Capítulo 14: Eu tranco a porta pra todas as mentiras

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Sete meses haviam se passado. Durante esse período, o cenário do mundo havia mudado com o aumento da popularidade do novo deus.

Depois daquele dia em que Mu Qing lhe explicou sobre sua ascensão, Shi Qing Xuan decidiu que por ter assumido esse lugar como um deus por mérito próprio, ele iria focar em ajudar os mais desfavorecidos.

Com o tempo, sua popularidade aumentou drasticamente. Fiéis surgiam por todos os lugares. Eles eram, em sua maioria, mendigos e pessoas pobres, que nunca haviam imaginado que uma figura como Shi Qing Xuan, que ascendeu por querer ajudá-los, surgiria. A realidade sempre tinha sido muito dura e ter um deus como aquele era simbolicamente importante.

Quanto mais os fieis queimavam incenso, mais poderoso Shi Qing Xuan se tornava, seu poder espiritual agora era muito abundante e ele raramente passava muitos dias na corte celestial, pois tentava de todas as formas ajudar os mortais que clamavam por seu auxílio.

Qing Xuan também usou aqueles meses para acalmar os ânimos e pensar sobre tudo o que viveu com He Xuan. Por estar muito magoado, ele inicialmente pensou que não iria querer mais nenhum tipo de contato, nem mesmo para questionar o rei fantasma sobre aquelas ações, mas o destino não parecia estar do seu lado.

Durante todo esse período, ele perambulou pelo mundo conhecendo fiéis e os ajudando, sua presença sempre era muito bem vinda. Mas por vários dos lugares que ele passava, ele ouvia muitas histórias sobre um "forte cultivador vestido de preto" que ajudava pessoas por onde passava. Apesar das descrições sobre a aparência desse cultivador e dos nomes que supostamente eram dele divergirem de lugar para lugar, ele sempre era descrito como alguém sério e educado, então Qing Xuan cogitou a possibilidade daquela pessoa ser, na verdade, He Xuan. O rei fantasma esteve desaparecido durante aquele tempo, muitos diziam que ele estava em completa hibernação em seu covil, mas ninguém tinha certeza.

A maior questão era que as histórias datavam de períodos anteriores aos meses em que eles passaram juntos na hospedaria.

A imagem que Qing Xuan tinha sobre He Xuan e sua verdadeira personalidade lentamente começou a mudar. Apesar de tudo o que ele havia feito, ele ainda era alguém que ajudou aquelas pessoas quando elas mais precisaram em tempos passados, sem cobrar absolutamente nada. O agora conhecido como Deus dos Pobres costumava se questionar: quem era realmente He Xuan? Por que ele realizava aquelas ações? Seria por pura bondade?

Diante de tantas pessoas falando sobre esse mesmo "cultivador", Qing Xuan não conseguiu seguir com seu plano inicial de não querer contatar o rei fantasma, pelo contrário, uma vontade crescente nasceu em seu peito, ele queria perguntar, queria vê-lo mais uma vez.

E foi por isso que Shi Qing Xuan decidiu ir até a cidade fantasma pedir o auxílio do marido de um velho amigo. Com seus robes brancos com detalhes em verde claro e bordados de flores delicadas espalhados pelas pontas das mangas, ele chegou até a mansão de Hua Cheng e Xie Lian.

Dianxia lhe recebeu alegremente, levando-o até uma das salas da mansão para conversarem. Hua Cheng sentou-se em uma poltrona no mesmo local, cruzando suas pernas e mantendo uma expressão tranquila.

Após uma breve conversa casual sobre como haviam sido os dias recentes de ambos, Shi Qing Xuan decidiu ir direto ao ponto:

"Sua alteza, recentemente eu estive pensando e me questionando sobre uma certa pessoa... Na verdade, eu gostaria de pedir um favor a Hua Chengzu" Qing Xuan desviou o olhar para o homem sentado na poltrona e notou que ele também o olhava "Chengzu, eu sei que você mantém algum contato com He Xuan. Eu preciso encontrá-lo e gostaria de saber se você poderia me levar ao covil dele. Imagino que você seja o único com capacidade para ir até lá."

Brisa de um Mar solitário (beefleaf)Onde histórias criam vida. Descubra agora