De volta ao O's American

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Quando cheguei em casa, um pouco antes das sete horas, desfrutei um pouco de uma boa conversa com Esther, mas dessa vez por mensagens, falamos de tantas coisas enquanto estávamos no Café que antes de ir embora trocamos nossos números de telefone, ela queria saber tudo sobre meu país, assim como eu queria saber mais sobre o dela.
Ela era uma pessoa incrível e tinha ótimos assuntos, era um ano mais nova que eu mas já tinha um emprego de meio período, ela trabalhava sempre a tarde, então prometi que iria algumas tardes para poder conversar um pouco com ela, mas é claro, não prometi comprar nada, por ser bem caro.

Quando o domingo chegou, eu e Esther decidimos conversar um pouco no O's American, porém dessa vez escolhemos o período da manhã pois não queria atrapalhar seu trabalho pela tarde. Era nove da manhã quando nos encontramos.

- Então... já sabe o que vai visitar estando apenas na capital? - Esther perguntou.

- Bom, não sei bem por onde começar, mas definitivamente quero conhecer a estátua da pequena sereia.  - Falo decidida.  Após alguns segundos refletindo ela continua.

- Sério que você quer ver? Muita gente se decepciona. Você sabe não é? Tipo... a estrutura em si.

- Ah sim, eu sei, mas não me importo. Apenas o significado dela para mim é o bastante.

- Você fala da história em si?

- Exatamente. Depois lhe explico melhor. 

- Se for mesmo tão importante assim sugiro que vá pelo período da manhã, antes do sol nascer, meio que durante o dia, muitos turistas vão para lá. Se quiser posso ir com você.

- Sério, você iria nesse horário? - Pergunto incrédula, com tamanha disponibilidade.

- Sim, não se preocupa, serei uma ótima guia. Quando você acha que pode ir?

- Humm, com certeza quanto antes melhor. - Digo com pressa. - Só não poderei amanhã porque minha mãe irá viajar com meu tio.

- Ahh sim, o trabalho, certo?

- Exato. 

- Mas olha, sobre a gente ir ver o monumento, você também quer ir ver o palácio da família real? Fica próximo o suficiente para visitarmos em conjunto.

- Adoraria, prometi a mim mesma que iria aproveitar para conhecer o que pudesse enquanto estiver aqui.

- Ah, que ótimo. - Esther conclui. Ao terminar de falar, seu telefone toca. Ela se levanta rápido, atende o telefone, e em seu rosto aparenta preocupação. Pouco depois ela retorna ao assento.

- Desculpa Jasmin, vou ter que ir embora, minha mãe passou mal.

-Nossa! Melhoras para a sua mãe. - Digo preocupada. Lembro que por mensagens Esther explicara que morava apenas com sua mãe e a avó, já  que seus pais se divorciaram quando ela tinha apenas dois anos, e o pai agora morava na Noruega. Ultimamente sua mãe estava passando mal com frequência, porém sem saber certo o por quê.

Esther saiu de bicicleta com pressa. Vi ela ir embora, e silenciosamente desejei que tudo estivesse bem, pois ela já me cativara.  Poucos minutos se passaram e decidi sair do estabelecimento. Me levantei e fui em direção à saída, ao chegar na calçada, algumas pessoas  sussuravam e algumas jovens suspiraram, eu não estava entendendo muito bem, decidi então olhar para a direção em que elas olhavam. Ao me virar vi quase como um lampejo, rápido e impactante, era um rapaz que entrara no O's American.

Pelo pouco que olhei, notei que era alto, de cabelos escuros com ondas chegando em seu pescoço e com olhos claros, não consegui diferenciar a cor, mas eram brilhantes. Comecei a pensar em quem ele poderia ser, talvez fosse alguém conhecido em Copenhague, ou somente um rapaz bonito que chamava atenção. Eu sei que não era da minha conta, mas fiquei curiosa, e voltei alguns passos para olhar pelas janelas de vidro, o rapaz usava um blusão marrom que parecia ser muito caro, assim como seus sapatos pretos. Ele ainda estava de costas, então não pude ver seu rosto, minha intenção era lembrar o máximo possível para perguntar a Esther, observei também que as pessoas mantinham uma certa distância dele, como se o respeitassem. 

