Ele estava na porta do garoto, seus braços cobertos de tatuagens e nenhuma outra cobertura nesses. Suava frio, as palmas da mão a ponto de pingar pelo nervosismo.
A troca de olhares era intensa, a tensão, palpável no ar e tão densa que poderia ser cortada com uma faca. Quando os olhos de Louis desceram, por um milésimo de segundo, aos lábios de Harry, ele sabia que estava certo. Ele sabia que tudo aquilo valia a pena, que todo o estresse, a busca incessante, o desespero e medo da falha, naquele momento era tudo poeira e palavras ao vento, porque ele sabia que havia sido correspondido, sabia que estava no endereço certo e exatamente aonde queria estar. Sabia que aquele sorriso, que sumiu em segundos dos lábios do menor, significava que ele também queria que o outro estivesse ali, que pensou sobre isso, mas não chegou a acreditar que seria real em algum ponto, o sorriso de quem não sabia como acreditar.
Ele poderia ter se declarado, poderia ter se desculpado ou até mesmo corrido para longe, mas ele só fez o que lhe ocorreu a cabeça e apertou as mãos contra a cintura fina, juntando seus corpos antes de sorrir com a expressão de olhos arregalados do mais velho e juntar seus lábios, ouvindo um fino "EW!" de longe, provavelmente de uma das meninas.
O menor não teve outra opção senão agarrar a nuca do mais velho e retribuir o beijo com o máximo de esforço que podia, mesmo que o dia tenha sido cansativo para ele.
O beijo era forte, porém calmo. Tinha uma pitada de saudade mesmo que fizesse apenas uma semana desde o último. Harry se viu assustado quando o outro mordeu forte seu lábio inferior,espalmando as mãos contra seu peito e o empurrando com toda força que tinha que com sorte não era muita, então ficaram parcialmente separados, as mãos do maior ainda descansavam em sua cintura.
- O q-que aconteceu? - Sussurrou com uma expressão tímida, brincava com os dedos contra o peitoral do outro.
- Você aconteceu. Eu tô me achando o maior idiota do século por não ter sequer imaginado que você seria a minha Cinderella. Mas era surreal demais o garoto que eu estava afim ter dado todo esse mole pra mim na festa, sabe? Me deixado beija-lo. Todas as dicas estavam na minha cara, mas eu me convencia a desacreditar, não aceitava que eram a mesma pessoa pelo simples fato de ser perfeito demais. Me deixa te tornar a mesma pessoa da festa? Por todos os dias. Te tornar meu. - Harry pediu. Ele nem mesmo sabia mais do que falava. Ele apenas falava o que vinha na sua boca sem nem mesmo passar por seu cérebro antes. Era o impulso de querer Louis com ele.
- Isso é um pedido de namoro? - Um sorriso sádico dançava em seus lábios, seu jeito sassy voltando com toda força.
- Sim, isso é. - Admitiu. Ele realmente esperava que Tomlinson concordasse, mas o garoto gelou, tentando veemente se afastar.
- Eu tenho que admitir que vocês dois abraçados na minha porta é a coisa mais fofa do universo, mas eu realmente preciso de ajuda aqui. - Uma moça bonita apareceu com sacolas de comida nos braços. O formato dos olhos era extremamente parecido com os do menor. Harry logo tendo sua suspeita confirmada por um grito do mais velho.
- Mãe! Que bom que chegou. Ernest está de castigo porque mordeu Doris, mas ele chorou e deixei ele no quarto vendo Tartarugas Ninjas. Daisy e Phoebe se negam a fazer a lição da escola porque está passando sobre alguma celebridade estúpida na televisão. Fizzy continua febril e Lottie está dando banho em Doris agora. - Desabafou, tomando da mãe boa parte das sacolas, a levando para dentro.
- Querido, me chame de Jay. Pode entrar, eu já libero Louis. Você é...? - A moça sorriu, tentando tirar uma mecha do rosto, mesmo com as mãos ocupadas.
- Harry. Eu uh... Vou indo. É eu vou indo. Prazer em te conhecer, dona Jay. - Harry sorriu, finalmente tendo ideia da merda que tinha feito e tentando se esquivar.
- Filho, o Louis nunca interage com alguém em casa. Não me lembro dele trazer alguém desde... Sempre! Por favor, entre. - Harry estava extremamente envergonhado, mas aceitou.
Ele devia ter colocado Louis numa posição ruim. Se ele não trazia alguém para casa, algum motivo teria. Mas Styles simplesmente não pensou nisso. Ele estava tão domado pela vontade de ter o garoto que seu cérebro não funcionou. Nem mesmo quando ele pediu o garoto em namoro, tipo wtf? Ele o pediu em namoro como se perguntasse se queria chá com bolinhos.
- Harry, eu sei que você não veio pra isso, mas pode distrair essa bolinha de gordura enquanto dou o remédio para a mais velha? Juro não demorar, esclarecemos tudo em seguida, kay? Aliás, o nome dela é Doris, não a deixe engolir a mão ou te morder. - Pediu o garoto mais baixo, entregando no colo do outro uma menina pequena, a mão inteira dentro da boca com alguns poucos dentes.
- Só se disser sim, babe. - Tentou subornar o mais velho, esse tentando pegar a garota de volta e bufando ao ouvir um "brincadeira" antes de subir as escadas e desaparecer.
Harry se pegou observando aquela confusão. Ele sempre quis um irmão menor, alguém para implicar. Ele até tinha uma irmã mais velha, mas a garota era um tanto quanto isolada, quietinha. Gemma era sempre tão na dela e desde que havia entrado para a faculdade não era mais a mesma coisa. A casa ficava vazia, assim como o coração do irmão. Não era preenchido pelo mínino afeto da mãe, menos ainda pelo afeto ainda mais inferior do pai.
Brincando com a pequena garota ele decidiu que um dia ia querer uma familia, uma enorme. Daquelas que brigam no almoço, mas estão de bem antes da janta, só para que ele não se sinta sozinho nunca mais.
Também não deixou de perceber o dom que seu garoto tinha com crianças. Ele brincava facilmente com a tal bolotinha, retribuindo a tentativa de sorriso dela. Em poucos minutos, ele pensou que queria uma família com ele, logo chacoalhando a cabeça para dissipar o pensamento.
Louis logo desceu, tomando de suas mãos a menina que tentou balbuciar algumas palavras que o irmão ignorou, aquilo devendo ser comum, imaginava o mais novo. O garoto Tomlinson o chamou de uma vez, fazendo sinal para que subisse até seu quarto. Seu rosto não era pacífico, tinha um quê de perturbação e mais uma pitada de nervosismo. Em outras circunstâncias Harry teria até se excitado em ser empurrado pela casa, entrando no quarto de sua Cinderella, mas quando viu sua feição descontente ele se contentou em ficar feliz pelo garoto conversar com ele.
Eles teriam A conversa e era isso que Harry temia.
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Cinderella - AU!Larry Stylinson
RomanceHarry se lembra de te-lo beijado, do seu gosto de Canela por um truque do destino. Lembra-se de seus olhos azuis e seu cabelo castanho claro liso como seda. Lembra das suas coxas grossas presas contra sua calça branca, que ele se lembra bem. Lembra...