virar seus calcanhares ao ouvir seu sensei chamá-lo. ─ Maneira no palavrão, por favor ─ Aizawa vira as costas antes mesmo de concluir, descendo as escadas em seguida.

─ Vamos lá, não nos custa nada ─ Kirishima diz, pulando animado nos ombros do loiro.

─ Idiota! ─ Katsuki xinga. ─ Da próxima vez manda aquele Deku de merda, não sou namorado da Ocha─

─ Olha por onde anda, caralho ─ Kirishima se alarma imediatamente.

─ Des... Nos des─ até perceber que não fora seu amigo irritado que xingou.

Pelo contrário, Bakugou mantinha os olhos fixos e fulminantes para a frente, tão irritado quanto o diabo, levemente entorpecido por ter sido xingado.

─ Ãhn? ─ ele pergunta, como quem pergunta "com quem você pensa que está falando?".

─ Tá surdo? ─ a garota de mais cedo o tira do transe, mas continua o desafiando como ninguém nunca fizera.

Alessa conhecia bem o tipo de Bakugou. Conhecia exatamente o tipo de Bakugou. E era assim que ela o tratava:

─ Não estamos na U.A, projetinho de herói ─ cospe, empurrando o balde semi-vazio que ele havia chutado na direção dos garotos. ─ Ninguém vai limpar a sujeira que você faz ─ e sai, deixando-o com o balde, a vassoura e o pano, na varanda amadeirada do hotel.

Kirishima olha as costas da garota, e depois encara Bakugou. O suor aglomerado descendo abarrotadamente por sua têmpora.

─ Vo-você está be-m?

Engole em seco quando os de olhos escarlates o encara com feição indignada, olhando do amigo para a garota, da garota para os utensílios de limpeza em suas mãos.

Bakugou expele as coisas que segura para longe, a um fio de explodi-las em suas palmas.

A linha vermelha do horizonte o deixava tão cego quanto a sensação que reverbera em suas palmas, ao ter os olhos vermelhos cravados nas costas da desconhecida de cabelos desgrenhadamente cacheados. Aquilo foi um desafio, ele sabe, que Alessa o estava provocando, querendo algo que a sua mente ainda não está pronta pra entender, muito menos pra aceitar. Quanto a isso, Katsuki Bakugou tinha duas opções: terminar de recolher as malas e acompanhar Kirishima, ou o que ele está fazendo agora, largando os materiais que a otária jogou sobre ele, caminhando a passos bruscos em sua direção. Definitivamente, essa foi a pior das suas decisões.

Katsuki Bakugou ─ ExplosivoOnde histórias criam vida. Descubra agora