O relógio na parede marca 19:00 e eu me sento na minha cama, bufando. O tempo estava demorando demais para passar e minha ansiedade me sufocava. Mas por que eu estava tão nervosa? Ah, é mesmo, pois irei jantar com Harry Styles em Roma. Isso é uma loucura, eu devo desmarcar! Não, agora não posso mais, está em cima da hora e ele apenas quer se desculpar, que mal tem nisso?
Me olho no espelho arrumando pela milésima vez meu vestido amarelo, minha cor favorita, olho bem nos meus olhos, perguntando o que devo fazer, quando meu celular toca. Vejo quem está me ligando e um sorriso se abre em meu rosto.
- Oi, Alice! Já estou com saudades de você, amiga.
- Amélie, estou sentindo tanto sua falta! Como você está? - minha melhor amiga pergunta do outro lado da linha.
- Eu estou... bem, e você?
- Eu estou ótima! Mas você não me engana, conte-me logo o que houve, senhora Amélie.
- Se eu te contasse você não iria acreditar! Aconteceu a maior loucura aqui em Roma e estou prestes a cometer mais uma.
- Você não está aí a nem um dia e já se meteu em confusão, mas era de se imaginar - ouço a risada aguda dela e começo a rir também. - Agora ande, me conte tudo!
Faço uma descrição detalhada do meu primeiro dia em Roma para Alice, não a poupando de nada, mas faço isso com o intuito de me distrair e não me estressar. Gosto de conversar com minha melhor amiga, ela me faz rir até das coisas que parecem ruins e levanta o meu astral enquanto o nervosismo toma conta de mim. Ela é uma das pessoas que mais sinto falta do Brasil, apesar de não a ver há apenas 2 dias parece que faz mais de uma semana. A minha adaptação na Itália pode ser difícil no começo, mas tenho certeza que tudo irá se encaixar.
Vejo que o tempo está passando, já são 19:40 e resolvo me despedir de Alice.
- Alice, preciso ir, está na hora.
- Tudo bem, vá se divertir com o senhor Styles. Boa sorte. - ela diz e posso imaginar ela sorrindo.
- Me ligue assim que você voltar, tchau beijos!
- Pode deixar! Tchau, beijos.
A lua cheia ilumina as ruas movimentadas e agitadas, onde muitas pessoas saiam uns com os outros, alguns com câmeras nas mãos gravando cada pedaço da linda cidade. Consigo um táxi depois de um tempo, por mais difícil que seja, para me levar até o nosso local de encontro. Me distraio admirando o céu e as pessoas sorridentes, quando me lembro do motivo que me trouxe a Roma. Meu falecido avó que nunca cheguei a conhecer e agora não tenho mais essa chance, tudo o que me resta é tentar aprender mais sobre ele, o que ele fez durante sua vida, além de resolver as questões burocráticas quanto a casa dele deixada à mim. Percebo, agora, o quanto a mágoa e o rancor são prejudiciais para nós, minha mãe mesmo anos depois de sua briga com meu avô nunca mais falou com ele ou fez as pazes, e agora ela não pode mais fazer isso, por causa de sua dor eu nunca o conheci.
O rio abaixo da ponte reflete a luz do luar e das estrelas, um casal passa por mim abraçados rindo sozinhos. Olho para o religioso meu pulso, falta 10 minutos para o horário que marcamos, cheguei antecipadamente.Estou observando o rio quando um carro preto e grande para no final da ponte. A porta se abre e ele vem ao meu encontro. Observo como ele ficou belo em seu terno azul escuro, mas não é isso que digo quando ele se aproxima.
- Olá! Imaginei que você sempre andasse em carros com seus seguranças. - brinco franzindo o cenho e sorrindo.
- Nem sempre, mas hoje não será necessário. Eu mesmo irei levá-la. - Harry diz abrindo um sorriso, sorrio também. - Aliás, você está linda.
- Obrigada... Você também está. - digo um pouco tímida. - Então, como você está? - puxo assunto para quebrar o gelo enquanto ele abre a porta do carro para mim.
- Estou muito bem, obrigado por perguntar. E você? - agora ele já está colocando o seu cinto e saindo com o carro.
- Estou bem também. Aonde iremos?
- Iremos em um restaurante muito bem aclamado, mas só direi isso, o resto é surpresa.
