Cena 9

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Personagens: Dora, Gui, Policial, Sueli, Cleuza e Paulo.

Dora entra no palco, Gui entra pelo outro lado.

Dora: Gui? É mesmo voce?

Gui: Dora!

Dora corre até ele e eles se abraçam.

Dora: Mas, você por aqui? Por mim tinham te levado pra uma clínica, achei que você tava limpo agora.

Gui: Claro que estou limpo! Não sou mais viciado, agora sei me controlar. Nossa, eu estava com tantas saudades, eu pensava em você o tempo todo, achei que nunca mais ia te ver!

Dora: Eu, também, nossa.. Espera um pouco, olha aqui o que tenho! (Mostra um pacote pra ele) Arrumei umas pedras, vamos comemorar que a gente se encontrou de novo. Nossa, só não suporto mais a insistência desse cara de quem to comprando, vou procurar outro, vive insistindo pra eu pegar as pedras de graça em troco de. quer saber? Deixa pra lá.

Gui: O que tem?

Dora: O que tem o que Gui?

Gui: Sair com ele.

Dora: Mas ele é horrivel, Gui.

Gui: Deixa de frescura, Dora. Acha que não sei o que você anda fazendo? Acha que eu não sei das suas histórias, de como você arruma dinheiro, que você tava com o Elias. Eu sei de tudo Dora, então não vem dar uma de santinha agora, ou você acha que pode ser exigente assim quanto aos caras que você sai? Sai com ele de uma vez, ia facilitar, você conseguia o bagulho de graça pra gente...

Dora: Gui, não acredito que você disse uma coisa dessas.

Gui: Sei lá. Você mudou muito, Dora.

Dora: E você Gui? (Começa a chorar) Sabe, quando te vi fiquei feliz como não estava em muito tempo, que a gente ia poder se ver de novo, sair de novo, mas agora vejo quem você realmente é, você só queria se aproveitar de mim, que eu conseguisse drogas pra você. E eu achando que você me amava.. Gui.. acho melhor a gente dar um tempo.

Gui sai do palco. Dora chora um pouco e vai andando pela frente do palco, surge uma policial e segura Dora prendendo seus braços atrás das costas.

Policial: Você é uma das que moravam naquela casa abandonada. Sua amiguinha rica fez o favor de dedar vocês, sabia? Um tio acho ela na rua, voltou correndo pra asinha do papai e dedou todo mundo. A gente já vinha suspeitando daquela casa há um tempo, que tinha gente lá a gente sabia, só faltava a certeza de que tinha mesmo drogas pra poder prender o povo. Se bem que você parece ser bem novinha, com certeza é menor. Deve ir pra FEBEM então. Qual seu nome? Quem sabe não dá sorte de achar sua família e poder voltar pra asinha do papai também que nem sua amiguinha né? Anda, responde! Qual seu nome, garota?

Dora: Regina.

Policial: Anda logo, vamos pra delegacia. Já tem uma garota lá da sua idade, alguém pra você conversar, essa menina que tá com você não para de falar um segundo, quem sabe assim você não solta essa sua lingua presa, hein, Regina?

Leva Dora até o palco onde está Sueli, Dora senta ao lado de Sueli, a policial sai de cena.

Sueli: Oi, qual nome?

Dora: Dora, mas eu disse que me chamava Regina.

Sueli: Eu sou Sueli. Você não tá com uma cara muito boa... Deve ser a falta, né? Calma, é dificil mesmo, pensei que ia enlouquecer quando vim pra cá, deve ter o quê? Uns vinte dias? É acho que é isso.

Dora: Vinte?

Sueli: É, parece muito né? No inicio foi uma tortura, principalmente a falta das drogas, que por aqui a gente é obrigado a ficar limpo. Mas agora já to de boa, sabe? A gente normalmente fica aqui um mês ou dois e depois é transferido pra outra unidade, isso quando não vai direto pra uma clínica, depende muito do caso. Pra mim, vai ser bem dificil sair. Fui pega
com muita pedra. Eu era o que chamam de avião, de laranja, sabe? Tipo, eu vendia, mas não era traficante, o dinheiro era mesmo pra comprar mais pedras pra mim. Fizeram uma batida lá onde eu tava, fui pega. Agora percebo que eu dava muito mole sabe? Fui pega de besteira. Secura, falta das drogas até que não tenho sentido tanto mais esses dias. Minha familia tem vindo me ver. O dificil mesmo tá sendo ficar longe do meu filho.

Dora: Filho?

Sueli: É, ele tá com seis meses, uma graçinha, você tinha que ver. Você não tem nenhum? Minha mãe cria ele. Como eu disse, eu dava muito mole, sabe? A pesar de vender o dinheiro tava pouco, fiquei sem grana e acabei saindo com uns carinhas e com o traficante que vendia pra mim pra conseguir de graça, mas no final tudo o que consegui foi um filho. Nem sei quem é o pai, e prefiro não saber tambėm. Com sorte não peguei doença nenhuma também. Meu filhinho, ele tá com a minha mãe então sei que ele vai ficar bem. Quero mesmo é sair daqui, ir logo pra uma clínica pra poder ficar junto dele.

A policial entra em cena novamente.

Policial: Sueli você vem comigo. Regina, ou melhor, Dora, tem visitas aqui pra você.

Sueli e a policial saem, entram Cleuza e Paulo.

Cleuza:Dora!

Dora: Mãe! (começa a chorar)

Cleuza: Por que fugiu de casa? Vem, você volta pra casa, conosco. (há uma pausa, Dora encara Paulo) Bem, é melhor você saber de uma vez, filha, este é Paulo, e nós estamos juntos. Nunca perdi as esperanças de achar você. Pesquisei um pouco, sei que é dificil largar as drogas, você quer largar, não quer? Eu liguei pra uma clinica antes de virmos pra cá. Entenda filha. Eu faço isso por amor. A clinica é cara, seu avô vendeu a casinha de aluguel em minas pra ajudar a pagar. Você irá hoje mesmo, logo estará bem de novo.

Cleuza abraça Dora, os três saem de cena.

Vida de Droga - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora