electric love (intersexual)

7

Kara's POV

— Caramba... que beijão! — Nia riu quebrando o silêncio que estava ali no meu quarto.

— Nia! Pegue suas coisas e vá tomar um banho. — Eliza disse.

— Alex vai adorar saber disso...

— Calada. — Falei para ela.

— Nia. Faça o que eu disse. — A menor obedeceu. Alex vai me encher de perguntas mais tarde, ótimo. — Então, será que podem me explicar?

— Ahn... mãe, essa é Lena. Ela é uma amiga da escola, você já sabe. Lena, essa é minha mãe. — Cocei a nuca. Que situação constrangedora, merda, eu nunca tinha passado por isso antes. Eliza nunca me pegou no quarto ficando com uma garota porque eu nunca tinha levado uma garota em casa antes.

Eliza se aproximou com os braços cruzados, desconfiada.

— Olá, senhora Danvers. — Len deu um pequeno sorriso envergonhada.

— Olá, Lena, como está? Ah, e me chame só de Eliza, por favor. — Sorriu simpática a olhando e então me olhou séria. — Acho bom estar andando com as suas camisinhas em dia, Kara Danvers.

— Mãe! — Eu quase gritei com os olhos arregalados.

— E você nem para arrumar esse quarto, por Deus! Como tem coragem de trazer a menina aqui nessa zona toda? — Ela continuou. — Ah, que aliás não se repita, viu? Você não vai fazer netos aqui em casa.

— Por Rao... isso não está acontecendo. — Fechei os olhos desejando virar uma avestruz, ou que minha cabeça estourasse para eu não ter que ouvir aquilo. Qualquer uma das opções era boa para mim. E o pior era que Lena estava bem ali do meu lado! Como que eu vou olhar para ela de novo depois do que minha mãe continuava a dizer?

Lena's POV

Essa não era definitivamente a forma que eu esperava terminar a tarde.

Me encostei na porta da sala da minha casa, fechei os olhos encostada na mesma e acabei sorrindo sozinha relembrando tudo. A conversa com Kara, a nossa brincadeira, o nosso beijo... e, porra, que beijo! Foi realmente um beijão como Nia disse. Acho que meu sorriso aumentou quando toquei meus lábios com as pontas dos dedos, nunca tive um beijo tão bom assim, ainda podia sentir os seus lábios contra os meus. Era como se estivesse nas nuvens ainda.

Ah, e não tinha como esquecer da mãe de Kara, é claro. Dona Eliza Danvers fez Kara quase virar um tomate. Quando Kara não estava olhando, ela me lançou uma piscadela sorrindo e eu soube que ela estava a deixando com vergonha de propósito. Foi difícil segurar a risada, mas eu fiquei com dó da garota dos olhos azuis mais lindos do mundo.

— Olha essa carinha... alguém teve uma tarde boa. — Ouvi a voz do meu pai e abri os olhos. — Saiu com James, meu amor? — Perguntou sorridente e me deu um beijo carinhoso na testa.

— James... sim, claro. Nós fomos ao cinema. — Inventei qualquer coisa e senti a realidade voltando a mim. O que porra eu acabei de fazer? Eu traí meu namorado. Está certo que nosso namoro não era a mesma coisa de 4 anos atrás, não tinha mais aquela magia e nem nada demais. Era apenas a mesmice de sempre. Quando eu conheci James, eu era apenas uma garota que havia acabado de entrar no ensino médio e estava com o seu coração quebrado pela primeira vez por Jack e James estava lá, parecendo disposto a fazer tudo para me conquistar e me levar para a cama consequentemente. Acho que no final das contas, eu só não queria ficar sozinha. James era popular, tinha todos ao seu redor e pareceu ter ficado obcecado por mim, ou só me achou atraente, eu não sei. Além do mais, nossos pais se davam muito bem e os meus faziam muito gosto do nosso namoro. Até a minha mãe ficava perto da felicidade comigo por causa de James. Eu digo perto porque é impossível que ela fique contente com algo que eu faça. Acho que só continuei levando isso e me acostumei, mas hoje me pergunto se é o certo mesmo. Com apenas um beijo Kara me fez questionar tudo o que eu sempre pensei.