SEXTA-FEIRA, SINÔNIMO DE AMAR

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Eu era como um pássaro que não poderia me ver presa em qualquer tipo de gaiola, mesmo que fosse uma bem atraente.

PENÉLOPE

As janelas estavam abertas e o vento fazia com que meu cabelo se embaraçasse e grudasse em meus lábios cheios de gloss. Mas mesmo assim gargalhava diante a perspectiva de estar indo a praia depois de séculos vivendo apenas para estudar.

A faculdade estava me matando aos poucos.

Olhei para Nathan e sorri, seus ombros estavam relaxados e um sorriso mínimo despontava de seus lábios. Ele era, simplesmente, o cara mais lindo da faculdade — na minha humilde opinião — e estava me levando para sua praia favorita.

Era sexta e aquele era o dia para amar e sermos amados.

Havíamos nos conhecido devido a um amigo em comum e, desde então, não desgrudamos mais. Era sexta, e eu só queria lhe beijar, mas fingia plenitude.

— Apesar de te adorar, é muito estranho você ficar me encarando assim, Lili. — Nathan disse com aquele sorriso pretensioso que só ele tinha — Estou começando a ficar assustado.

Revirei meus olhos em resposta. Idiota.

— Você diz como se eu me importasse com isso. — e de fato eu não me importava.

As coisas bonitas da vida precisavam ser observadas e Nathan estava dentre essas coisas. Além disso, não era como se eu fosse ficar envergonhada por ter sido pega no flagra, isso fazia mais o estilo do garoto ao meu lado.

Ele era lindo, porém extremamente tímido. Muito fofo.

Havia descoberto que Nathan era afim de mim a algum tempo, apesar de não sentir o mesmo e dele ter consciência disso, sempre saíamos nas sextas.

Afinal, sexta era o dia da semana para se apaixonar.

Dessa vez, o local escolhido era uma praia em uma cidadezinha longe da capital. Havia descoberto que além de ser sua praia favorita, era também o lugar que ele havia dado seu primeiro beijo e, de alguma forma, isso me deixou mais ansiosa.

Comia um chocolate enquanto ele dirigia com um sorriso bobo no rosto, por alguns instantes temi que ele estivesse confundindo as coisas — afinal, saíamos muito e de fato portávamos como um casal na maioria das vezes. Mas logo tirei essa ideia absurda da cabeça.

Éramos apenas duas pessoas que gostavam de se beijar e que jamais passariam disso.

Além do mais, era sexta e eu não queria estragar o clima com suposições que nem eram verdadeiras.

— Você está linda. — Nathan rompeu o silêncio e logo em seguida ficou extremamente vermelho, o que me fez ter vontade de mordê-lo como se ele fosse um grande morango fresco. Uma graça.

— Eu não estou, mi amore. — dei ombros e olhei para ele sabendo qual seria sua reação — Eu sou maravilhosamente linda.

Como o esperado, o garoto — que devia ter no máximo seus 20 anos — se engasgou com a resposta e tentou se corrigir. Ri diante aquilo, era fácil desestabiliza-lo e extremamente divertido ver sua reação.

Seu cabelo encaracolado caia por cima de seus óculos o que — para mim — o deixava mais sexy. Apesar de ser 4 anos mais novo, Nathan tinha um ar maduro contrastando com sua cara de novinho. Eu realmente gostava de estar com ele, principalmente de seus beijos.

Balançava as pernas no ritmo da música e sorria, meu gosto musical era impecável e sabia que Nathan pensava a mesma coisa, pois me olhava com um sorriso quando Friday I’m In Love começou a tocar.

Era sexta feira e nós nos amaríamos em uma praia do interior.

— Eu poderia te beijar agora. — ele disse ao estacionar o carro perto da praia, o meu cabelo estava melado de gloss e eu mal conseguia aguentar a ansiedade de me jogar no mar.

— E porque não faz isso? — sussurrei sentindo minha voz falhar levemente devido a sua aproximação.

Arrepiei inteira quando ele passou a mão pela minha nuca e me fez aproximar. Durante o beijo meu coração acelerou, meu estômago revirou e eu fiquei confusa e extasiada.

Quando a gente se afastou minimamente — ofegantes demais para conseguirmos raciocinar direito — Nathan sorria e seus olhos brilhavam. Ele estava lindo e eu só queria beija-lo até o dia acabar.

Era sexta, afinal.

— Namora comigo? — ele sussurrou com a testa encostada a minha e com seus lábios entreabertos na expectativa de mais um beijo.

Meu corpo formigava e enquanto passava a mão pelo seu rosto tudo o que conseguia pensar era o quão sortuda era por beijar aqueles lábios.

Nathan estava vermelho — muito mesmo — mas mesmo assim me olhava com uma intensidade que me fazia bambear. Ele estava sem seus óculos o que me fazia ter uma visão completa da cor única de seus olhos. Escuros como uma noite sem estrelas.
As borboletas voavam pelo meu estômago e tudo o que eu precisava era de mais um beijo seu.

E diante a todo aquele turbilhão de sentimentos — com toda certeza do mundo — apenas respondi:

— Não.

homenagem para a nenis wkedgirl que me viciou em The Cure 💕

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homenagem para a nenis wkedgirl que me viciou em The Cure 💕.

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