Second Chance

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Second Chance

(Segunda Chance)


Severo nunca havia tido esperanças de sobreviver a guerra, mas não era como se ele quisesse estar morto no fim de tudo. Pelo menos na maior parte do tempo ele desejava estar vivo, já que por muitas vezes ele desejou morrer ao servir o Lorde das Trevas. Houve momentos que seu passado o traía e ele desejava voltar no tempo e provocar a sua morte para que isso o impedisse de cometer seus erros irreversíveis.

Deitado ali, as feridas sangrando e o cheiro de Nagini ainda adentrando seu olfato, ele desejou que nunca tivesse entrado para o lado negro daquela guerra. Ele desejou, mais do que nunca, não ter denunciado os Potters para o Lorde depois de escutar parte daquela profecia ridícula.

Talvez dessa forma Voldemort nunca tivesse retornado e tivesse sido derrotado de outra forma? Quem saberia o destino do mundo se Lilian nunca tivesse se sacrificado? Mas por mais "talvez" que ele pudesse imaginar, o passado estava no passado e isso ele não poderia mudar.

E, no fim, ele morreria naquele lugar, sozinho como ele sempre esteve.

Era ainda mais trágico que ele tivesse um antídoto para o veneno de Nagini em seus aposentos no castelo. Ele havia feito um tempo antes, achando que, se algum imprevisto acontecesse, poderia sobreviver, já que o Lorde vivia com aquela cobra ameaçadora em seu lado.

Um imprevisto aconteceu e ele estava bem longe de sua salvação. Não havia mais tempo. Era o fim.

Foi engraçado, a mente dele incialmente pensou que tudo aquilo fosse uma miragem. Em que desdobramento de sua imaginação ele poderia enxergar Harry Potter caminhando em sua direção? Ele não poderia nem ao menos morrer em paz sem ser humilhado pelo seu destino ao encontrar o menino que havia sofrido nas mãos dele por muitos anos?

Veja bem, ele nunca quis conhecê-lo de verdade. Severo montou uma imagem em sua mente de Harry, alguém idêntico ao seu pai, alguém em quem o seu eu-sonserino poderia se vingar de todo aquele tempo. Ele aceitou protegê-lo, mas se recusou a enxergar além da imagem projetada por sua imaginação.

Ele se recusava a enxergar Lilian nele além do que havia dela na cor dos seus olhos.

Contrariando tudo que ele pensou que Harry Potter faria, ele viu o menino se ajoelhar em sua frente e tampar o ferimento em seu pescoço em uma tentativa um tanto esperançosa de estancar seu sangramento milagrosamente. Seus olhos não esbanjavam pena ou raiva, esbanjavam compaixão, e isso fez algumas lágrimas de Severo rolarem de seu rosto.

Ele estava falhando em não enxergar sua melhor amiga no menino em sua frente.

O menino desviou seu olhar do dele para olhar para seus amigos e só naquele instante Severo reparou que Rony e Hermione também estavam ali. Não era tanto uma surpresa, já que os dois acompanharam Harry até o fim.

— Hermione, eu coloquei um bezoar em sua bolsa há um tempo, depois que estivemos na casa de Xenófilo, veja se ainda está aí. Talvez possamos estabilizá-lo com ele antes de buscarmos um antídoto mais eficaz — Harry disse a ela, voltando a encarar Severo, como se ele pudesse confirmar que ele estava certo em tentar.

A mente de Severo, no entanto, pouco entendia o que ele dizia e parecia ter se esquecido de todo o seu conhecimento de poções por um instante.

— Espere um segundo — ela respondeu, mexendo em sua bolsinha de contas. — Accio bezoar.

Ela pegou a pequena pedra em suas mãos, entregando-a para Harry.

— Não sei se isso vai funcionar, Harry — Hermione disse em um sussurro. — Eu não faço ideia da espécie de Nagini e como fazer um antídoto para o veneno dela.

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