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REVISÃO FEITA COM SUCESSO ✓
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Planeta Gênesis, Ano de 2703.

                     

Narrator's Point of view

                     

Calmaria; palavra bonita e sensação mais linda ainda, contudo, quando ela está presente tempo demais acaba-se tornando suspeita.

                     
"Priscilla?" A suave voz adentrou-lhe os ouvidos, trazendo a sensação de alegria. Aquela noite era calma, como as outras anteriores vinham sendo. Seis dias se passaram desde que Priscilla jogara a isca e, por enquanto, nada havia acontecido.

                     
"Como me achou aqui?" A garota dona dos olhos verdes indagou curiosa, virando-se para fitar a mais nova. Uma doce risadinha foi ouvida e Priscilla se concentrou na escuridão dentro de si para não sorrir com tal melodia.

                     
"Bem, digamos que por você morar aqui e esse ser seu quintal não fez da minha tarefa algo muito difícil." Falou sorrindo. "Também tenho a vantagem de morar logo ali." Natalie disse se virando rapidamente para apontar para sua casa.

                     
"Certo." Priscilla disse assentindo com a cabeça.

                     
"O que faz?" Natalie perguntou se aproximando. Priscilla estava sentada admirando o céu. Ela vinha fazendo isso todos os dias naquela semana e Natalie sabia, pois perdia horas do seu precioso tempo admirando Priscilla do sofá de sua sala, através da enorme janela de vidro.
                  

"Aproveitando a temperatura gostosa para admirar o céu. Não é todo o dia que vou para a base 1 e não é como se o céu daqui se comparasse com o de lá, mas me agrada." Explicou.

                     
"Eu, hm, posso me sentar?" Natalie perguntou timidamente, mordendo seu lábio inferior.

                     
"Oh, claro. Não é como se eu fosse ficar muito mais tempo por aqui, mas pode sim." Falou e Natalie suspirou decepcionada, no entanto, se sentou calada. Sabia que Priscilla costumava ficar muito mais tempo ali e ao decorrer da semana notou que Priscilla estava lhe evitando. Isso não agradou o coração de Natalie, mas o que a pobre moça poderia fazer?

                     
O silêncio predominou entre elas e com ele veio o desconforto. Não estavam habituadas a não estarem sorrindo na presença uma da outra, contudo, Priscilla preferia esperar. Esperar para escavarem as fissuras. Tinha certeza de que aconteceria, ela nunca errava um palpite.

                     
Ou talvez fosse apenas seu medo de se envolver com alguém falando mais alto e criando paranóias em sua cabeça. Em seu mais profundo interior ela torcia para nada acontecer, se sentia bem ao lado de Natalie e a doçura e a áurea alegre da menina a inebriavam.

                     
Priscilla sempre fora do tipo que não se apaixonava; às vezes chegava até a desconfiar se tal sentimento realmente pudera existir, mas algo dentro de si despertou desde que Natalie apareceu; algo estúpido e idiota; sua parte mais desesperada e necessitada de atenção; a parte que escondera tão bem ao longo da vida.

                     
Com Natalie ela só sentia vontade de fazer coisas malucas que arrancasse sorrisos da menor, coisas imaturas? Talvez, mas desde que Natalie sorrisse nada mais importava. Sentia essa coisa crescente dentro de si, que sufocava sua respiração, como se a presença de Natalie fizesse alguém apertar seus pulmões e os impedirem de funcionar de modo correto.

                     
Priscilla lutava contra isso, mas havia momentos onde o vento fresco batia nos cabelos de Natalie, fazendo-os esvoaçarem de modo tão glorioso, levando seu cheiro adocicado e levemente cítrico para o interior de todo o corpo de Priscilla, momentos como aquele exato onde estavam.

