4 ✓

317 29 2
                                    

REVISÃO FEITA COM SUCESSO ✓
_______

Planeta Terra, ano de 2703.

                     

Pugliese's point of view

                     

"Corre Chris." Gritei enquanto puxava a mão de meu irmão as pressas e sustentava o celular no ouvido com a outra. Meteoros caindo por todos os lados. Alguns pequenos do tamanho de uma mão, outros grandes do tamanho de uma casa.

                     
"Você viu a mamãe?" Ele perguntou enquanto corria. Sua cara de espanto não se diferenciava da expressão das outras pessoas que corriam por ali.

                     
"Sim. Estamos chegando. Estou na linha com ela." Falei um tanto desesperada. Gritos, choro, súplicas e um único pensamento: É o nosso fim.

                     
"Priscilla, aqui." Ouvi a voz de minha mãe pelo celular e suspirei em alívio. "A direita."

                     
"Mais 300 metros, Chris." Gritei ao ver de longe o prédio que minha mãe havia mencionado. Senti meu irmão soltar minha mão e sorrir pra mim.

                     
"Que tal uma aposta? Garanto que chego primeiro." Falou enquanto ainda corríamos. Assenti e ele contou até três. Disparei em sua frente.

                     
250 metros.

                     
Não olhei para trás, mas sabia que estava na frente. Vi minha mãe de longe com a expressão ainda preocupada, porém um sorriso brotou em seu rosto.

                     
200 metros.

                     
O prédio onde minha mãe falou que era para encontrá-la ficava cada vez mais perto. Logo em frente ao mesmo estava a entrada para um esgoto e era na entrada do mesmo que ela estava me esperando. Talvez os Meteoros não cheguem lá.

                     
150 metros.

                     
Meus pulmões já queimavam. Nunca fui do tipo que faz exercício físico.

                     
100 metros.

                     
Gritos e mais gritos. O ar já se fazia tóxico, alguma substância adentrara a Terra junto com os Meteoros.

                     
50 metros.

                     
Minha mãe mudou sua expressão para  alívio quando me viu quase ali. Me joguei no chão e deslizei até a entrada, puxando o máximo de ar possível. Me virei para Chris, ele ainda corria, mas tropeçou em algo e arregalei os olhos.

                     
"Chrisss..." Gritei, voltando a me levantar, saindo dali e correndo em sua direção.

                     
"Vocês precisam entrar." Minha mãe gritava. "Agora." Os gritos de minha mãe no fundo foram virando apenas ecos em minha mente ao ver o que veio em seguida.

                     
Há poucos metros de chegar nele vi um dos Meteoros atingir em cheio sua cabeça, esmagando-a. Arregalei os olhos e caí de joelhos.

                     
Tinha o tamanho de um saco de ração de 25 kgs. Senti algo quente escorrer de meus olhos, mas não pude decifrar se realmente chorava, já que não sentia o meu corpo.
                                   
                       
Os gritos desesperados de minha mãe no fundo junto com a imagem em minha frente fez acontecer pela primeira vez a famosa sensação: Vazio.

"Não, não, não, não." Eu dizia apertando forte os olhos, mas ao abrir a cena não se desfazia. "Meu irmãozinho não. Oh meu Deus!" O desespero veio em forma de tremores em meu corpo.

"Você precisa entrar, Priscila." Meu pai gritava de onde estava. "Mija, você precisar entrar. Agora Priscilla."
"Ele não podia..." Soluços não me deixavam falar direito. "Oh meu Deus, isso precisa ser um pesadelo." O grito agudo de Taylor no fundo só me mostrava o quão real aquilo era. Senti braços me rodearam, me puxando do chão.

"Você precisa entrar agora, Priscilla." A voz de meu pai soou e soube então que era ele ali.

"Não, papai. Não podemos deixar o corpo dele assim ali. Não, por favor." Supliquei em meio ao choro.

"Se não entrarmos agora iremos morrer aqui, filha."

"Priscilla, por favor, mana. Por favor." Uma Taylor desesperada gritava no fundo. Me permiti olhar ao redor, Meteoros cada vez maiores caíam por todos os lados. Alarmes de carros disparavam a todo o momento por terem sido atingidos, pessoas caídas e machucadas, outras já mortas.

"Priscilla, você precisa vir. Precisa entrar."

"Você precisa entrar, Priscilla." Acordei de minhas lembranças. "O que houve com você? Estou há tempos falando que precisa entrar. Estamos com 13 balas, merda. Entra logo." Demi falou e assenti, engolindo a dor e deixando apenas o vazio de sempre.

Desci as escadas e alcancei a garota. Demi veio logo atrás de nós.

"Okay. Foi fácil entrar, sair vai ser mais difícil." Demi falou. "Vamos logo com isso, vai logo anoitecer e não quero ter que sair com apenas 13 balas em pleno escuro." Natálie assentiu e saiu correndo.

"Mamá, papá?" Gritou. Me permiti olhar em volta. Apesar de ser dia lá em cima, aqui em baixo é bem escuro. Algumas lamparinas no canto iluminavam bem pouco o lugar.

"Kaki?" Uma voz fina se fez presente e vi o sorriso de Natalie se abrir.

"Sim, pequena. Sou eu." Então uma criança saiu correndo do canto escuro e pulou em seu colo. Não pude reparar direito em seus traços, porque o escuro não me permitia.

"Você conseguiu?" A criança perguntou. Ouvi Natalie suspirar.

"Não, quase fui pega, mas trouxe algo melhor." Falou animada. "Eu trouxe ajuda." Pelo jeito que sua voz saiu percebi que sorria.

"Papá! Papá!" A criança gritou e Natalie a pôs no chão.

"Sofi, essas são Priscilla e..." Olhou para Demi e pra mim sem graça.

"Demi, mulher. Porque o nome dela você não esquece e o meu sim?" Vero perguntou e ri.

"Desculpe." Pediu sem jeito. "E Demi. E meninas, essa é minha irmã Sofia."

"Elas vieram trazer comida pra gente?" Sofia perguntou em um tom calmo. "Porque a minha barriguinha está doendo já, Kaki. Olha." Falou erguendo a camisa e vi Natalie suspirar.

"Não, princesinha, elas vieram para nos levar para um lugar onde não tem esses bichos e onde teremos comida sempre." Falou. Um alto grunhido se fez presente e vi a sombra de um homem se aproximar.

"Bobagem." Sua voz ecoou. "Não existe lugar seguro na Terra onde essas aberrações não estejam." Falou irritado ao chegar bem perto. Seus olhos me analisavam dos pés à cabeça  e sua carranca era nítida. Por estar bem perto pude reparar que aparentava ter seus 50 e poucos anos no máximo. "No seas pendeja! Não há salvação para esse lugar." Cruzou os braços e me olhou sério. "Então me digam, quem são vocês e por quê estão mentindo para minha filha?" Respirei fundo. O homem realmente me assustava mais do que os brutamontes lá de fora.

"Papá, eu vi a nave. Elas têm armas que matam aquelas coisas." Natálie falou.

"Que família difícil." Demi reclamou bufando logo em seguida e a belisquei para que se calasse.

"O senhor tem razão. Não há lugar seguro na Terra." Falei e olhei para Natalie. Vi seu sorriso morrer na mesma hora. "E é por isso que vamos levar vocês para fora do planeta."         

☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆ ✓  G͜͡E͜͡N͜͡E͜͡S͜͡I͜͡S͜͡Onde histórias criam vida. Descubra agora