Algo ainda não estava certo com a morte daquela mulher.
Carl colocou isso na cabeça, e agora só uma reza forte para tirar. Mesmo já fazendo duas horas que o corpo da mulher havia sido retirado para o velório, inúmeras hipóteses caminhavam por cada parte do seu cérebro, criando mais e mais teorias sobre aquele fim trágico. Um assassinato cujo a arma não fora identificada e um bilhete em francês totalmente sem sentido, só o fazia tentar unir mais as peças desse quebra cabeça. Ou ali havia um mistério, ou era apenas um delírio.
Cansado de pensar sem chegar a canto algum, Aesop levantou-se suspirando. O dia estava cansativo, parecia que todos da cidade haviam combinado de morrer em um dia só. E quando finalmente ele parava para descansar, usava o tempo para pensar em coisas impossíveis, ganhando de brinde uma dor de cabeça.
Quando Aesop começou realmente a descansar, a mesma funcionária que mais cedo sofria de ataques de felicidade pelo ator que ele já até havia esquecido o nome, apareceu como um fantasma. Ele sequer a viu entrar na sala, para início de conversa.
- Caaaaaarl! - Maldita voz estridente.
- Por favor, em um tom mais baixo. Estou com dor de cabeça. - Respondeu sem muita vontade.
- Sabe, o dia hoje está sendo muito cansativo, tanto fisicamente como emocionalmente! Vamos sair hoje a noite? - Ela fechou os punhos unidos um pouco abaixo do queixo, sorrindo com um enorme brilho no olhar. Vera Nair era um anjo. - Por favor!
Carl suspirou. Ele detestava sair de casa, a não ser que fosse uma urgência ou um caso necessário, como ir às compras. Mas Vera era um amor de pessoa, sempre estava com ele o apoiando e ajudando. Seria muita ingratidão ele recusar esse pedido.
- Tudo bem... - O garoto não estava com a mínima vontade de ir. Ele detestava aquele casarão enorme que todos chamavam de teatro, pelo simples fato das pessoas usarem da arte para esconder sua real face. Sorrisos tóxicos e falsos ao cumprimentar pessoas era oque tinha de sobra para dar e vender naquele lugar. Isso sem contar aos atores e atrizes, que na frente do público são amorosos e sorridentes, porém, bastam as cortinas fecharem, que cada um ali revela seu "real eu".
- Certo! As 18:00 passo na sua casa! - Vera disse com um sorriso nos lábios, e saiu feliz. Era um tanto engraçado ver uma pessoa tão alegre em um local tão triste, meio macabro.
O período de trabalho acabou, e Carl foi para sua casa descansar. Ele realmente precisava, pois além do dia cheio e cansativo, Vera era do tipo de pessoa que se entra em algum estabelecimento, você precisa fazê-la sair de lá a arrastando a força, ainda com muito protesto por parte dela. Ele finalmente desfrutou de algumas horas de descanso, e tomou um bom banho antes de ir para o teatro.
O Aesop encarou seu armário de roupas por um bom instante. Ele não costumava sair para tais eventos de gala, então se preguejou por não ter uma roupa decente. Enfim se lembrou de uma belíssima roupa que sua mãe fizera para ele, antes de dar seu adeus final ao mundo. Ele jamais colocou aquele terno no seu armário de roupas, pois achou que nunca mais iria usá-lo.
Seus pés pequenos subiam a escada que dava acesso ao sótão da casa. Lá estava guardado quase que por sete chaves todas as lembranças possíveis de sua mãe. Das coisas mais simples, como jóias e fotos, até as mais extravagantes, como a poltrona que ela costumava sentar. De jeito nenhum mesmo já fazendo 12 anos de sua partida, Carl conseguiu superar.
Pegou com cuidado o terno, e desceu. Ele nunca agradeceu tanto aos céus pelo terno estar devidamente bem preservado e ainda em seu tamanho, já que parecia que ele nunca crescia. Agora ele teria que correr contra o tempo para se arrumar, pois Vera já estava a caminho. Talvez ele tenha descansado demais.
Finalmente com a chegada de sua amiga, ele entrou no carro. Vera estava em uma explosão de felicidade, tanto que não parava de tagarelar nenhum pouco. Os atores isso, as atrizes aquilo, a quanto tempo não ia a um teatro... E por aí continuava a longa falação aos ouvidos de Carl.
Quando finalmente chegaram, Carl ficou boquiaberto. Apesar de ver aquele teatro quase todo dia pela manhã e tarde, a noite ele possuía uma beleza ainda maior. Seus olhos passeavam pela estrutura magnífica e encantadora daquele lugar, de forma curiosa. Mas todo o encanto sumiu quando ele baixou o olhar, e começou a ver as pessoas. As mulheres mais pareciam carros alegóricos com vestidos extremamente extravagantes. Os homens todos pareciam mimados e filhinhos de papai, do tipo que se caísse um único e minúsculo grão de poeira em seus sapatos, eles logo notariam e fariam um escândalo como se alguém tivesse passando mal em suas frentes.
Logo Carl e Vera colocaram seus pés no interior do estabelecimento.
Nota final: Me perdoem pelo atraso! Eu tive alguns contratempos, e também as aulas online começaram novamente! Prometo atualizar de forma mais frequente!
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A morte do maestro [CarlSeph]
Fiksi PenggemarNaquele teatro, os melhores momentos não estavam em falta. A batuta era a arma, a orquestra o tiro. As rosas vermelhas espalhadas como enfeite pelo teatro, tem a mesma cor dos pingos nos corredores. Mas para que se preocupar com isso? Deixe o maestr...