Esperei até ele se virar com o pedido em suas mãos, me senti uma paparazzi, mas não me importava muito, afinal não era como se depois eu fosse o encontrar por aí. Quando finalmente vi seu rosto, percebi que ele era sim muito lindo, tinha umas pintinhas na bochecha que só aumentavam o charme, e tinha o rosto tão angelical quanto um anjo. 

Peguei meu celular e comecei a anotar tudo que eu estava vendo, algumas meninas ainda estavam do lado de fora olhando, cogitei em perguntar a elas sobre ele, mas antes de fazer isso olhei para o chão e lá estava o cadarço do meu sapato desamarrado, me agachei e comecei a amarrá-lo, levaria no máximo dez segundos, porém a alguns centímetros do meu campo de vista estavam dois sapatos impressionantemente parecidos com o que eu havia visto dentro do O's American, tudo ficou paralisado levantei meu olhar para o dono dos sapatos. Era ele.

No mesmo momento que olhei para o seu rosto, percebi certa semelhança com o garoto que eu havia encontrado no parque um dia antes, lembrei tão rápido que me assustei, levantei depressa, mas lá estava eu de frente ao rapaz com tamanha similaridade ao garoto de cabelos louros, porém o que estava em minha frente aparentava ser mais maduro, tinha os cabelos negros e os olhos... bem, os olhos não eram azuis como o outro, eram de uma cor que eu não sabia explicar, talvez verde, poderia também ser castanho, mas era claro o suficiente para me confundir. Ele também estava olhando para mim, comecei a pensar se ele estava me achando estranha por estar paralisada em sua frente. Não sei quantos segundos duraram, mas senti como se o tempo tivesse congelado.

Finalmente ele estava abrindo a boca para falar alguma coisa. 

- Você poderia sair da minha frente? - Aquilo foi o bastante para eu voltar a mim. Então pensei, certo, eu estou na frente dele, mas não é a mesma coisa que ele estar na minha frente? Qual seria a dificuldade dele se virar um pouquinho e ir embora?

- Creio que não estou com suas pernas, você pode muito bem sair da minha frente sem problema algum. - Respondi me afastando um pouco para trás. Ele olhou para o lado e suspirou seguido de algo em dinamarquês que infelizmente não entendi.

- Se você quiser um autógrafo, é só pedir em algum evento, não tenho tempo, agora se der licença. - Ele diz convincente de suas palavras e indicando a direção para eu seguir. Então percebi que estava certa, ele era algum famoso e achava que eu era uma fã querendo sua atenção.

- Desculpa, mas eu não quero autógrafo nenhum, não lhe conheço. Assim como também não vejo o que lhe impede de sair da minha frente já que está tão incomodado. - Rebato, mas percebo que ele ficou um tanto intrigado.

- Como assim você não me conhece? - Ele pergunta.

- Não faço a mínima ideia. - Concluo.

- Então explique por que estava me observando... Você não parecia não saber sobre mim. - Ele diz e eu congelo. Ao perceber que me pegou no flagra ele dá um meio sorriso, como se tivesse ganhado uma batalha. Eu não poderia negar o fato que eu estava o olhando, então fui sincera.

- Eu só estava curiosa, algumas pessoas estavam cochichando e pensei que fosse alguém importante, mas pelo que estou vendo agora na sua personalidade, não vejo nada de tão interessante assim. - Expliquei. Ele apenas ficou quieto.

Antes mesmo dele dizer qualquer coisa sobre eu ter o achado interessante o suficiente para observá-lo alguns minutos antes. Decidi apenas estender levemente meu braço em seu ombro o direcionando para a esquerda a fim de não o ter na minha frente, não ia fazer o que ele me pediu apenas por ele ser famoso.

- Agora, com licença! - Concluí decidida e sorri por dentro quando o deixei para trás completamente atordoado.

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⏰ Última atualização: Aug 08, 2020 ⏰

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