Capítulo VI

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Gordofobia

A gordofobia é um neologismo criado para indicar o preconceito de pessoas que julgam o excesso de peso e a obesidade como um fator que mereça seu desprezo.
A gordofobia para o comportamento de pessoas que julgam alguém inferior, desprezível ou repugnante por ser gordo(a).
É a aversão à gordura e as pessoas que estão acima do peso, fazendo com que se sintam inferiores aos outros. Preconceito, tratar mal, desmerecer ou fazer a pessoa acima do peso se sentir inferiorizada são características que indicam a gordofobia.
Funciona como qualquer outro preconceito baseado em uma característica única.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) defende que o estigma contra essa população deve ser combatido com informação.
As piadas e comentários pejorativos reforçam o preconceito contra a pessoa gorda. “Existe um pré-julgamento baseado na aparência física. Isso pode impactar na saúde mental dessas pessoas, além de reforçar o padrão, fazendo com que elas não saiam dessa situação. Isso atrapalha o auto cuidado porque a estética acaba sendo ponto de interesse e incentiva muitas pessoas a buscarem se alimentar melhor e praticarem atividade física, por exemplo”.
Pessoas que são vítimas de gordofobia podem sofrer consequências do ponto de vista de saúde mental, como depressão, baixa autoestima, ansiedade e tentativas de suicídio.

A obesidade é uma doença crônica e incurável e essa população merece respeito e acolhimento, o estigma e a discriminação pelo peso não podem ser tolerados em sociedades moderna
no Brasil, uma em cada cinco pessoas está com sobrepeso ou obesidade segundo dados do Ministério da Saúde. A projeção da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que cerca de 2,3 bilhões de pessoas estejam acima do peso, sendo 700 milhões obesas, até 2025.

Cansada da falta de opção e dos padrões extremamente excludentes do universo da moda, Flávia criou a Pop Plus Size, feira que, desde 2012, reúne em São Paulo expositores que fabricam peças com manequins acima de 44 e pensadas para diversos tipos de corpo. Mais que isso: denominada como “feira de moda e cultura plus size”, a Pop Plus Size se posiciona como uma plataforma de fortalecimento da autoestima, empoderamento e respeito à diversidade.
Uma das frequentadoras assíduas da Pop Plus é Patrícia, que hoje se sente muito bem com o próprio corpo, mas cita anos de terapia e a entrada para um grupo de teatro como iniciativas que a ajudaram a gostar de si mesma.

Na adolescência e na infância, ela sofreu bullying por ser gorda, e a ignorância e o preconceito se manifestaram de diversas formas ao longo de sua vida: foi rejeitada pelas companheiras do time de vôlei, teve um relacionamento com uma pessoa que não se deixava ser vista em público ao seu lado e chegou a ouvir em uma entrevista de emprego para uma loja que não deveria nem se esforçar, porque não haveria uniforme do tamanho dela. “No meu trabalho atual, reparam e comentam sobre tudo que eu como”, conta. “Estou mudando a alimentação por questões pessoais e vejo que as pessoas ficam surpresas quando me veem comendo vegetais. Já partem do princípio de que é porque quero emagrecer, me dão parabéns. E não é.”

A legislação brasileira não prevê uma punição específica para quem pratica gordofobia, mas há algumas proteções jurídicas. “É vedado pela lei que as pessoas sejam discriminadas na contratação e é função do empregador fornecer todos os materiais necessários para que o funcionário exerça sua função, inclusive uniformes do tamanho adequado para que a pessoa não passe por desconforto ou situação vexatória”.
Na ausência de uma lei que regule esse tipo de preconceito e com a constante presença de stand-ups, programas de TV e filmes em que pessoas acima do peso viram alvo de chacota, a gordofobia está tão entranhada na sociedade que às vezes somos gordofóbicos sem perceber. Abaixo, algumas expressões e atitudes usadas e que são extremamente ofensivas:

• Não use a característica física para identificar uma pessoa, falando coisas como: “fulano(a) é aquele(a) gordinho(a) ali”;
• Ser gordo(a) não tem nada a ver com ser preguiçoso(a). Não associe as duas características;
• Não presuma que uma pessoa gorda(o) é alguém que tenta emagrecer e está fracassando;
• Evite frases como “você emagreceu e ficou bonito(a)”. A beleza não está só na magreza e muita gente perde peso de forma pouco saudável, por causa de distúrbios alimentares ou até mesmo depressão;
• Evite termos como “fofinho(a)”, “gordinho(a)” ou “maiorzinho(a)”.

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