Jessica

348 41 4
                                    

POV CHLOE

    Minha agente, Komy, havia me avisado sobre minha nova cliente, uma tal de "Jessica", e eu não poderia estar mais ansiosa. Fazia muito tempo que uma mulher não me contratava, e eu não estava tendo relações com outras mulheres além das meninas do clube (espero que eu não tenha perdido a prática)..  e de uma certa forma, generalizando, eu era tratada muito melhor com mulheres do que os homens, então estava animada!
    Eu cheguei  no restaurante e fui para o saguão.

- Oi, boa noite. Eu estou com uma mesa reservada junto com uma moça chamada Jessica.

- Ah claro, você deve ser a Candice. – eu a olho confusa e dou risada, provavelmente a tal de Jessica não queria que soubessem minha segunda identidade.

- Sim, sou eu.

- Vou te levar até ela.

    Sinto um frio na barriga (uma reação que não sinto a muito tempo) enquanto íamos em direção a um conjunto de mesas mais reservadas, que ficavam ao lado de uma parede de vidro com uma vista reconfortante de jardim. Havia um casal sentado em uma delas e em outra, uma mulher de cabelos escuros, usando uma maquiagem não muito carregada.. caramba, ela é linda, muito linda. Nossos olhares se cruzam e eu sorrio, mas ela pega o cardápio e parece tentar se esconder atrás dele.

- É aqui! Senhora Mitchell, a senhorita Candice está aqui. – ela me olha por cima do cardápio.

- Muito obrigada – eu digo para a moça que me levou até a mesa e a vejo sair dali. – Hmm.. oi Jessica. Posso sentar?

- Fique a vontade. – ela diz colocando o cardápio na mesa. – E ah, pode me chamar de Beca!

- Beca não parece um diminutivo de Jessica. – digo me sentando em sua frente.

- E não é, eu inventei Jessica porque não queria meu nome numa lista de um clube de pros..- ela estava falando rápido e gesticulando bastante mas pausou abruptamente antes de terminar seu raciocínio, ela me olha como se eu a fosse repreender mas eu apenas sorrio.

- Está tudo bem, isso é comum. – e então ela solta o ar que estava prendendo. Mas ainda parecia tensa.

- E o seu nome? Eu chutei Candice, mas provavelmente não é.

- Eu não costumo.. revelar meu nome verdadeiro. Mas te dou três chances para tentar acertar. – ela sorri pra mim.

- Começa com C?? – eu me faço de desentendida. – A qual é, preciso de uma dica! – então eu levanto uma sobrancelha. – Tudo bem... hmm, é Charlote?

- Não!

- Cristal! – nego com a cabeça. – Carol?

- Não foi dessa vez Beca Mitchell. – digo e vejo uma das coisas mais fofas de toda minha vida: ela fazer um biquinho com o lábio inferior.

- Tudo bem, eu supero. O que você irá querer?

- O que? Como assim? Isso é você quem decide! A gente veio só para comer? Ou você tem algum tipo de fetiche com lugares públicos? – ela começa a gargalhar e eu a olho confusa.

- Meu Deus, não, eu estou falando sobre a comida. O que você irá querer pedir para comer?

     Depois disso continuamos conversando e dando muita risada até a gente decidir o que iríamos escolher. Ora ou outra eu mantinha meu olhar frisado totalmente nela e era incrível observar a forma dela falar, o jeito como ela se movia e gesticulava; sem contar que o sorriso dela é incrível e toda vez que eu a fazia sorrir era como se o frio da barriga de antes retornasse. Ficamos um tempo escolhendo o que pedir e novamente eu voltei a observa-la, e pude notar que quando ela estava concentrada ela franzia o cenho e fazia um bico.

- O que foi?

- Como assim?

- Acha que não percebi que não para de me olhar? – ela dizia ainda concentrada no cardápio.

- Ah mas que metida, eu estava olhando.. para o vaso atrás de você, ele é lindo. – e ai nós duas rimos outras vez.

    Fizemos o pedido e esperamos ele chegar tomando umas taças de vinho.

- Não posso beber muito. A bebida faz um efeito muito rápido no meu organismo.

- É, pessoas baixas tem essas coisas mesmo.

- Ei! Isso é muito rude! – ela finge seriedade.

    Depois que nossas comidas chegaram e estávamos quase terminando de comer eu resolvi voltar ao assunto do real motivo de eu estar aqui.

- Beca..

- Sim?

- Você pode me dizer o que você quer? Digo, qual o motivo de eu estar aqui? Porque eu duvido que seja só uma companhia para um jantar, você é divertida, e muito atraente não precisa pagar para ter alguém. Então, o que você está esperando dessa noite? – eu digo e mordo meu lábio inferior.

- Hmm.. – ela pigarreia. – eu sinceramente não sei o que eu espero mas, nós estamos aqui porque eu queria conhecer você.. conhecer a mulher que..

- Sim? – eu a encorajo a continuar.

- Que meu marido paga para transar. – ela diz e finalmente me olha. Eu abro minha boca em formato de “O".

- Meu Deus.. e você, vai fazer o que sobre isso?? Pediu para eu vir até aqui..... você vai me matar?? Quer dizer, você é o tipo de mulher que bate na amante e não no marido?

    Ela volta a sorrir mesmo com os olhos marejados.

- Não, eu nunca faria isso, ele quem merece ser empalado.

- Eu concordo com você.

- Enfim, é besteira, eu sei.. – ela parecia realmente abalada. Vejo ela se levantar e enxugar uma lágrima que rolou pela sua bochecha. – Eu.. Eu já volto ok?

    Então a vejo indo em direção ao banheiro. Ver ela daquela forma fez meu coração se apertar um pouco.. talvez eu também tivesse culpa naquilo. Espero uns segundos que mais pareceram uma eternidade e vou atrás dela no banheiro.

    Encontro-a com suas mãos apoiadas na pia, se olhando no espelho.

- Beca. – eu me aproximo e coloco uma mecha de cabelo para trás da sua orelha. -Me desculpa, eu..

    Não consigo terminar a frase pois seu sinto seu lábio macio pressionar minha boca. Sem demorar muito eu abro passagem para nossas línguas se encontrarem, seguro-a pela cintura e a coloco sentada em cima da grande pia em nossa frente.

    Aquilo era realmente bom, sua boca quente junto da minha, o contato da minha mão em sua nuca, os seus cabelos entrelaçando em meus dedos. O beijo estava começando a ser aprofundado quando ouvimos a porta ser aberta. Então ela me afasta e desce da pia levando sua mão a própria boca. A moça passa pela gente sorrindo e entra em um dos boxes. Nós soltamos a respiração e começamos a rir.

- Isso foi loucura. Me desculpa! – ela diz levando a mão para o cabelo.

- Se loucura significar o melhor beijo de toda minha vida, então foi loucura mesmo.

- É.. isso foi realmente maravilhoso.

- E por que a gente não vai embora e termina essa loucura em outro lugar, hum?

- Não, não não. Eu não posso fazer isso.

- A qual é, da o troco naquele idiota!

- Não é por ele, é por você. Eu não posso realmente pagar para alguém transar comigo. Eu sei que é sua profissão mas.. eu não ia me sentir confortável.

    Eu chego mais pertinho dela e faço carinho em seu rosto.

- Então não precisa me pagar. Nossa sessão acaba agora. Nesse exato momento em diante você é só a mulher que eu conheci e quero muito, muito, transar. Que tal?- Ela sorri com as bochechas rosas e assente com a cabeça. – Então vamos embora daqui!

Meu segredo da meia noite.Onde histórias criam vida. Descubra agora