III - O Mistério Começa

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  • Dedicado a Nivaldo Carlos
                                    

Passaram-se várias horas, a perícia prosseguia com seu trabalho inacabável e aparentemente, não havia nada mais a ser investigado, não havia nenhuma pista que deixou de ser averiguada. Nada que foi descoberto durante aquelas longas e tensas horas levava a alguma explicação concreta sobre o desaparecimento do meu pai.

Eu estava inquieto. (UMA COISA DIGAMOS QUE NORMAL PARA UM ADOLESCENTE QUE ACABA DE PERDER O PAI E NÃO SABE O QUE FAZER OU COMO AJUDAR). Aquela falta de informações estava me fazendo perder o juízo, então resolvi sair andando pelo bairro a fim de espairecer as ideias, já que a psicóloga da polícia tinha dado uns tranquilizantes para minha mãe e ela estava no andar de cima repousando. (AH, CARA! EU SEI QUE É MEIO INCONSEQUENTE DEIXAR A MÃE NESSE ESTADO EM CASA, MAS EU NÃO CONSEGUI MAIS PENSAR EM NADA! MEU DEUS!)

Quando voltei, o relógio marcava 22:20, os policiais e os peritos já tinham começado a recolher seus apetrechos e foi isso que, de fato, me fez perceber que nada podia mais ser feito. Um deles se aproximou de mim. (FINALMENTE! VÃO ME DAR SATISFAÇÃO! OBRIGADO, ÓH NOBRE SENHOR POLICIAL).

- Garoto, não se preocupe, acharemos seu pai e o traremos em segurança. - disse o policial gordo com uma droga de rosquinha coberta de chocolate envelhecido na mão que me deu a vaga esperança de ganhar uma explicação e logo em seguida a retirou de mim como se isso fosse uma coisa bacana de se fazer. (SIM, ESTOU NARRANDO ISSO COM TODO O DESPREZO QUE UM JOVEM PODE TER NA VOZ).

Olhei para ele com aquele olhar blazé, usei a minha melhor expressão de indiferença e concordei com a cabeça. (MAS QUE GRANDE PORCARIA! ELE PODERIA TER FALADO ALGO MAIS ÚTIL, MAS NÃÃO, ADULTOS SÃO ADULTOS E ADOLESCENTES SÃO CRIANÇAS QUE ACHAM QUE CRESCERAM, POR ISSO NÃO MERECEM AS SÁBIAS EXPLICAÇÕES DE UM TIRA).

O relógio marcou 23:00, não havia mais ninguém na minha casa, só eu e minha mãe que continuava em seu sono induzido pelos remédios. As viaturas já não estavam mais no meu gramado. A rua tinha voltado ao normal, os vizinhos estavam em suas casas, juntos com suas famílias, felizes, talvez, fazendo piadas, assistindo ao telejornal ou mesmo indo para suas camas, mas sem inseguranças, sem sofrimento, pois apesar de tudo, sabiam que iriam se ver no próximo dia. Ah! Como eu gostaria de voltar a ter essa certeza, entretanto, até aquele momento, a única certeza que eu tinha era que a probabilidade de eu rever meu pai, o grande Rupert Folk, era praticamente nula.

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Eram exatamente 23:42 quando as coisas começaram a ficar estranhas. (OKAY, ESTRANHAS ELAS JÁ ESTAVAM, MAS EU QUIS DIZER MAIS ESTRANHAS... NA VERDADE, COMPLETAMENTE ESTRANHAS. INSANAS EU DIRIA).

Eu estava jogado no sofá ouvindo músicas depressivas e pensando no quanto a minha vida tinha mudado em menos de 24 horas. Meu olhar estava fixo naquele brilho/mancha/marca/sei lá o que preto (a) na poltrona e, não sei, algo me fazia acreditar que aquilo tinha tudo a ver com o desaparecimento do papai.

Todavia, depois do dia cansativo que eu tive (E ASSUSTADOR TAMBÉM), acredito que o senhor Sandman finalmente tinha vindo me fazer uma visita. Meus olhos estavam ficando pesados, a música já não estava mais tão em sincronia, o som estava abafado, eu estava a beira de começar minha jornada nos sonhos quando... (MEU DEUS DO CÉU! AQUILO NÃO ERA POSSÍVEL! DEVO TER ADORMECIDO MAIS RÁPIDO DO QUE IMAGINEI. AH, NÃO SEJA IDIOTA WILL, AQUILO ESTAVA ACONTECENDO MESMO!)

Misteriosamente, um clarão de arder os olhos começou a surgir de dentro do ''coiso'' preto na poltrona, e eu comecei a ouvir algo (UMA VOZ? UM SUSSURO?) que dizia: "Você achará a solução do mistério quando menos esperar, Will. Procure com mais afinco, vasculhe sua memória, aceite quem você realmente é e assim tudo se tornará mais fácil, pois você sabe muito mais do que imagina. A vida é feita de escolhas e você tem que aprender a fazê-las corretamente. Não se preocupe, apenas siga seus instintos."

Novamente, duvidei da minha sanidade. Já tinha visto coisas estranhas, na verdade, desde o começo do dia eu estava presenciando-as, mas aquilo... aquilo era demais! Uma luz de dentro da poltrona falando comigo? (AHAHAHAHAHAHA... PIADA E UMA DESSAS BEM SEM GRAÇA, SÓ PODE! BEM, PESSOAL... ONDE ESTÃO AS CÂMERAS?? UMA COISA ÓBVIA PARA SE PENSAR NUMA HORA DESSAS).

Foi nesse momento de reflexão (PELO VISTO, ESSES MOMENTOS SÃO MAIS COMUNS DO QUE EU ESPERAVA) que o auge da noite aconteceu...

O Mistério dos FolkOnde histórias criam vida. Descubra agora