Capítulo 11 Então Quem Você Será Yurio?

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[ Dias antes para o inicio do Grand Prix ]

Sentado em uma cadeira já desgastada pelo tempo, o avô de Yurio, ascendia seu cigarro e o levava sobre seus lábios secos e trincados, balançando lentamente em meio ao ranger da madeira velha daquela cadeira, seus olhos já estavam cansados enquanto rodeavam todos os lados daquela bela varanda.

Os céus estavam carregados e parecia que iria vir uma tempestade, lentamente o clima ia se esfriando conforme a direção do vento mudava naquele final de tarde, sobre o bolso de seu casaco havia uma foto já envelhecida com o tempo, seu coração palpitava forte enquanto seus dedos trêmulos a retiravam do casaco.

-Ah Dorate, você iria se orgulhar de quem o nosso netinho se tornou ... só me pergunto como que ele ficará após o segundo selo se romper, sinto sua falta minha querida, mas também o amor que tenho pelo nosso Yuri, me fez a cada dia adiar este momento. (Dizia ele enquanto uma lágrima escorria de seus olhos em meio a fumaça do cigarro que saia de suas narinas).

Naquela o vento soprou com mais intensidade, balançando os vasos de plantas suspensos na varanda, e a ponta de seu cigarro havia se apagado, com um sorrio em seus lábios, aquele senhor se levantava de sua cadeira de madeira, e calmamente ia para dentro daquela enorme casa.

Abrindo a porta de seu quarto, ele ascendia a lâmpada para conseguir enxergar melhor, caminhando vagarosamente, o avô de Yurio se dirigia a uma escrivania que havia em seu escritório, abrindo uma gaveta, ele pegava um envelope que parecia ter bastante coisa em seu interior, suas mãos seguravam uma caneta já desgastada, lentamente ouvia o barulho de um papel sendo arrastado sobre a madeira da mesa, diante de si mesmo, olhando para aquele espelho em sua frente, naquele instante, as primeiras palavras começavam a serem formadas naquele papel em branco.

Seu rosto enrugado e ressequido, era molhado pelas gotas de lágrimas que corriam sobre sua pele, os sons de suspiros e gemidos se misturavam com o som da caneta riscando o papel, após algum tempo, suas mãos já sem forças começavam a dobrar aquela folha, a colocando sobre o envelope, dando-lhe um beijo, ele volta a guarda-lo dentro daquela gaveta.

-Espero meu netinho, que você consiga suportar tudo o que está por vir ... Sei que no momento você não irá entender, mas nunca duvide do meu amor por você, o vovô te ama muito. (Dizia o avô de Yurio coberto por suas lagrimas enquanto beijava a foto de seu neto frente ao espelho da escrivania).

[ Anos Atrás ]

- Existia uma história, uma profecia que dizia, um menino iria nascer em meio ao inverno, na decadência de sua terra, em meio a lareira e o fogo, repousando sobre os braços de um selo, cercado por doze, trazido sobre as asas de um anjo, contendo asas de um querubim, a ele seria dado o poder de restaurar, e se levantará em meio ao mundo, trazendo a revelação de um livro ... como se fosse um segredo. (Dizia Dorate já com seus cabelos meio grisalhos enquanto segurava o pequeno Yurio em seus braços).

Balançando sua cadeira de madeira em frente a lareira, o rostinho daquele lindo bebê resplandecia o fogo, em meio ao inverno frio e sombrio que a Russia vivia naquele século.

-Sei que não está me ouvindo meu netinho, mas as vezes me pergunto, se esta história seria apenas uma lenda, ou uma profecia bem distante? Vai saber, todos nós somos apenas meras peças que mexemos nesse grande tabuleiro que é a vida. (Dizia Dorate dando-lhe um beijo na testa enquanto Yurio dormia confortavelmente em meio ao calor da lareira).

[ Nos Dias Atuais ]

O corpo do avô de Yurio já estava frio por causa da neve que o cobria, havia um silêncio medonho sobre aquele lugar, nem mesmo os pássaros cantavam, nem tão pouco sequer se ouvia o soprar do vento, em meio aos riscos no gelo, e o choro de seu olhar, o planeta ficava de pé e aplaudia a mais nova estrela em ascensão no mundo da patinação artística, subindo lentamente os degraus do pódio da primeira competição do Grand Prix, Yurio não conseguia acreditar em que seus olhos estavam contemplando, sobre sua cabeça se estendia a bandeira da Russia, a sua frente um tapete vermelho a sua espera.

Por todos os lados em que se olhava, viam gente de todas as partes do mundo dentro daquele ginásio gritando euforicamente o nome de Yurio, pela primeira vez uma medalha de ouro repousava sobre seu peito, Victor assistia a tudo com bastante cautela, pois esta seria sua primeira medalha de prata a estar sobre seu peito juntamente com Yuri Katsuki.

- Por todo esse tempo, acho que nunca sentir essa sensação de não estar no topo, achei que tudo se remetia a mim, mas no fundo acho que eu estava enganado. (Dizia Victor meio que em sussurros para que ninguém pudesse ouvi-lo).

-Hã? Desculpe amor mas disse alguma coisa? (Perguntava Yuri em meio aos fritos eufóricos das pessoas naquele ginásio).

Meio perplexo diante da pergunta de seu namorado, Victor abre um sorriso desconcertante em seu rosto.

-Não eu não disse nada ... Apenas que o inicio desse Grand Prix começou de uma maneira bastante interessante. (Dizia ele enquanto tentava se justificar diante da situação).

Pela primeira vez em um campeonato de estrelas mirins o hino nacional russo estava sendo executado diante do mundo, pela primeira vez, um adolescente de 15 anos conseguiu colocar o planeta na palma de suas mãos, como se fosse um verdadeiro querubim ao levantar voo pela primeira vez e descobrisse a sensação de voar.

Em meio a gloria de Yuri Plisetsky, estava algo guardado a muitos anos em uma gaveta, perto dele mas ao mesmo tempo tão longe, na mesma casa, e em sua mesma rotina, as vezes seus olhos já o viram, mas nada subiu ao seu coração, tudo está tão perto mas ao mesmo tempo tão longe das mãos frágeis e delicadas de Yurio.

Dentro daquela gaveta havia uma mensagem, uma escrita deixada por seu avô, perto de suas coisas, a poeira logo começava a cair sobre os móveis, o frio invadia as paredes e aos poucos as janelas se embaçavam para esconder aquele quarto esquecido da imensa casa dos Plisetsky.

"Existem pessoas capazes de realizar coisas comuns, mas existem aquelas que são capazes de realizar aquilo que as demais não conseguem, quem nós seremos? bem isto somente nós mesmos podemos responder, então quem você será Yurio? Com amor de seu avô querido"

[Escrita a qual estava sobre o envelope deixado pelo avô de Yurio]

Yuri On Ice A Redenção de Yuri PlisetskyOnde histórias criam vida. Descubra agora