The Older I Get, The More That I See My Parents Aren't Heroes

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O sinal da quinta e última aula tocou, me levantei pela força divina e caminhei até a sala de aula.

Me recompus e entrei na sala recebendo olhares de quase todos.
Inclusive dela que estava cercada de várias garotas.

Segurei minha careta de nojo e me sentei no meu lugar esperando a senhora Ariston de libras entrar na sala.

-Bom dia alunos- A senhora de cabelos um pouco grisalhos entrou cumprimentando todos presentes.

Eu e mais alguns respondemos seu cumprimento.

-Bom, hoje como todos sabem ou pelo menos a maioria sabe, hoje é o nosso primeiro dia do ano letivo. Porém nada nos impede de termos um pequeno trabalho não é mesmo?- Ela falou com sua voz doce, xingamentos e murmúrios se fizeram presente.

-O trabalho vai ser feito em dupla, e o dia de entrega será marcado para a próxima quarta-feira- Os murmúrios em descontentamento ainda se faziam presente.

-Silêncio por favor!- A senhora falou severa e um silêncio pairou pelo ambiente.

-Eu vou escolher as duplas de acordo com o número de vocês, se eu chamar o seu número, por favor se coloque de pé- Todos assentimos e assim ela começou a falar os números.

-Número 17- Uma garota de cabelos longos e pontas rosas se pôs em pé.

-Número 29- Um garoto moreno se levantou.

A mais velha continuou a chamar números e mais números.

-Número 25- Me levantei com as maçãs do rosto coradas.

-E número 5- Olhei envolta da sala e vi a garota de cabelos azuis ficando de pé.

Quando a menina percebeu meu olhar nela a mesma abriu um mero sorriso.

-Professora não teria como eu fazer sozinha?- Perguntei quase em desespero.

-Infelizmente não Holly, todas as duplas já foram formadas e Billie é uma boa companhia- Sorri falsa e tentei engolir minha fúria.

Boa companhia! Porque ela não viu os atos profanos dela.

-N-Não é isso, é que... eu realmente prefiro fazer sozinha- A senhora sorriu negando.

-Dessa vez não vai dá Holly- Suspirei frustrada me sentando em minha cadeira.

-Bom, vamos às explicações. Do que seria esse trabalho?- Bufei.

-Eu quero que vocês criem um diálogo de 5 minutos em libras, seria quase uma dramaturgia, porém sem o figurino e a maquiagem. Quero que vocês criem algo interessante ao nível de me fazer querer entender o que estão conversando entre si- Ela falou e se sentou em sua cadeira.

-Com direito de roteiro e ensaios pesados- A senhora piscou para nós e pegou o livro em sua mesa.

-Abram na página 12- Dei uma última olhada pra trás e vi Billie de cabeça baixa, parecia estar dormindo.

Quem é que seria irreverente a esse nível?

O Sinal indicando o fim do dia de aula tocou. Me levantei rápido e juntei minhas coisas saindo da sala quase que correndo.
A última coisa que eu quero é ter que conversar com aquela garota.

Entrei no meu carro e liguei o ar condicionado, deitei minha cabeça no volante e respirei fundo.

Que merda!

Ouvi a porta ser aberta, abri meus olhos rapidamente e vi quem eu menos queria em toda a minha vida.

-Holly- Ela falou com um sorriso no rosto e um cigarro na boca se sentando e fechando a porta do carro.

-Eu sou alérgica- Falei me referindo ao cigarro.

-É de menta- Billie falou e eu bufei.

-Mas eu sou alérgica- Falei brava e ela ergueu os braços em sinal de rendição.

-Tá, calma- Ela abriu o vidro e jogou o cigarro fora fechando novamente..

-Feliz?- Revirei os olhos.

-O que você quer?- Perguntei indiferente e ele ergueu as sombrancelhas.

-Essa pose você não teve para enfrentar a Jasmine né?- Bufei irritada.

Ela acha que é quem pra falar assim comigo?

-Olha se veio pra me ofender, muito obrigada mas eu dispenso, já tem gente demais fazendo isso- Falei e ela ponderou no banco.

-Só vim perguntar sobre o trabalho, vai ser na minha ou na sua casa?- Ri nasalado e neguei.

-Não vamos fazer trabalho juntas- Falei quase que desesperada e ela deu de ombros.

-Então vai perder pontos, por que a doidinha lá foi bem clara quando disse que era em dupla- Revirei os olhos.

-Senhora Ariston- Falei e a azulada revirou os olhos.

-Tanto faz, minha casa ou a sua?- Perder pontos não está em questão, nem de longe.

-Minha casa- Ela assentiu e ia saindo do carro mas voltou por algum motivo desconhecido.

-Você é filha daqueles pastores, daquela igreja do centro não é?- Assenti e ela riu.

-Uh Holly... esquece, não vou aparecer na sua casa, seus pais são... conservadores, digamos assim! Com todo respeito- Billie falou e eu bufei.

-Eu não vou pra sua casa Billie!- Falei e ela me encarou.

-Então sem trabalho, ir na sua casa é algo fora de cogitação- Arregalei meus olhos.

É isso que eles pensam sobre meus pais? Tudo bem que eles não estão tão errados, mas nossa... até parece que minha vida é horrível.

-Ai tá, eu vou, amanhã depois da escola, faço o roteiro hoje pode ser?- Falei e ela assentiu saindo do carro.

Suspirei cansada e comecei a dirigir em direção à minha casa.

[...]

-Chegou tarde, o que aconteceu?- Minha mãe perguntou assim que abri a porta de casa.

-Trabalho, aliás amanhã eu posso ir na casa de uma colega?- Mamãe cerrou os olhos em minha direção.

-Pra quê?- Suspirei.

-Trabalho mamãe, de libras- Ela voltou sua atenção para sua bíblia.

-Como se chama a colega, quantos anos e quem são os pais?- Bufei.

-Mamãe por favor- Falei e a mesma revirou os olhos.

-Sabe que seu chip é rastreado, sei aonde está em tempo real, e também sabe que se estiver mentindo... - A interrompi.

-Arcarei com as consequências- Completei e reprimi a imensa vontade de revirar os olhos.

-Está de castigo por ordens do seu pai, sobe para o seu quarto! Peço para Rosa levar sua comida mais tarde- Abaxei minha cabeça e fui em direção á minha cela cor de rosa.

I Don't Like GirlsOnde histórias criam vida. Descubra agora