Ice Cream

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•HOLLY•

-Billie, oi...-A garota rola os olhos e bufa.

-Olha, eu realmente não sei qual é a sua. Uma semana me trata igual um lixo e na outra vem falar como se nada tivesse acontecido. Seu cinismo me irrita Holly- Cuspiu as palavras e me deixou sozinha no grande corredor.

Caminhei até a sala de sociologia, após ela ter sumido de vista, fui sugada por mais três longos e chatos períodos.
Minha cabeça ainda doía e tudo parecia um pouco confuso demais para assimilar.

....

-Uh... eu quero matar a Doralice- Ergui as sombrancelhas sorrindo.

-Ai Nina, você é tão violenta- Digo risonha e a garota me encara estranho.

A morena se sentou na mesa, logo em seguida Petter.

-Qual é a boa de hoje?- O mesmo indaga e eu suspiro.

-Ir para á igreja- O pequeno sorriso de Nina foi substituído por sua película séria e apática de sempre.

-Depois a gente se fala- A morena diz se levantando e saindo da mesa.

-Quando você vai criar vergonha na cara e enfrentar seus pais?- Me assusto pela forma rígida que essas palavras saem da boca do garoto.

Eu sei, sei que pareço covarde, sei que eu deveria enfrenta-lôs. Isso é tudo tão complicado, acreditar que tudo que eles faziam era pro meu bem, e do dia pra noite descobrir que não.

Eu talvez, só queria ser normal. Uma adolescente normal, eu tenho medo de ter próprias opiniões, tenho medo de dizer 'não'. Eu ao menos sei o porquê...

-Petter é complicado- O rapaz de olhos claros bufou se levantando.

-Só toma cuidado, eu e Nina podemos chegar tarde para te salvar- Engoli em seco.

Eles não fariam nada desse nível, não é?

-Olha pras suas cicatrizes Holly- Petter retruca como se lêsse minha mente.

Expelir o ar ao qual eu nem sabia que estava contido.

Perdi a fome,me levantando e caminhando em uma direção qualquer enquanto minha mente me sufocava.

Vi Billie indo em direção ao estacionamento, em milésimos de segundo e não me pergunte o porquê, eu a segui.

Pelos passos pesados e apressados, ela parecia estressada, apertei meus passos vendo a mesma adentrar em seu carro batendo em seguida fortemente a porta.

Pela proximidade que estava, pude ouvi diversos socos no volante.
Abri a porta e me sentei no banco do passageiro assustando a mesma.

-O que você tá' fazendo aqui?- Só então pude perceber que a garota tinha os olhos marejados.

-O que aconteceu?- Perguntei baixo e a mesma rolou os olhos.

-Nada, tem como sair?- Ignorei sua pergunta e limpei a lágrima que escorria por sua bochecha recebendo sua reação de pura surpresa.

-Billie, o que aconteceu não foi culpa min...- Fui interrompida por ela.

-A Nina já me contou- Falou séria e encarou o nada a sua frente.

-Eu vou sair da escola, melhor descer- Falou enquanto colocava a chave na ignição.

Olhei pra ela logo colocando o cinto de segurança, fazendo a mesma me encarar sem entender minha ação repentina.

-Bom, pra onde você for agora, Você pode me levar- Sorri fraco e a mesma riu.

-Você quer ir pra uma casa de swing?-
Minha feição de dúvida foi como uma piada maravilhosa pra ela.

-O que é isso?- Indago e ela gargalha.

-Tá' Holly me convenceu- Dei de ombros sem entender e a mesma arrancou o carro cantando pneu.

Estávamos na estrada às uns quinze minutos, ainda eram dez e meia da manhã, por incrível que pareça o trânsito estava livre.

-Qual milagre você decidiu quebrar as regras hoje?- Ri da forma que ela me encarou.

-Se a Nina te contou você sabe... eu estou cansada sabe?- Ela assentiu e voltou sua atenção à pista.

Paramos em frente á uma sorveteria linda, até a porta de entrada tinha um caminho com pedrinhas e grama em volta, duas "estátuas" em formato de sorvete ao lado da porta. Dentro, havia pequenas mesas e o grande balcão com inúmeros sabores de sorvete, a decoração do ambiente era em tons pastéis.

-Eh... Billie, eu não posso comer sorvete- Falei baixo e senti minha bochecha corar, a mesma me encarou.

-Meus pais...- Ela arregalou os olhos.

-Você nunca comeu sorvete?- Abaxei a cabeça e ela me puxou pelo braço.

-Bom dia- Diz a moça com um uniforme fofo.

-Bom dia- Billie respondeu, enquanto olhava a imensa vitrine.

-Vou querer um rodízio e um triplo de chocolate amargo sem cereja com chantilly duplo- A mesma digitava freneticamente em seu computador.

-Rodízio pra quantas?- Perguntou e a garota sorriu sapeca.

-Pra duas- Arregalei meus olhos.

-Cerca de dez minutos- Assentimos e ela decidiu sentar no lado de fora.

-Ok, se eu morrer... será mérito exclusivo seu- Sua risada fez com que eu a acompanhasse.

Minutos depois chegaram uma taça com sorvete e duas barcas imensas, com tudo que era tipo de sabor de sorvete.
Olhei aquilo um tanto absimada e animada ao mesmo tempo.

Meus olhos brilharam assim que experimentei o soverte nomeado de morango.

...

Eu conseguia ver flocos de açúcar em minha frente depois de tanto sorvete,
Já Billie estava no final de sua barca.

-Qual é o seu preferido?- Perguntou e eu sorri.

-Morango- A azulada rolou os olhos.

-Clássico- Ri baixo, momentos depois a mulher foi até o balcão novamente pagando os sorvetes.

-Vamos?- Assenti me levantando, logo entramos no carro e ela deu partida.

Ela me deixou em casa, adentrando a mesma e a encontrando vazia.
Subi até meu quarto tomando um banho e pondo um vestido mais fresco.

Me sentei na minha fiel cadeira que acompanha minha escrivaninha, começando meus milhares exercícios.

I Don't Like GirlsOnde histórias criam vida. Descubra agora