1. O passado

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Holanda, 3 anos atrás...

THAÍS POV's

—Amor tem certeza que é uma boa ideia?? -pergunta Davi-

—Tenho, confia em mim -responde Thaís confiante-

—Thaís você já fez isso antes?? -pergunta Mel-

—Não kkk, mas vai dar certo gente, só não ficar com medo... -responde mais uma vez segura-

Segundos depois escuto o barulho de algo se quebrando, acabo escorregando, bato com a cabeça. Ainda desacordada, deitada naquele chão frio, conseguia escutar gritos de pessoas aparentemente desesperadas, a voz da minha irmã soava em gritos de socorro, o som estridente da sirene de ambulâncias distantes, mas eu conseguia escutar. Senti uma dor no peito, um sentimento de vazio, algo que se foi dentro de mim!
Depois não lembro de mais nada, acordo no hospital, as luzes brancas e as cores entediantes do quarto me deixavam ainda mais angustiada.

—Filha, finalmente você acordou minha querida -vejo minha mãe se aproximar com os olhos inchados, nariz vermelho e uma cara bem abatida-

—Mãe?? -falo com dificuldade- Cadê o o Davi?? A mel?? -pergunto aflita, e vejo o rosto dela se entristecer mais-

—Filha, eu tenho uma notícia pra te dar... -ela fala quase em um sussurro é perceptível a sua dor-

—Fala logo mãe -pergunto já chorando, as lágrimas eram salgadas e geladas, meu rosto se encharcou em segundos-

—Querida você vai precisar ser forte -ela fala e já sinto aquela dor de vazio mais uma vez- Quando vocês estavam lá no lago congelado, um enorme bloco se rachou, Davi caiu direto na água, sua irmã ficou metade no gelo, metade na água, algumas pessoas ouviram os gritos de socorro dela, tentando sair de lá, mas ela acabou caindo também. Você só bateu a cabeça, agora que acordou vai ficar tudo bem -vejo minha mãe desabar em lágrimas, meu coração que já estava apertado, começa a bater numa rapidez excessiva-

—Mãe... eles... eles... morreram?? -pergunto ofegante, cada palavra que saiu da minha boca parecia uma tortura, talvez eu não quisesse perguntar, mas ao mesmo tempo eu precisava saber, minha mãe me olhou com os olhos tristes, e pude já prever a resposta-

—Filha... o David, infelizmente não resistiu  -antes que ela pudesse falar da Mel, meu coração se despedaçou por inteiro, o meu namorado, anos de um relacionamento que eu considerava perfeito, simplesmente nãoooo, sumiu no gelo, não o verei mais?? Simplesmente some-

—E a Mel??? -pergunto depois de chorar por alguns minutos mas ainda abalada pelo Davi-

—E a Mel... a Mel ta em coma assim como você estava -Ao ouvir aquilo, mais uma vez meu coração se aperta, mas consigo ainda assim sentir uma pontinha de alívio por ela estar viva e não desaparecida-

—Coma?? Eu fiquei em coma?? -pergunto estranhando-

—Sim meu amor, já faz 10 dias desde o acidente, seu pai está no quarto com a Mel, e eu estou com você!! -diz minha mãe enxugando as suas e as minhas lágrimas que mesmo que eu tentasse segurar, elas insistiam em encharcar meu rosto-

O tempo se passou e recebi alta, todos os dias eu ia no hospital ver minha irmã, passei mal diversas vezes por não me alimentar direito, Paloma, minha melhor amiga, sempre estava do meu lado, ela fazia de tudo para estar comigo mesmo quando eu queria ficar sozinha, e de fato foi isso que fez com que eu não entrasse em uma depressão maior.
Desde aquele dia, eu sentia um sentimento de culpa que pulsava no meu corpo inteiro. A ideia de patinar no lago congelado foi minha, inteiramente e somente minha, meu namorado e minha irmã apenas me seguiram, se eu pudesse teria voltado no tempo, e jamais teria feito uma proposta tão estúpida!
Mais ou menos 3 meses depois Mel foi transferida para um hospital em São Paulo, pois era melhor equipado, estávamos em casa nos preparando para mais um dia na esperança da Mel acordar daquele pesadelo eterno, e o telefone toca. Uma médica ligou, nos informando que a Mel teve uma parada cardíaca e não resistiu.
Naquele momento meu mundo parou, tudo que havia cor se entristeceu, tudo que tinha vida, adoeceu, tudo que fazia sentindo, agora era mais uma daquelas frases profundas que ninguém entende. As pessoas que mais amava na vida morreram, MORRERAM, por minha causa!
Fizemos o enterro e Mel foi enterrada junto com Davi, e foi naquele dia que pela última vez eu vi meus amigos e familiares. Depois desse dia, fiz minhas malas e voltei junto com Paloma para o Rio de Janeiro, lá consegui espairecer um pouco, mas eu nunca vou me perdoar pela morte dos dois!!
Paloma conseguiu vários trabalhos no Rio, já eu recusava todos, ficava o dia todo deitada ou sentada na areia da praia olhando para o mar e pensando no que eu devia ter feito pra evitar tudo isso!!

O amor cura tudo - tharilo (abandonada) Onde histórias criam vida. Descubra agora