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A amanhã seguinte passou muito devagar, assim como eu imaginava que seria o resto do dia, afinal, ansiava pelo dia seguinte, no qual era a vez de Jughead me levar a um lugar especial.
Só o fato de vê-lo me deixava ansiosa e nervosa, mas dessa vez era bem mais que o normal.

— Betty? — Disse Polly me tirando dos meus pensamentos

— Sim? O que foi?

— Já que você vai sair com seu namorado...

Por Deus garota! — interrompi Polly — Ele não é meu namorado!

— Tanto faz! Em breve ele será

Amém

— O que eu ia dizer mesmo? — Ela perguntou a si mesma — Ah sim, lembrei. Amanhã eu que escolherei suas roupas para sair com ele!

— O que? Porque?! Qual é o problema com minhas roupas?

— Não vou deixar você sair igual a uma largada como sempre. — Ela disse — Betty, você precisa esquecer aquele dia... — Agora seu tom de voz havia mudado, e ela falava baixinho e com cuidado

— Não me faça lembrar mais uma vez Polly... Isso me assombra

— Eu sei, eu sei, mas você precisa convencer a si mesma que pode confiar e se abrir novamente para mais alguém... Sabe... — Ela deu uma pausa, como se estivesse cuidadosamente pensando em cada palavra que falaria a seguir. — Já faz um bom tempo... Você não precisa mais esconder seu corpo, Jughead não vai fazer o mesmo que aquele homem fez.

— Não é tão fácil superar um estupro

— Não é questão de superar... É sobre não permitir que um acontecimento de infância arruine o resto da sua vida.

Eu fui estuprada por um amigo do meu pai aos 15 anos. Desde então evito esse assunto, seja na tv nos livros ou jornais, porque tudo me lembra aquele dia. Á quase quatro anos não falo sobre isso e apenas Polly sabe, eu a fiz jurar que não contaria a ninguém. Durante boa parte da minha adolescência eu senti nojo de mim mesma, me culpava por ter sido tão idiota.
É um dos motivos pelos quais não demonstro sentimentos, não me liberto, e não confio em ninguém.
Eu aprendi a conviver com isso, mas ainda tenho pesadelos, e ainda penso nisso todo santo dia, mesmo fazendo de tudo para não lembrar, queria poder apagar certas coisas da memória... Talvez seja por isso que eu gosto tanto de pensar em Jughead, é uma forma de me distrair e esquecer esse e outros pesadelos.
De qualquer forma, Polly tinha razão, Jughead era confiável, mas desde aquele acontecimento, eu sinto que estou em perigo a todo momento, e que se eu baixar a guarda, vai acontecer de novo, e não vai, mas é inevitável.

— Eu sei que você tem razão, mas eu não consigo Polly, e nojento imaginar, e toda vez que tento esquecer, isso só me afunda mais, eu me sinto sufocada... — Falei, tentando conter lágrimas que insistiam em cair

— Vamos tentar só dessa vez... Ok? Se não se sentir confortável, pode vestir suas roupas normais novamente, mas nunca saberá que não tentar — Ela estendeu sua mão que havia acabado de recuperar os movimentos, e eu estava muito orgulhosa dela — Eu estou aqui com você sempre!

— Tudo bem — Eu sorri, limpei uma lágrima do rosto, e em seguida eu a abracei.

[...]

Por volta da meia tarde, Veronica foi ao hospital sem avisar. Ela chegou estranha, seria, e com razão, ela tinha algo importante para contar

— O que foi? — Perguntei abrindo a porta para que a mesma pudesse entrar

Ela ficou em silêncio. Seja lá o que queria contar, era algo muito grave.

❥ Living for you ⭞ᴮᵘᵍʰᵉᵃᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora