06 - Rústica

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Dominique Montenegro

A semana parece caminhar a passos de tartaruga. Hoje ainda é quarta feira e Fellipe tem me deixado louca. Falta pouco pra ele entrar no banheiro comigo.

- Precisa ficar tanto tempo perto de mim? - Tento não demonstrar minha irritação. Estou fiscalizando a castração dos bezerros que chegaram para a engorda, e ele está no meu pé.

- Se tenho que aprender sobre tudo, quem melhor para seguir se não a capataz da fazenda? - Retruca com um sorrisinho besta. Quero mandar ele a merda, mas me controlo. Notei que ultimamente ele anda muito amigável, para o meu gosto.

- Sei...

- O que acha de almoçar comigo na casa grande?

- Quer que eu te ensine a usar os talheres? - Zombo, ele ri, olho as horas no relógio de pulso que guardo no bolso, são 11:45 da manhã, meu estômago ronca em protesto pela falta de alimento.

- Hoje tem arroz carreteiro e salpicão, soube que são alguns dos seus pratos favoritos. - Insinua.

- Se quer comprar minha simpatia, aumente meu salário. - Verifico o tamanho do corte nos testículos do bezerro.

- Talvez eu aumente, se ganhar ao menos um sorriso durante o almoço.

- Vai ter show de stand up? - Pergunto antes de entregar o relatório assinado ao Beto. Ele é o veterinário responsável pela castração dos bezerros, a seleção das novilhas e o enxertamento das matrizes.

- Engraçadinha. Que tal usar algo que não seja jeans velhos e botas?

- Não sou uma patricinha de Londres.

- Isso é perceptível de longe. - Insiste, me seguindo para fora da mangueira.

- Se eu almoçar com você, vai me deixar livre de ver sua cara, a tarde toda? - Barganho. Preciso de paz, Fellipe pensa por alguns segundos e confirma, derrotado. - Ok. - Caminho em direção ao escritório da fazenda e ele segue pra casa.

Depois de rapidamente lavar as mãos e refazer a trança do meu cabelo, entro na cozinha da casa principal da Ametista. Fellipe e Harry se levantam ao meu ver.

- Que bom que veio almoçar com a gente, Dominique - Harry puxa a cadeira ao seu lado, me sento -, essa casa estava mesmo precisando de uma alma feminina. - Brinca.

- Soube que a Bianca vai vir na semana que vem, ela virá trazer duas éguas prenhas de gêmeos. - Comento.

- Eu não sabia, minha irmã não falou nada comigo. - Fellipe começa a se servir, faço o mesmo, Harry empurra a saladeira pra mim, a ignoro e meu sirvo com arroz, feijão, salpicão, maionese e peixe frito. Eles me encaram por alguns momentos.

- O que foi? Acham mesmo que vou ficar comendo apenas folhas? - Minha pergunta os pega de surpresa e eles riem.

- Nem todas querem ser modelos, Lipe. - Harry se serve e começamos a comer. - Há alguns anos, eu soube que o tio Diogo havia encontrado uma menina na estrada da Paraíso, só não imaginei que fosse você.

- Então. O Sr.Vilela salvou minha vida e me deu uma razão para continuar.

- Se os tios criaram você, vocês não seriam meio que, irmãos? - A pergunta de Harry me faz pensar nisso pela primeira vez. Fellipe ri.

- Besteira, meu pai não adotou a Dom, ele apenas foi o tutor dela. - Rebate Fellipe rapidamente, sinceramente, não entendi a importância do assunto, apenas como enquanto os dois continuam a conversar assuntos aleatórios. Fellipe conta tudo o que vem aprendendo sobre a fazenda e Harry comenta sobre as pessoas "transáveis" da fazenda, que são basicamente todo mundo com menos de 40 anos.

Um Amor De Capataz (Livro 02) DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora