Capítulo 4 | Cruz

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Vídeo na mídia: Perdóname - Pablo Alborán (con Carminho)

Desperto com o som do celular vibrando e um pouco atordoado, levo uns segundos para me localizar e descobrir onde estou

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Desperto com o som do celular vibrando e um pouco atordoado, levo uns segundos para me localizar e descobrir onde estou. Olho para o lado e vejo Ísis adormecida, sorrateiro, deslizo para fora da cama, pego a calça e puxo o aparelho de dentro de um dos bolsos da frente. Caminho para a janela e faço uma careta quando leio o nome da minha ex na tela.

Um rápido olhar sobre o meu ombro me indica que Ísis segue dormindo tranquila. Decido não atender, bloqueio o número e desligo o telefone. Eu já devia ter feito isso há muito tempo. Depois de tudo, foi burrice minha ter mantido o número dela na minha agenda. Renata e eu, estávamos saindo havia três meses, quando as coisas entre nós começaram a esfriar de vez.

Procurava um meio de me livrar dos ataques possessivos dela, quando recebi uma proposta de trabalho irrecusável e decidi que era o momento de colocar um ponto final naquela relação que acabou tornando-se doentia e turbulenta, com brigas e cobranças sem sentido.

Contudo, infelizmente, o término não foi tão calmo e tranquilo como esperei. Inconformada, Renata tornou-se uma pessoa obsessiva. Começou a me seguir e a aparecer na minha casa sem avisar. Me ligava o tempo todo, inclusive, em horários inapropriados. Por várias vezes, ela tentou me manipular com pedidos dramáticos e muitas lágrimas, mas quando suas manipulações não surtiram o efeito esperado, vieram as recriminações que evoluíram para ameaças, mas nada disso foi capaz de me fazer mudar de ideia. Pelo contrário. Fiquei ainda mais decidido a acabar com aquele martírio de uma vez por todas.

Depois de todo o estresse e atribulações que vivi nos últimos tempos, um recomeço era o que eu mais precisava e a oferta de emprego em outro estado, não podia ter surgido em uma hora melhor.

Há um mês, minha mãe perdeu a batalha contra um câncer, após uma luta que durou menos de um ano. Senti e ainda sinto demais, a sua perda; por conta das dívidas que contraí nesse período, a casa onde vivíamos, bem como as terras ao seu derredor, foram tomadas pelo banco.

Quando coloquei um ponto final no meu caso com a Renata, nada mais me prendia à Nova Londrina. Quarenta e oito horas depois de receber o último aviso de despejo, enfiei as roupas e uns poucos pertences dentro de uma mochila grande, entrei na minha velha caminhonete e deixei a cidade. Confesso que a viagem tem sido prazerosa pelos lugares que estou conhecendo pelo caminho, mas, também, cansativa.

Ontem, após dirigir por quase doze horas seguidas, o que eu mais queria era conseguir um quarto, tomar um bom banho, comer alguma coisa e desmaiar na cama, mas colocar meus planos em prática, mostrou-e uma tarefa um pouco complicada, visto que cheguei em meio à Exposição Agropecuária do Estado de Goiás, um evento anual realizado no Parque de Exposições de Goiânia que reúne diversas categorias de expositores, como empresas de insumos, de maquinários, pecuária e os maiores produtores de grãos do país. 

A cidade fervilhava, repleta de forasteiros. Os hotéis, pensões e pousadas estavam lotados, porém, a sorte me sorriu, quando uma reserva foi cancelada quando eu me aproximava da recepção deste hotel, minha sexta tentativa de obter um quarto vago.

Amar de Olhos Fechados (DEGUSTAÇÃO - Livro retirado em 18/03/21)Onde histórias criam vida. Descubra agora