UMA ALUNA NOTA DEZ.
ÍNDICE
CAPITULO –I
CAPITULO – II
CAPITULO –III
CAPITULO – IV
CAPITULO – V
CAPITULO –VI
CAPITULO –VII
CAPITULO – VIII
CAPITULO –IX
CAPITULO X
CAPITULO-FINAL.
UMA ALUNA NOTA DEZ.
PRÓLOGO
1985.
DÉCADA DE 80 OU ANOS 80 OU TANTO FAZ...
Essa foi uma época marcada por uma verdadeira revolução mundial, tanto na política, como no socialismo em geral.
Época em que não havia leis e regulamentos em defesa dos pretos nem da classe feminina, muito menos dos fracos e oprimidos.
O racismo era um preconceito expressivamente pela maioria dos burgueses, ser preto e pobre eram combinações imperfeitas para qualquer ser humano. As mulheres eram desrespeitadas, depois da primeira transa se não fosse com um cara honesto o que quase não acontecia, caiam na língua do povão, havendo poucas escolhas, a grande maioria casava-se mesmo contra a vontade, para não cair no descrédito de ser moça mal falada. Tudo isso acumulado a uma cidade do interior, tinha um efeito devastador.
Quanto ao racismo era usado de maneira grotesca, pessoas negras era humilhada pelos burgueses sem constrangimento algum, sem desculpas, nem perdão, não havia leis que proibisse ou mostrasse para os aristocratas que estavam agindo de maneira equivocada, e que ser preto era só a cor da pele, em algum lugar dentro dessa pessoa existia uma alma um espirito, e que ele também possuía os mesmos órgãos que o branco ou o rico, ou um outro qualquer.
E que pessoas negras eram pessoas cheias de sentimentos, na maioria das vezes, eram pessoas de sentimentos nobres, de muita inteligência e capacidade, almas cheias de bondade.
Também foi uma época marcada pela revolução artística tanto no Brasil, como no resto do mundo, letras musicais falando e incentivando jovens a gritar por liberdade.
E foi nessa época que eu e Luiz Cláudio nos conhecemos.
Duas cidades do interior de Pernambuco marcadas em nossas lembranças para sempre.
Meu pai um pequeno comerciante de folheados a ouro na pequena cidade de Carnaíba, pertinho de Afogados da ingazeira que nos proporcionava grandes festas à noite, havia o aeroclube afogadense e também boates muito boas como a boate "a cabana" e pouco tempo depois inauguravam a boate "a marquise "que ficava em frente da praça central de Afogados, funcionava em cima de uma loja de tecidos e o terraço onde muita gente namorava ou conversava ou até saia para respirar o ar fresco de cidade interiorana, era na marquise do andar de cima, um lugar gostoso para curtir uma noite tranquila que deixou história na vida de muita gente. E foi em uma dessas noites que esbarrei com Luiz Cláudio, um jovem um pouco mais velho que eu, tinha um sorriso lindo mostrando uma fileira de dentes brancos, era somente o que ele tinha de branco, Claudio era negro.
Meus amigos eram filhos de pais com um poder aquisitivo razoável, somente Gabriel trabalhava na empresa do pai, e tinha seu próprio carro, e a confiança da minha mãe com isso não perdíamos uma festa nos finais de semana tanto em Afogados como em outras cidades. Nós morávamos no centro da cidade de Carnaíba, eu meus pais e minha irmã mais velha, Taciana, essa nunca gostou de festas, gostava mesmo era do filho de um grande empresário no ramo de materiais de construção, que morava em frente de nossa casa, o Rubens, e fazia de tudo para proteger seu relacionamento com um burguês, nossa mãe gostava mesmo era de dinheiro, se tivesse ... isso bastava. Nosso pai desdobrava-se em dois para conseguir suprir todas as nossas necessidades femininas, sem nos preocuparmos, achávamos que ele era imortal, aliás eu sempre achei que pais eram pessoas imortais. Na semana que os rendimentos da família eram pequenos todos ficavam sabendo, não só em casa como toda a nossa vizinhança, D. Pedrita fazia escândalos brigando com seu Aristeu, gritando que estava precisando disso e daquilo, se fazendo de vítima, deixando o coitado do seu Aristeu envergonhado. E para fugir dessas confusões familiares, eu Tereza Cristina saia com a minha galera, indo a festas dormindo em casa de amigos voltando somente um ou dois dias depois, e nem sempre dava explicações, ela sabia com quem eu estava e isso era o suficiente.
Dessa vez a festa acontecia no aeroclube Afogadense e lá estávamos, eu e meus amigos de festa, Gabriel, Pedro, Ângela e Sueli, já havia conhecido Luiz Claudio, havíamos no encontrado algumas vezes e todas vezes, ficamos juntos beijávamos, namorávamos, nada que eu acreditasse que tínhamos compromisso. Mesmo por que todas as vezes que ficamos no outro dia ouvia a gozação dos meus amigos, ninguém sabia quem ele era o que fazia e nem se davam o trabalho de chama-lo pelo nome, apenas me diziam: __. Olha lá o seu negrinho... __. Ficou com o negrinho de novo? E por aí vai.... Mais nele havia algo que eu gostava além dos seus beijos que eram simplesmente de tirar o folego, havia muita sensibilidade, sua voz mansa parecendo uma melodia em meus ouvidos, seu cheiro que ficava embebido em minha roupa por vários dias, seu jeito de me olhar, e o seu sorriso.... Ah! ...esse era simplesmente lindo. __Só eu que achava, assim meus amigos me diziam.
Nesse dia estava tudo muito estranho, me encontrei com ele, na pracinha que havia em frente do clube, ele me abraçou forte na frente dos meus amigos eu pude ouvir riso abafados, principalmente de Gabriel que era o mais piadista da turma. Fiquei chateada mais não disse nada, fiquei com Claudio durante toda a noite, bebemos dançamos e já no final da festa saímos andado conversando, sentindo a brisa fresca da madrugada do sertão Pernambucano, e nessa caminhada chegamos a represa da barragem de brotas, lugar turístico, onde os casais refugiavam-se, para namorar.
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DOIS EM UM
RomanceDOIS EM UM . Conta duas historias vividas no interior do estado de Pernambuco na década de oitenta onde ainda se usava o aparelho telefônico na sala, e as pessoas se olhavam diretamente nos olhos, onde amor não era confundido com sexo, pelo menos pa...