Cena 5

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Personagens: Dora, André, Gui, Emilia, Rafael, Naldo, Cleuza

Dora entra em cena, anda de um lado para o outro, com um cigarro nas mãos.

Dora: Ah, que raiva! Duas semanas já, duas semanas sem o pessoal me chamar pra nada. Eu fui uma idiota naquela festa, uma idiota! Eu devia ter experimentado só pra saber como que é, sei lá. Na hora só consegui pensar no meu pai, alguns meses que ele foi embora e eu na frente de uma carreira da branca, o que ele pensaria de mim? Como se ele desse a mínima! Ele que sumiu pro outro lado do país! Disse que a gente ia pra lá depois de um tempo, mas ao invés disso pediu divórcio da mamãe.

André: Não é legal você trazer essas coisas aqui pra casa! Pessoal lá na escola já tem falado sobre você, sabia? Todo mundo sabe que o Gui fuma, e muito. Não é legal você andar com um cara assim, já tão dizendo que você é igual.

Dora: Ah é? Pois eu não tenho nada que dar satisfação pra eles, e nem pra você! Cuida da sua vida! Você deve é tar doido pra experimentar, mas tá com medinho, né, bebezinho?

André: Se quiser se ferrar é problema seu. Só não acho legal você trazer essas coisas pra casa, se a mamãe descobre...

Dora: Ela só vai descobrir se você contar pra ela! Me deixa em paz!

André: A mamãe não merece isso, você sabe. Ela se mata de trabalhar e você não ajuda em nada, só sabe reclamar, nem na escola não quer ir. Ela gastou dinheiro até que não tinha pra te comprar um presente de aniversário e um bolo, sabia? E você fica ai, fumando. Tinha vindo te
desejar feliz aniversário, mas quer saber? Não ligo se quiser destruir sua vida, Fique à vontade.

André sai de cena.

Dora: É. meu aniversário, mesmo assim ninguém da galera veio falar comigo. Emília, Gui, eles estão andado tão estranhos, cheios de segredinhos, somem do nada quando a gente sai, nem conversam comigo direito. Eu devia ter experimentado naquele dia, devia. Eu não vou ficar viciada, deve ser que nem bebida, né? Tem quem bebe só socialmente, não é ser viciado. O Gui, a Emilia, eles não são viciados, foram só corajosos. Quando eu encontrar com eles de novo vou falar que quero. É Isso.

Gui chega na gente do palco e chama Dora.

Guilheme: Dora! Feliz aniversário!

Dora desce do palco e abraça a Gui.

Dora:Gui! Pensei que tinha se esquecido de mim. Vocês todos sumiram.

Guilherme: Claro que não te esqueci, vamos deixar a conversa pra depois, afinal, é seu aniversário e temos uma surpresa lá no Naldo pra você.

Eles vão para o palco onde Naldo, Emilia e Rafael estão esperando.

Chegando lá todos se сumprimentam.

Naldo: Então, está na hora da grande surpresa! Pra vocé, Dora, purissima. Dessa vez você não vai recusar, né? Afinal, é presente de aniversário, e presente, não se recusa.

Todos se sentam, Naldo distribui as carreiras, cheira e passa o canudo pra Dora, que aceita e cheira também.

Emília: Bateu, Dora?

Dora: Bateu. Legal.

Todos riem, cheiram e dançam por um tempo.

Dora: Gente, tenho que ir, já é quase meia noite! A chata da minha mãe vai encher o
saco se eu chegar mais tarde que isso. Gui, você me leva?

Emília: Eu vou ficar até mais tarde. Se cuida.

Dora e Gui se despedem, saem pela frente do palco, os outros saem de cena. Gui e Dora sobem no palco e se despedem. Gui sai de cena e Dora se deita.
Passado um tempo Cleuza entra no quarto de Dora e a sacode até ela acordar.

Cleuza: Onde está Emília? Ela não chegou em casa até agora, a mãe dela tá desesperada. Onde vocês foram ontem no seu aniversário? Onde ela está?

Dora: Não sei, māe, ontem fomos num barzinho, o Gui me trouxe, mas ela ainda estava lá quando vim.

Cleuza: Me diga a verdade, Dora, você anda bebendo

Dora: Mãe, não suporto álcool, você sabe disso.

André: (Chegando no quarto) - Emilia está aqui, ela quer ver a Dora.

Dora: Pede pra ela entrar.

Cleuza: Até o sumiço dela ser explicado você não sai de casa.

Cleuza e André saem, Emilia entra com uma aparência pėssima, senta-se ao lado de Dora e começa a chorar.

Dora: O que aconteceu?

Emília: Nossa, foi horrivel, tive maior quebra pau com minha mãe quando cheguei, mas isso não é o pior.. Sabe, ontem depois de você ir eu continuci cheirando, bebi um pouco de vodka, é incrível, porque quando o ó bate legal eu me sinto o máximo, como se pudesse voar, mas depois que o efeito acaba dá uma tristeza, é horrivel, dá vontade de morrer, Dora! Então eu cheirei várias vezes pra segurar a tristeza, não sei o que deu em mim.

Dora: Conta, o que foi ?

Emilia: Só sei que uma hora tive o maior quebra pau com meu namorado, nem lembro porque, eu gritei, ele gritou; depois ele foi embora.. Eu bebi mais um pouco, cheirei... fui entrando numa loucura. Dai tinha um cara, amigo do Naldo, nem sei quem era, só sei que acordei deitada ao lado dele, só de calcinha. Lembro da confusão, dele me beijando, acordei me sentindo suja, suada, ele dormindo, ou melhor, desmaiado do meu lado. Poxa, um sujeito que cu mal conhecia, e eu gosto tanto do meu namorado, mas tipo achava que tinha que ser de um jeito especial, e, de repente, eu tava lá deitada do lado de um cara qualquer. Lembrar não lembro. Sexo, Dora. Transei. Nem lembro se foi bom, se foi ruim, mas não foi bonito, Dora. Voltei para casa pensando. É isso que quero pra mim? Esse negócio me deixa louca de mais..

Dora: É uma questão de saber se controlar, Emilia.

Emília: Eu também pensava assim, pensava, mas é esse bagulho que controla a gente. Desde que comecei a cheirar dá uma vontade, uma secura. Quando fico sem bate uma tristeza,
uma vontade de morrer. Resolvi parar hoje. Você também tem que parar Dora. Ou quer acabar com eu? Estou me sentindo um lixo, Dora, um lixo! Você e Gui têm que sair dessa.

Dora: Mas eu nem entrei!

Emília: Eu também pensava que não tinha entrado. Ah, Dora, tenho tanta vontade de chorar que você nem sabe...

Emília se deita no colo de Dora chorando. Pouco depois se despede e sai de cena.

Vida de Droga - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora