II - O Desaparecimento

723 23 0
                                    

ALGUMAS SEMANAS ATRÁS...

Silêncio.

Gritos.

Sirenes.

Carros de polícia estacionando.

Ruídos na porta.

Campainha.

------------------------------------------

Naquele dia, acordei com a gritaria do andar de baixo da minha casa e desci as escadas correndo, pulando quatro degraus de cada vez. Quando finalmente cheguei a sala, encontrei minha mãe estérica, muitos policiais, faixas de "não ultrapasse" e até mesmo a perícia e seus vários instrumentos de investigação, juntamente com pastas que "supostamente" carregavam dados sobre o que havia acontecido. (PERAÍ, EU DORMI TANTO A PONTO DE NÃO PERCEBER O QUE ESTAVA ACONTECENDO NA MINHA PRÓPRIA CASA?!)

Acho que na hora, vendo tantas coisas ao mesmo tempo, provavelmente, meu cérebro não estava em sua plena sanidade, uma vez que eu demorei cerca de dois minutos para entender o que estava realmente acontecendo. Obviamente, comecei a interrogar os policiais, porém nenhum deles me deu atenção, porque, talvez, o fato de um pai ter desparecido misteriosamente numa manhã fria de segunda-feira, não fosse algo relevante e importante o suficiente para se contar a um adolescente de 14 anos que tinha acabado de acordar e que aparentemente, não poderia fazer nada perante tal situação. (MAS QUE DROGA!)

Sim, o desespero estava à flor da pele, minha vontade era de gritar, precisava de explicações e eu não era capaz, ou, não sei, não tinha coragem de ir até a minha mãe. O medo e a angústia em seus olhos verdes azulados eram tão evidentes que eu fiquei completamente imponente, pois sabia que eu, Will Folk, o garoto tímido que sofria bullying na escola por usar headphones 99% do dia, não conseguiria sequer consolá-la, já que a mãe que ele conhecia, a Solária Folk que casou-se com seu pai e que o criou e deu amor todo tempo, não estava ali.

Eu só conseguia enxergar uma jovem desesperada a ponto de explodir. Desesperada pela volta do marido, desesperada por saber que tem um filho e que terá de o criar sozinho, desesperada por se sentir sozinha, desesperada por não saber o que fazer e desesperada por não saber o motivo do desaparecimento do amor de sua vida.

A situação era desconcertante, eu não podia fazer nada, não podia ajudar, afinal, eu não sabia de nada do que tinha acontecido. Ninguém me falava sequer uma palavra do caso, ninguém queria que eu soubesse de algo.

Ficamos ali, todos reunidos na sala de estar. Eu paralisado, sem ação, olhando para o nada, pensando. Minha mãe chorando, numa perfeita hipnose, olhando diretamente para a poltrona que papai costumava sentar-se, inconsolável e com uma psicóloga do departamento de polícia ao seu lado. Peritos e políciais trabalhando incessantemente, averiguando um detalhe da poltrona que... ESPERA! Percebi naquele momento que eu nunca tinha notado aquela mancha. Aquilo era algum tipo de brilho preto? Glitter escuro? (NÃO, WILL, VOCÊ ESTÁ FORA DE SUA MENTE. BRILHOS PRETOS NÃO SIMPLESMENTE APARECEM NUMA POLTRONA QUE SEMPRE ESTEVE NA SUA SALA! VOCÊ ESTÁ COM SONO!)

Esfreguei os olhos, dei um tapa no meu rosto, fui até a cozinha, joguei água fria na cabeça, porque, afinal de contas, eu estava passando por um momento de estresse e aquilo só podia ser um vislumbre de falta de sono, um desvio de atenção, o desespero que tomava conta dos meus pensamentos, não sei. (NÃO PODIA SER REAL, NÃO ERA REAL!)

O Mistério dos FolkOnde histórias criam vida. Descubra agora