O linguado banhado com vinho rosé

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Era difícil descrever quão diferente estava sendo aquele encontro. Um típico seria uma passada em algum bar e sexo, mas Adam estava se esforçando, um pouco demais até, para aquilo ser diferente, marcante e profundo.

— Como está seu salmão ? — perguntou tomando um gole de vinho branco.

— Ótimo — afirmou encarando o prato dele — Você não tem do? — Adam a olhou sem entender e ela continuou — Você está comendo o amigo da pequena sereia.

Adama deu uma longa e gostosa gargalhada o que levou Samantha fazer o mesmo e desenvolver uma crise de riso repentina, ambos passaram boa parte do tempo rindo feito bobos, eles tentaram parar, mas toda vez que se olhavam riam novamente.

Para o jovem Davalos era assustador se sentir confortável perto dela, a cada momento que percebia que estava à vontade demais, ele se esforçava a lembrar o real motivo de tudo.

Samantha tagarelava sobre o andamento da nova grife que ela criou, Adam observava e admirava cada detalhe dela, em sua cabeça uma guerra era travada.

" Vocês não consegue ver que ela não é o monstro que você pensava? "

" Não pode cair nos encantos dela, é uma Duncan, esse é o dom deles "

"Para de ser tão cético, Sam é uma ótima pessoa e vocês vão ficar juntos para sempre"

— Adam — chamou Samantha tocando a mão dele que agradeceu por sair de seus pensamentos — Tudo bem ?

— Tudo, é que você é tão bonita que me distrai — declarou dando um sorriso amarelo.

— Não comece com chaveco furado, é melhor que isso — Samantha implorou o fazendo rir — então, me fale de você.

Adama respirou fundo, tanto ele quanto Amanda tinham tudo memorizado e uma bela história ensaiada.

— Minha família era daqui e com o passar do tempo perdemos espaço — ele proferia cada sílaba como se fosse um cantiga —Voltamos para nosso país e vamos conquistar tudo que é nosso por direito.

— Nossa ! — exclamou admirada , mal sabia o perigo que se metia a cada segundo — Você realmente ama sua família não é?

Adam a olhou nos olhos, por um momento ele esqueceu o disfarce, havia raiva em seus olhar, um pouco misturado com dor. Estava gostando dela.

— Adam — sussurrou levemente assustada.

— Desculpe — pediu abaixando o olhar e um riso sem graça — Sim, família é tudo para mim.

— Fazemos qualquer coisa por eles — comentou Samantha se distraindo com a taça na sua frente com vinho tinto.

— Você não faz ideia — murmurou perdendo o foco de seus olhos nela.

O resto da noite foi extremamente agradável, Adam contou um pouco de sua falsa infância e encantava Samantha a cada detalhe mentiroso. Tudo corria conforme o plano dele, menos a parte que algo acontecia em seu estômago toda vez que ela tocava em alguma parte do braço dele ou como ele sorria involuntariamente toda vez que ela sorria ou colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Queria poder ir caminhando com você até o palácio — afirmou assim que eles se encontraram na calçada do restaurante com os dois guarda – costas a espera deles — Não consegue dispensar eles ?

— Não — choramingou um pouco desapontada, até se lembrar de quem realmente era — Mas podemos despistar.

Adam sorriu com a ideia, tudo que precisava era ficar completamente sozinho com Samantha a rede já estava lançada e o peixe tinha caído, só faltava puxar e jantar.

Samantha foi até os dois armários e pediu para Gregg, o negro e um dos antigos seguranças e bem inteligente, entrar no restaurante e buscar o casaco que ela tinha esquecido. Deixando Bean, um novato ruivo e bem bobinho, sozinho, bastou apenas dizer que iria se despedir de Adam no carro dele e conseguiu o que queria. Assim que Bean se virou um pouco para falar com Gregg no fone, Adam deu uma arrancada com o carro e sumiu da vista deles.

Dentro do veículo eles riam e cantarolavam qualquer música que passasse na rádio, Samantha nunca tinha se sentido tão feliz.

— Para onde? — questionou Adam em um farol antes do túnel que levava para o caminho do palácio.

— Para sua casa, não quero escutar minha mãe — pediu sorrindo quando ele fez o contorno para pegar a ponte indo em sentindo as montanhas.

Ele dirigiu por mais uns 15 minutos, até parar em uma rua sem movimentos, cercada por pinheiros e que levava diretamente para as montanhas.

Aquela era o momento de agir.

— O que foi ? — indagou Samantha quando parou de sentir o vento bater em seus cabelos.

Adam estava virado parcialmente para ela, tinha um mão no volante e outra no cambio do carro, olhava para ela de maneira selvagem.

— Adam ! — exclamou estalando os dedos.

— Preciso dizer e fazer uma coisa e não quero deixar para fazer na minha casa — avisou passando a mão no cabelo.

Antes que Samantha pudesse abrir a boca para dizer alguma coisa, Adam se inclinou e selou os lábios dos dois, sem entender ela quase recuou, mas ela queria mais, muito mais. Ela encontrou o cachecol dele e o puxou para si, ele entendeu e abriu a boca junto com ela, ambos deram espaços paras línguas, o gosto do beijo foi de vinho rosé.

Foi um beijo doce e calmo, diferente do que se podia imaginar para os dois. Mas Samantha queria mais, na verdade os dois queriam mais. Ela o empurrou e sentou em seu colo, deu uma boa olhada para ele, sabia como seduzir mas as palavras que ele sussurrou mudou tudo.

— Eu gosto de você ! — assumiu enquanto se enfiava entre seus cabelos.

Uma surpresa para ela, que se entregou ainda mais. E uma surpresa para ele que soube naquele momento que tinha estragado todo seu plano de anos.

Notas Finais

Royal SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora