Éramos feitos para sermos infinitos, mas com um um abraço — nosso infinito inexistente — simplesmente se reduziu a um finito desconfortável.
PENÉLOPE
Eu estava confusa, apesar de dizer a todos que havia superado — e repetir tantas vezes aquela simples sentença que comecei a acreditar — estava indo vê-lo.
Minhas mãos brincavam com o anel que nunca saía do meu corpo e meus olhos se mantinham na rua movimentada. Não sabia ao certo porque estava fazendo aquilo, porém quando recebi seu convite não consegui negar.
Era óbvio que eu sentia algo por ele e duvidava muito de que algum dia isso pudesse mudar.
— Nem estou acreditando que você está mesmo indo. — Vanessa disse sorrindo para mim — É quase que impossível te tirar de casa, Gabi.
Olhei para ela rindo, pois sabia que era verdade. O que Vane não sabia era que eu não saía com ela, pois quase sempre estava acompanhada por Flávio. Eles haviam se conhecido no Ensino Médio e nunca mais se desgrudaram.
Me sentia egoísta por evitá-la, apenas para não encontrar com Flávio. Mas não queria vê-lo novamente.
Balancei a cabeça, pensando na ironia daquela situação.
— Eu preciso falar com algumas pessoas. — minha amiga disse quando chegamos no local — Mas agorinha eu volto, tente não se isolar muito.
Meus olhos vagaram pelo enorme salão em busca de algum rosto conhecido, não conseguia me lembrar o motivo daquela festa e nem porque ele havia me convidado. Flávio havia me ignorado por mais de 1 ano, mas ainda sim, havia me chamado para comemorar uma conquista qualquer.
Como se, finalmente, a razão voltasse a se fazer presente em meu corpo me virei em direção a porta. Não precisava ficar lá, estava sendo trouxa — bem mais do que o normal — e ainda estava quebrando uma das minhas regras de vida: Jamais correr atrás de homem bosta.
Grande ironia da vida. Se eu seguisse meus próprios conselhos, provavelmente, minha vida seria muito mais fácil.
Meus saltos batiam no chão em um ritmo quase constante, enquanto a música tocava alto. Aquela situação era tão irônica que até mesmo a música definia o que eu estava sentindo.
Já havia passado pela porta, quando ele encostou sua mão em meu ombro. Apesar não vê-lo, sabia que era ele. Flávio sempre teve um bom gosto para perfumes e eu sempre fui viciada nos masculinos.
— Gabriella. — ele começou a dizer e uma coisa dentro de mim se quebrou. Em mais de 5 anos de convivência, Flávio nunca havia me chamado pelo nome por ter consciência de que eu não gostava. Mas as coisas haviam mudado a décadas.
Me virei lentamente, já me arrependendo daquela decisão. Ele estava lindo — mais que o normal. Sua barba bem alinhada e o sorriso tão cativante que me fez lembrar de quando eu assumia verbalmente o quanto eu queria lhe beijar.
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Contos de Desilusão para Pessoas Iludidas
Historia CortaQuem nunca sofreu por amor - ou por paixão? Acredito que todos nós temos alguma história trágica sobre esse assunto e, diante esse assunto tão polêmico e catastrófico, reuni uma coletânea de contos sobre algumas situações amorosas que nem tinham co...