                     
A mais velha deixou um suspiro longo se esvair de si e, de soslaio, fitou Natalie. Mulher de beleza pura e verdadeira; dona de uma expressão angelical de se arrepiar; era impossível ficar perto de Natalie Smith e não admirar desde suas curvas estonteantes até o jeito como ela lhe olhava de volta com a expressão confusa contendo um sorrisinho de lado.

                     
"Por que está me olhando assim?" Ela perguntou em um descuido de Priscilla, onde um disfarçado olhar se tornou algo óbvio demais.

                     
"Nada." A maior respondeu ainda vidrada em seu rosto, fazendo Natalie corar por alguma razão. As bochechas rubras só deixavam a garota mais linda ainda, se isso fosse possível.

                     
"Certo." A menor respondeu, rindo envergonhada. "Posso te perguntar por que você tem me evitado?" Perguntou de supetão. Priscilla não negou, nem pensou em fazê-lo, apenas mordeu seu lábio inferior.

                     
"Sua presença me intimida." Foi sincera em partes, fazendo Natalie franzir o cenho.

                     
"E por quê?" Perguntou, sentindo Priscilla arrastar seu corpo para mais perto dela. Engoliu em seco ao ver Priscilla encarar por longos segundos seus lábios.
                 

"Eu não sei." Priscilla disse. Seus olhos jamais deixando o rosto da mais nova.

                     
Como dizer a uma garota que era afim dela? Priscilla não sabia. Nunca precisou; as pessoas geralmente chegavam nela e pronto! O trabalho estava feito.

                     
"Se serve de consolo... Você me olhar assim também me intimida." Natalie confessou em um fio de voz. Sua respiração estava acelerada demais para ter certeza se sua voz não falhara enquanto dizia aquilo.
                   

"Oh..." Priscilla soltou tal expressão. "Desculpe." Pediu, fitando o chão.

                     
"Me entendeu errado." Natalie disse, tomando uma dose de coragem que jamais soube que tinha. "Eu não disse que não gosto da forma que estava me olhando, só disse que me intimida." Os intensos olhos castanho voltaram a lhe encarar e Priscilla suspirou, fechando os olhos por alguns segundos, como se estivesse travando uma luta interna.

                     
Seus olhos voltaram a se abrir assustados ao sentir o toque delicado dos dedos frios de Natalie sobre os seus. Fitou suas mãos e congelou. O que Natalie estava fazendo? E por que ela ainda não havia afastado a mão?

                     
"Parece que tem coisa demais se passando em sua mente." Natalie disse, jamais retirando sua mão de cima da de Priscilla. Priscilla não entrelaçou os dedos com os de Natalie ou deu sinal algum de que aquele toque havia sido aprovado e por isso Natalie ficou imóvel.

                     
"É, algo assim." A mais velha disse, engolindo em seco. Natalie assentiu e olhou para o céu por alguns instantes.

                     
"Certo." Ela disse envergonhada. "Eu acho que eu vou deixar você pensar, então." Falou, fazendo Priscilla assentir tensa demais.

                     
"Tudo bem." A maior respondeu.
                   

"Então, boa noite, Pri." Falou, retirando sua mão de cima da mão da mais velha. A súbita aceleração em seu pulso e a perda de ar vieram com o movimento a seguir de Natalie. A menina se inclinou e Priscilla podia ver que ela tremia, mas mesmo assim não pôde deixar de, delicadamente, escovar seus lábios com os de Priscilla, antes de dar um selinho rápido e se levantar, saindo correndo dali no momento seguinte.

                     
Priscilla queria ter puxado Natalie e ter beijado a garota novamente, de forma mais apaixonada, talvez desesperada, contudo, o medo ela nem sabia do que a atormentava. Só lhe restou morder seu próprio lábio inferior e ficar assistindo a figura magra, de vestido esvoaçante, correr em direção à sua casa, sem jamais voltar a olhar para trás.



                     
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Enfim... Até a próxima att.😚

☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆ ✓  G͜͡E͜͡N͜͡E͜͡S͜͡I͜͡S͜͡Onde histórias criam vida. Descubra agora