Capítulo 21.

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Fechei meus olhos enquanto escutei Bright se ajeitar no banco ao lado, precisava de um tempo para repensar tudo o que fizemos naquela noite.

Eram 3h45 da manhã quando paramos a frente do ferro velho, pois uma leve onda de dor tinha atingido minha cabeça. Tudo bem, Win, só respira fundo que logo passa. Ao lado, Bright permanecia em silêncio, mas quando abri os olhos novamente, vi que ele já dormia, mesmo que ainda tivesse pequenos espasmos por causa do energético. Era como uma armadilha para meus olhos quando Bright dormia a minha frente, era como se eu só conseguisse ter olhos para aquele momento. Como se me hipnotizasse. Como se o sono de Bright fosse a pintura mais bela de todos os tempos. 

Foi então que ele abriu minimamente os olhos: 

— Tudo bem? — perguntou mais uma vez, solenemente.

— Sim, já passou — eu disse, passando a mão sobre o rosto. — Vamos pra casa? — Coloquei as mãos no volante.

— Não. Espera. — Bright falou, se consertando no banco. — Hm... Você tá de boa com tudo o que ocorreu aqui hoje? 

— Claramente, não — respondi. — Quero dizer, estou feliz que não matamos ninguém. Mas com medo, porque vamos ter que voltar pra faculdade na segunda e provavelmente o Arm vai querer tirar satisfação com a gente. 

— Relaxa. Se ele te importunar, eu te protejo — Bright sorriu, ele logo suspirou um pouco. 

Em seguida, Bright ligou o rádio da van e logo uma música relaxante inundou o recinto, fazendo o rapaz colocar as mãos atrás da cabeça para simplesmente curtir o momento. A música era meio brega, mas ele pareceu gostar. Eu realmente queria dar o fora dali, mas ver o quanto Bright queria ficar ali, relaxando, me deixou contente. E logo escorei minha cabeça no encosto do banco novamente, tentando decifrar o que aquele olhos almejavam e o que aquela mente pensava. 

— O que você vai fazer depois que se formar? — perguntei, um pouco alto por causa da música.

— Hm... Não sei, acho que arrumar emprego no exterior e montar um negócio próprio — Bright respondeu, mas não acho que ele tinha mesmo pretensão de ser sério com aquela resposta. — Existe uma infinidade de oportunidades lá fora, não quero perder tempo, jamais. 

— Você parece ser um cara que sempre consegue o que quer — comentei.

— Quase sempre. Às vezes queremos coisas impossíveis de se alcançar — ele pareceu soturno.

— Tá falando do seu caso com o Arm? — perguntei. Bright não respondeu, seus olhos reflexivos sempre perdidos no ambiente ao redor. 

— Você já gostou tanto de alguém que sentiu que não poderia ser nada sem essa pessoa? — ele perguntou, ao invés, e naquele momento minha garganta fechou. Eu já, e essa pessoa estava a minha frente. — Sentiu que não poderia dar continuidade a sua vida se essa pessoa não estivesse ao seu lado? 

— Bom, eu... — pigarreei. — Eu já... 

Bright riu um pouco, me interrompendo.

— Uma vez tentei dar flores à uma garota que gostava no ensino médio, e ela as jogou no chão e disse que não gostava de mim, de jeito nenhum — eu não sei por quê, mas ele riu.

— Ela disse "não"? — entrei na brincadeira.

— Disse "NÃO!" — Bright imitou a garota da história, rindo. 

Eu apenas fingi um riso, mas minha mente questionava como alguém na Terra poderia recusar flores de Bright Vachirawit e ainda por cima dizer que não gosta dele. 

𝑻𝒉𝒆 𝑩𝒓𝒊𝒈𝒉𝒕 𝑺𝒊𝒅𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora