Capítulo 6 - Mentes Afiadas

17 2 0
                                    

No dia seguinte:

Na delegacia...

Um homem imponente aparece, ele aparentava ter uns trinta e cinco anos de idade.

— Bom dia, srta. Sofia. — disse o homem se aproximando.

— Bom dia, Sr. Henrique. Suponho que tenha vindo acompanhar o andamento do caso. — disse Sofia, enquanto organizava papeis em sua mesa.

— Sim, a srta. sabe melhor que ninguém que esse é um caso especial, um incidente único e desconhecido, e assim deve permanecer sendo. Mas, alguma novidade nas investigações? Descobriu quem é o "Sr. Purple" para que possamos prendê-lo? — perguntou Henrique, enquanto se inclinava sobre a mesa.

— As investigações estão fluindo bem. Meu instinto diz que em breve saberei a real identidade do "Sr. Purple". Mas, uma coisa me intriga... Assim que descobrirmos quem é o "Sr. Purple", como o Sr. pretende prendê-lo? Afinal, ele tem a habilidade de se teletransportar, logo, nenhuma prisão poderia segurá-lo... — questionou Sofia curiosa.

— Uma boa pergunta. Mas, eu tenho meus métodos. Se uma prisão não pode detê-lo então basta acompanhá-lo... — respondeu Henrique, de pé e gesticulando com as mãos.

— Hum, então o Sr. pretende usar algum tipo de tornozeleira? — perguntou Sofia.

— Realmente a srta. é tão inteligente quanto me informaram. Não vejo mal em lhe contar isso, então, sim. Digamos que sim. — respondeu Henrique.

— Então ele nunca chegará a ser preso realmente... — questionou Sofia. — possivelmente também não será julgado, afinal, não será preso... — Sofia pensou.

— A maior prisão para alguém que recebeu a verdadeira liberdade é não poder fazer o que bem entender e quiser. — disse Henrique.

— Entendo. — disse Sofia. — Algo não está certo... — ela pensou.

No apartamento de Richard...

Lá estava Richard, sentado em seu sofá com a mão em sua cabeça.

— Se Sofia está me investigando por causa do incidente "Purple Sky", significa que mesmo que eu não tivesse cometido algum crime estariam igualmente atrás de mim... — pensou Richard. — É isso! A investigação criminal é só uma desculpa para descobrir minha identidade. Mas aí está o problema: o único crime que cometi que pode me comprometer é justamente a morte de Amanda, pois esse acontecimento diminui muito a área de procura, sendo apenas aos colegas de trabalho de Amanda ou seus conhecidos. E ainda notei que Sofia suspeita de mim, provavelmente por causa do depoimento de Carlos, que contou sobre eu ter sido expulso por Amanda da casa dela... Então o que preciso fazer é cometer algum crime de um jeito bem descuidado, com mais descuido que a morte de Amanda, assim tirarei todo o foco da morte de Amanda e colocarei nesse novo crime, que obviamente não será feito por mim, mas por Érick! Sim, isso! Assim as investigações irão levar somente à ele, e quando o pegarem eu estarei definitivamente livre! — concluiu Richard seu pensamento, com um longo suspiro.

Em algum lugar...

— Está cada vez mais claro que o Sr. Henrique quer "prender" o Sr. Purple não pelos crimes que ele cometeu, mas por algum outro motivo... — pensou Sofia. — aquela frase dele de que "a maior prisão para alguém que recebeu a verdadeira liberdade é não poder fazer o que bem entender e quiser" me intrigou... É como se ele quisesse usar o Sr. Purple, e usar a "prisão" (tornozeleira, como ele admitiu) como meio de controlá-lo. Mas para fazer o quê? Ah... E ainda tem aquilo que o Érick disse, que ele seria considerado criminoso se eu soubesse o que realmente ele e o Sr. Henrique estavam fazendo como sócios. Isso não cheira bem... Ele praticamente chamou o Ministro Sr. Henrique de criminoso... Mas o fato é que o Sr. Purple é um criminoso e eu como autoridade da lei devo pegá-lo. Preciso pensar sobre os possíveis crimes passados do Sr. Purple e estar atenta aos crimes futuros que podem acontecer... — concluiu Sofia seu pensamento, com um longo suspiro.

