"Recebeu a resposta da universidade?" Pergunto levantando do sofá.
"Não, mas eles ainda tem até semana que vem."
"Ok...Eu vou no mercado, precisa de algo?"
"Não, quer que eu vá com você?"
"Não precisa, eu já volto." Digo querendo dar uma volta sozinha com meus pensamentos.
Lhe dou um beijo, pego minha bolsa e celular e vou para o elevador.
"Bom dia, Max." Falo comprimentando o porteiro.
"Bom dia, senhorita."
Saio pela porta e noto uma SUV parada. Alguns segundos depois meu pai sai do carro e vem ao meu encontro.
"Bom dia." Ele diz e me parece desconfortável.
"Bom dia...Você não tem o que fazer, não?" Pergunto ainda irritada com ele.
"Eu sei que você não quer me ver no momento, mas eu ainda sou seu pai e eu quero respeito." Diz em um tom ameaçador.
"Eu não posso mais fazer perguntas?"
"Olha, você é minha filha e eu quero estar em bons termos com você, mas isso não depende só de mim."
"Certo, quer conversar a gente conversa."
"Ok, vamos entrar?"
"Não, eu quero dar uma volta." Digo e ele suspira.
"Entra no carro."
" Você sabe andar?" Pergunto com ironia. "Ahh, é claro que sabe. Então porque você não dispensa o seu motorista e vem tomar um café comigo?"
Ele concorda com a cabeça e dispensa o motorista.
Andamos até a cafeteria sem dizer uma palavra, fizemos nosso pedido e caminhamos com eles até uma mesa próxima a janela.
Espero uns cinco minutos, enquanto bebo meu café, para ele dizer algo. Quando concluo que ele não vai dizer nada, decido me pronunciar.
"Eu sei que eu sou magnífica, mas você disse que a gente tem que conversar." Digo o encarando com um sorriso, meu pai sorri e olha nos meus olhos.
"Você é tão parecida com sua mãe..."
Meu sorriso desaparece e meu tom fica mais sério.
"Nós não estamos aqui pra falar da minha mãe, você me procurou dizendo que nós precisamos conversar, então faz um favor para nós dois e começa a falar."
"Isso ainda é um tema difícil para você?" Suspiro e desvio o olhar do seu, mostrando que não quero falar sobre isso."Você fez anos de terapia por causa disso, já devia ter superado."
"Eu não fiz terapia por causa 'disso'."
"Seja lá qual for a razão você ainda não a superou."
"Pare de agir como se você fosse meu psiquiatra...Eu fiz terapia por que vocês me obrigaram, não por que eu quis, então para de ficar desviando o assunto." Falo friamente
"Ok...Certo, eu queria conversar sobre a atual situação." Suas palavras são calmas.
"Que situação seria essa?"
"A situação sobre meu filho com a Vania e o divórcio que a Soraya pediu." Diz como se fosse o óbvio e eu só aceno para que ele continue."Eu vou assumir a criança, não vou ter nenhum relacionamento com a Vania, com exceção dos nossos filhos..."
"Filho, até que se prove o contrário." O interrompo.
"A gente já conversou sobre isso, a Nathalia é minha filha assim como você." Meu pai fala em um tom mais autoritário.
Apenas dou de obros e indico para ele continuar.
Ele respira fundo e continua.
"Sobre a Soraya, eu não vou assinar os papéis do divórcio...Eu quero tentar me reconciliar." Olho para ele incrédula.
"Olha, parabéns, você é um estúpido. Primeiro você trai ela com uma ex, engravida essa ex e agora não vai ter pelo menos o mínimo de respeito pela sua mulher de conceder a ela o direito dela ao divórcio...Você já errou muito comigo, com a minha mãe e principalmente com a Soraya, mas sempre acreditei que você tivesse respeito pela gente...Parece que eu me enganei."
Ele só ficou ali parado olhando para mim e remoendo tudo o que eu havia lhe dito.
"Realmente pensa assim?" Me pergunta e eu concordo com a cabeça, ele suspira e diz."Eu vou assinar o divórcio...mas eu ainda amo muito ela."
"Se amasse não a teria traído."
"Você não sabe do que está falando." Diz e o silêncio toma conta do ambiente por alguns segundos.
"Me fala do seu relacionamento com o William." Fala trocando o assunto.
"O que quer saber?"
"Como vocês se conheceram, quanto tempo estão juntos...Esse tipo de coisa..."
"A gente se conheceu na escola à três anos, no segundo ano ficamos juntos uns meses, nos separamos por 8 meses e voltamos a dois meses."
Olhei em seu rosto e ele também me olhava esperando eu continuar. Ao perceber que eu não daria mais informações decidiu pressionar.
"Por que vocês se separam?"
"Eu não quero falar sobre isso."
"Certo, então...por que vocês voltaram?"
"Nós voltamos porque eu amo ele e ele me ama." Falei dando uma resposta que não despertaria nenhum intesse do meu pai.
Talvez ele devesse saber sobre o que houve com toda a história, como o que aconteceu com o Nikolai, mas eu não quero reviver tudo aquilo.
"Então você e o William podem voltar porque se amam, mas eu devo deixar a Soraya ir? Você está sendo hipócrita."
"Nós não terminamos...Eu só fui embora, sem bilhetes, avisos ou um término decente...Mas eu posso te garantir que não foi por uma traição."
"E qual foi o motivo de você simplesmente sair?"
"Eu fui fraca."Digo querendo encerrar o interrogatório.
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Minha Continuação
Fiksi PenggemarHistória contada pelo ponto de vista de Noora na maior parte do tempo, onde ela fala de seu passado e futuro.