- Ah, uma surpresa! Não conheço praticamente nada em Roma, eu não saberia nem se você me dissesse o nome! - digo rindo comigo mesma. - Creio que tudo que eu sei sobre Roma é o que eu pesquisei e que minha mãe me contou.
- Sua mãe já veio em Roma?
- Minha mãe viveu aqui por muitos anos, ela é italiana e nasceu em Trento, mas foi para o Brasil quando tinha 19 anos.
- Porque você não veio antes para cá?
- Minha mãe e meu avô não se falavam mais, por isso ela foi embora. Ela nunca quis me trazer aqui para conhecê-lo, mas me ensinou muito bem italiano, apesar das aulas eu aprendi muito mais com ela. - dou uma pausa na minha fala, sentindo meu peito apertar ao lembrar de minha mãe e meu avô. - Meu avô morreu, por isso com para cá para conhecer a casa que herdei e descobrir um pouco mais sobre a vida deles e sobre minha origem.
- Sinto muito pela sua perda e realmente espero que encontre o que procura. - ele desvia o olhar da estrada rapidamente para o meu e eu sorrio fracamente.
- Obrigada.
Transcorridos uns 10 minutos, chegamos ao restaurante e eu fico impressionada. O local é bem grande e iluminado, com muitas pessoas em roupas elegantes circulando, parece mais uma mansão do que um restaurante. Altas pilastras greco-romanas fazem um círculo na entrada principal, com duas escadas de cada lado, onde algumas mesas estão dispostas.
Fico agradecida por ter escolhido um dos meus melhores e mais elegantes vestidos para usar hoje à noite, no entanto, me sinto um pouco constrangida num lugar como esse. Nunca fui rica, mas sempre trabalhei para ter meu dinheiro e espero conseguir pagar meu jantar hoje aqui.- Está tudo bem? - Harry sussurra em meu ouvido e eu me arrepio instantaneamente.
- Sim sim, tudo ótimo. - digo e abro um sorriso, talvez ele tenha percebido o meu desconforto.
- Se você quiser podemos ir para outro lugar, eu deveria ter te consultado antes...
- Não, tudo bem mesmo, pode ser aqui. Foi uma ótima escolha. - apesar de ter me sentido um tanto mal, preciso confessar que o estabelecimento é formidável.
Ele se aproxima de mim e coloca uma mão nas minhas costas e me guia até a mesa que uma funcionária nos indicou. De certa forma me sinto mais confortável quando ele fez isso, como se por um momento eu não me importasse com o que os outros iriam pensar.
Apesar de ser um lugar mais recatado, consigo ver que Harry atrai muitos olhares para si, até mesmo para mim alguns curiosos e outros julgadores. É tão fácil para mim simplesmente esquecer quão famoso e adorado ele é, quando estou com Harry costumo esquecer as outras coisas.Depois de nos sentarmos somos rapidamente interrompidos por duas fãs que pedem para tirar uma foto com ele. Não fico constrangida com o interrompimento, mas ao contrário, utilizo a oportunidade para olhar para Harry.
Seu cabelo curto está aparentemente crescendo e é possível ver alguns cachos se formando, o incrível terno escuro que ele está usando está com a blusa aberta nos dois primeiros botões e em seu peito descansa dois colares. Suas mãos estão utilizando anéis e suas unhas pintadas de preto. Observo a interação dele com as duas fãs: elas olham para ele como se nada mais importasse além dele, e Harry as trata com tanta gentileza, sorrindo e perguntando como elas estão. As duas garotas, que suponho serem irmãs, se retiram logo após isso, mas não sem antes olharem para mim, mas estou ocupada demais encarando Harry.- O que foi? Por que está sorrindo?
- Oi, quê? Ah, eu... Só estava vendo a forma como você trata as fãs, você é tão gentil. - digo um tanto embaraçada, não havia percebido que estava sorrindo.
- Ah sim, claro, meus fãs são muito importantes para mim, tenho um grande carinho por eles! Além disso, sempre trato as pessoas com gentileza. - ele diz e pisca para mim, me fazendo rir com o "trocadilho".
- Sim, trate as pessoas com gentileza, entendi! - digo sorrindo.
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O amor só existe nos livros (EM HIATUS)
FanfictionAmélie Ferraza é uma brasileira de 24 anos, aspirante a escritora, que resolve viajar sozinha para Itália a fim de descobrir mais sobre as suas origens e sobre o seu falecido avô italiano. Tendo estudado literatura, a garota procura inspirações par...