Um dia depois...

Richard estava decidido à incriminar Érick no lugar dele. Para isso ele combinou de se encontrar com ele no local abandonado. E lá estavam eles...

— E aí, Purple, precisa de mim pra alguma coisa? — perguntou Érick.

— Sim, acertou. Preciso que você faça uma coisa. — ele respondeu.

— E o que seria?

— Quero que você roube uma joalheria de um shopping. Eu te dou o endereço. É bem simples, você entra lá, rouba o máximo que conseguir e volta aqui para me entregar as coisas. E aí, aceita? — perguntou Richard.

— Sofia disse que tenho que obedecer tudo que ele pedir... — pensou Érick. — Tudo bem, eu aceito. — ele respondeu.

— Ótimo! Ah, você vai roubar a joalheria hoje, domingo, às três horas da tarde. E quero que deixe seu celular aqui comigo. — disse Richard.

— Mas agora são duas e quarenta e cinco da tarde! — disse Érick surpreso.

— Não se preocupe, o shopping é aqui perto, se você sair daqui às cinco pras três horas chegará lá às três horas em ponto. Além, é claro, do shopping estar fechado, então não vai ter ninguém lá dentro para te atrapalhar. Assim que terminar de roubar esteja aqui novamente no máximo até às três e trinta e sete da tarde. — disse Richard calmamente. 

Ele havia planejado tudo anteriormente, e sabia exatamente quanto tempo era necessário para Érick fazer o que ele havia pedido, dessa forma ele não poderia avisar Sofia por celular (pois estava sem ele) e não poderia tentar conseguir outro celular ou ir até Sofia, pois o curto espaço de tempo que tinha para realizar a missão não permitia, e se desobedecesse e voltasse com atraso, Richard perderia sua confiança em Érick, arriscando tudo.

— Não tenho escolha... Se eu não fizer tudo conforme ele pediu, ele pode desconfiar de mim. — pensou Érick preocupado. Ele nem sequer questionou sobre Richard querer ficar com o celular dele, pois já imaginava que era uma forma de prevenção, para caso ele (Érick) conhecesse Sofia, dessa forma não poderia avisá-la sobre o roubo que iria fazer.

— Sei que parece estranho, mas preciso fazer isso para confirmar de uma vez por todas se posso confiar ou não em você. — disse Richard.

Minutos depois...

Érick foi até o shopping roubar a joalheria, usando a máscara e as lentes roxas que havia roubado, pois assim Richard havia dito.

— Agora é com você, Sofia. Vamos ver se você é inteligente mesmo... — pensou Richard, enquanto sorria.

Érick havia chegado ao shopping, que realmente aparentava estar vazio. E começou a andar em direção à joalheria. Ele estava indo calmamente, mas assim que chegou perto da joalheria uma forte luz brilhou em seu rosto, o deixando momentaneamente cego, e em seguida ouviu som de disparos (atiraram em Érick, não com armas de fogo, mas com tranquilizantes).

— Se ele não estiver acordado não pode se teletransportar... Eu disse que eu tinha meus métodos, Sofia... — disse Henrique se aproximando.

— É, posso ver agora. — disse Sofia se aproximando, juntamente com homens que faziam parte da segurança de Henrique.

Um tempo depois:

No local abandonado...

— Já se passou mais de uma hora e o Érick ainda não voltou, e como imagino que ele não tentou avisar Sofia ou não está envolvido com ela, suponho que Sofia fez seu papel e prendeu Érick no meu lugar. — pensava Richard — Isso! Meu plano deu certo! Eu realmente sou um gênio! Deixei pistas e vestígios de que "eu" iria roubar a joalheria naquele shopping hoje às três horas, levando Érick direto pra armadilha! Então significa que Sofia mordeu a isca... Agora estou finalmente livre dessa mulher e toda essa investigação!

Assim pensava Richard...

Purple Sky, o IncidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora