Capítulo 23

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HampellVille - Outubro de 2018.

Terminei de escrever a carta para Peter.

Assim que voltei para o escritório, me senti bem inspirada e boa com palavras, pude então escrever.

Ver Davies me deu inspiração, como se eu soubesse o que escrever, como se seu soubesse qual é a coisa certa a dizer. Toda a incerteza com as palavras esvaíram e eu soube me expressar corretamente.
Depois de escrever, algumas horas mais tarde, meu expediente acabou.
Max ficou assustado e preocupado ao me ver chorando feito bebê, mas logo o expliquei o que estava fazendo. Ele me deu um sorrisinho e me abraçou apertado, demonstrando apoio.
Nunca me senti mais grata pelas pessoas que tenho ao meu lado. Depois de tudo, senti que Peter era o meu anjo e que ele me ensinou a dar valor ao que realmente importa. Peter me ensinou tanto e a cada dia que passa percebo isso cada vez mais.

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- Obrigada por ficar com eles, Med. Você é a melhor pessoa do mundo. - Max me abraçou como despedida, deu um beijo nas crianças e saiu com Verônica.

Ele passou em casa pra eu pegar algumas roupas e depois fomos até a casa dele. Quando chegamos, Verôn já estava arrumada, indicando que ela já sabia que sairiam.

- Vamos, crianças. Vou preparar uma comida bem gostosa pra gente comer. - Falei os puxando pra cozinha.

- Você que vai cuidar de nós hoje, Med? - Lucca perguntou, com muito entusiasmo.

- Vou sim, pequenino. - Ele e Chloe gritaram, animados e levantaram os braços. - Senti saudade de vocês, meus bebê. - Me abaixei e os abracei com muita força. Enchi a Chloe de beijinhos no rosto, fazendo o mesmo com o Lucca logo em seguida e eles gargalharam. Aquela risada gostosa e contagiante de crianças.

- Senti xaudade, Med. - Chloe disse com um sorrisinho sapeca. Lucca concordou com um aceno empolgado e eu sorri para eles.

Não os vejo há alguns meses, desde o dia do almoço aqui. Nunca fiquei tanto tempo sem ver meus pequenos, já estava morrendo de saudade.

- Vocês foram para a escolinha hoje? - Perguntei, me sentando no chão da cozinha, eles sentaram também. Encostei as costas na bancada.

- A gente foi hoje cedinho, Leine. - O garotinho me chamou pelo apelido que quase ninguém usa comigo. Instantaneamente lembrei do Peter.

- E como foi na escolinha? - Perguntei, engolindo em seco ao me lembrar dele.

Mesmo me sentindo melhor, ainda evito pensar e lembrar de Peter. Não que ajudasse em algo, a dor ainda está ali mas sinto que seja a maneira mais fácil de superar, o jeito mais fácil e rápido de cicatrizar a ferida.
Quando temos um machucado aberto, não o cutucamos, apenas esperamos que feche, que cure. Esperamos a dor passar o mais rápido possível.
Doutor Williams diz que essa é a pior coisa a se fazer, mas eu não sei outro jeito de superar isso logo. Realmente não sei.

- Medeleine? Tá ouvinu? - Chloe perguntou e Lucca estalou os dedos na frente do meu rosto.

- Desculpem, o que estavam dizendo? - Perguntei e balancei a cabeça, dispassando os pensamentos.

- A campainha ésta tocando, Leine. - Lucca exclamou. Soltei um "ah" e me levantei para atender.

Abri a porta ainda distraída e fiquei um pouco surpresa ao ver Davies ali. Minha boca abriu em um "o", mas então lembrei que tinha o convidado. Logo voltei à expressão neutra e dei um leve sorriso pra ele. Definitivamente, estou endoidando!

- Oi, Davies. Entra. - Dei espaço para ele passar.

Me sinto atordoada e no mundo da lua desde cedo. Maldita carta que vêm me afetando o dia todo, não consigo me distrair. A cada segundo a lembrança da nossa briga vem à tona e todo o sentimento de culpa, saudade, desespero e tristeza voltam junto. Não é exatamente isso que eu deveria sentir. Deveria me sentir feliz.

BROKEN | sem revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora